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Tijuca tem samba e trabalho primoroso de fantasias como destaque, mas passa por problemas de evolução

A estreia de Edson Pereira trouxe uma escola com boas soluções estéticas, principalmente nas fantasias, que tinham excelente apuro estético, acabamento impecável, desenvolvimento de detalhes, materiais de qualidade e uma leitura satisfatória. O samba, muito elogiado no pré-carnaval, passou muito melhor que nos ensaios técnicos, com grande domínio de Ito Melodia e um canto excelente da comunidade do Borel. Porém, a escola pecou em evolução, apresentando buracos em mais de um módulo e em vários momentos do desfile. A comissão de frente mostrou excelentes soluções, mas o casal de mestre-sala e porta-bandeira foi irregular em algumas passagens. A Tijuca também exibiu qualidade visual em seus carros alegóricos, alguns imponentes como o Abre-Alas, mas com problemas de acabamento que não devem passar ilesos. Com o enredo “Logun-Edé – Santo Menino Que Velho Respreita”, a Unidos da Tijuca encerrou seu desfile em 77 minutos.

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Comissão de Frente

Comandada pelas estreantes na Tijuca Ariadne Lax (ex-Estácio de Sá) e Bruna Lopes (ex-São Clemente), a comissão “Tudo Começa no Orum” trouxe a origem da saga de Logun-Edé no mundo espiritual dos orixás. Os integrantes iniciaram no chão e utilizaram um cenário impressionante com elementos como um vulcão estilizado e um portal em LED, que alternava imagens do orixá com efeitos visuais. Na cena do mergulho no poço de gel azul, as coreografias sincronizadas e o uso do LED criaram um momento mágico. A coroação de Logun-Edé por Oxalá, com uma coroa em formato de pavão, encerrou a narrativa com simbolismo. As fantasias, de alto padrão visual, complementaram a proposta criativa que cumpriu seu papel de introduzir a história.

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Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Matheus André e Lucinha Nobre representou a conexão entre Orum (mundo espiritual) e Ayê (terra) através de fantasias bipartidas: tons claros acima (Orum) e terrosos abaixo (Ayê), com búzios simbolizando a ligação entre as dimensões. Apesar da qualidade dos materiais e do contraste visual impactante, a coreografia foi conservadora, com momentos de desconexão na primeira apresentação. Lucinha, conhecida por suas bandeiradas vigorosas, pareceu menos energética, e um erro na enrolação da bandeira no quarto módulo pode custar décimos na avaliação.

* LEIA AQUI: Entre o Borel e a Avenida: Logun-Edé na Alma Tijucana

Harmonia

Ito Melodia, apoiado por vozes jovens como Tem-Tem Jr e Toninho Jr, liderou um samba potente e bem executado. Superando críticas anteriores sobre notas graves, o intérprete brilhou com domínio técnico e energia, realçando a qualidade da obra. O único ponto de melhoria seria equilibrar melhor as vozes femininas em certos trechos para contrastar com sua potência. A comunidade do Borel, engajada, elevou o canto coletivo, criando expectativas positivas para a nota do quesito.

Enredo

O enredo “Logun-Edé”, há anos aguardado pela comunidade do Borel, conectou a mitologia do orixá (cujas cores coincidem com as da escola) à identidade local. Edson Pereira dividiu o desfile em seis setores, iniciando no Orum e explorando desde o nascimento mítico do orixá até sua consagração no Borel. A narrativa fluida integrou elementos ancestrais e contemporâneos, como a travessia para o Brasil e a juventude da comunidade, reforçando o vínculo emocional com a agremiação.

* LEIA AQUI: Com Oxum de ponta a ponta, Oyá também traz a força feminina na história de Logun-Edé da Tijuca

O primeiro setor retratou a gestação sagrada e o nascimento mítico de Logun-Edé, no Ayê. Em seguida, a Tijuca mostrou Logun-Edé sendo reverenciado pelo seu povo como Príncipe de Ilexá. Na tradição iorubá, para um ser humano tornar-se orixá, deve ser notável em suas características, linhagem e feitos durante sua trajetória. No terceiro setor vimos o Logun-Edé sendo educado por toda uma aldeia em Ilexá, para exercer sua função de guerreiro, defensor e condutor do povo. Logo depois, Edson Pereira apresentou as batalhas de Logun-Edé em defesa de seu povo durante as guerras entre o Império de Oyó e o Reino do Daomé. O quinto setor fala sobre a travessia encantada dos ijexás em direção ao Brasil, com Logun-Edé renascendo no Novo Mundo. A Tijuca encerrou seu desfile com a atualidade de Logun-Edé na juventude do Borel e a sua consagração na Unidos da Tijuca.

Evolução

O ponto mais frágil do desfile. A escola apresentou espaçamentos frequentes, principalmente entre alas e carros alegóricos. No módulo 1, um buraco significativo surgiu entre a ala dianteira do carro “Meus Afoxés” e a alegoria, que teve dificuldades de locomoção. No módulo 2, o problema persistiu em menor escala, e na cabine 2 houve outro buraco próximo ao carro “Refúgio em Abeokutá”. A falta de compactação e a fluidez irregular, com aceleração no final, comprometeram a avaliação.

Samba-enredo

Com autoria coletiva (incluindo Anitta, Luiz Antonio Simas e outros), o samba destacou-se pelo refrão vigoroso (“Logun-Edé!”) e versos poéticos como “Orixá menino que velho respeita”, sintetizando o enredo. A melodia, com contrastes entre graves e agudos, foi bem executada por Ito Melodia e interagiu com o público, amplificada pela bateria “Pura Cadência” (Mestre Casagrande). O trecho “Oakofaê Odoyá” poderia ter ganhado mais destaque com vozes femininas, mas manteve seu impacto.

Fantasias

Um dos quesitos mais fortes. As baianas, como “Sacerdotisas de Ilexá”, misturaram verde, azul-pavão e amarelo-ouro com maestria. Edson Pereira harmonizou as cores da escola em detalhes sem excessos, usando iluminação para realçar texturas (como efeitos led). As fantasias dos componentes da comissão de frente e do “Exército do Daomé” (passistas) foram elogiadas pelo acabamento e criatividade.

Como nas baianas, em outras fantasias, Edson conseguiu incluir o amarelo ouro e azul da escola em diversas fantasias nos detalhes, não ficando cansativo e mesclando bem com diversos outros tons. A paleta de cores foi um destaque assim como o acabamento. Outro ponto positivo, foi que o carnavalesco também soube aproveitar bem a iluminação do sambodromo com algumas fantasias tendo efeito de ded ou se destacando com cores que brilhavam no escuro. Ótimo conjunto plástico.

Alegorias e adereços

O conjunto alegórico da Unidos da Tijuca era formado por cinco carros e um tripé. Edson apresentou carros grandes, com boas soluções estéticas, bom uso das cores da escola, principalmente nos detalhes, com algumas esculturas que era grandes, mas não necessariamente destacadas nos detalhes. Porém, os adornos dos carros em geral eram muito bem feitos, com maiz riquesa de finalização, ainda que alguns tivessem um ou outro problema de acabamento, muito pelo grande tamanho das esculturas.

O Abre-Alas, com dois módulos, trouxe a poder de Oxum sobre o universo e a gestação sagrada de Logun Edé, fruto do seu desejo por Erinlé. Na primeira parte vem Oxum no centro da alegoria na forma de uma majestosa mulher. Já a segunda parte representou a importância de Erinlé para a manutenção e perpetuação da linhagem e a chegada mítica de Logun-Edé ao Ayê. Um carro imponente e grande como gosta o Edson, com muitos movimentos de esculturas. A segunda parte deslumbrante com muito apuro estético, brilhante e com algumas pitadas na cor da escola, mesmo entregando em sua maioria um tom mais amadeirado. O único ponto negativo foi uma quantidade significativa de poeira no chão da alegoria.

O segundo carro “Sou eu, sou eu” trouxe o o príncipe Logun-Edé, herdeiro de Oxum e Erinlé, consubstanciando à sua própria natureza. O terceiro carro “Refúgio em Abeokutá” falou do centro de chegada dos ijexás, após o encantamento de Logun-Edé na guerra, e de sua partida em travessia encantada em direção ao Brasil. Apesar de bonito, o acabamento no rabo do peixe presente na alegoria não era tão bom.

A quarta alegoria “meus afoxés” mostrou a celebração do axé de Logun-Edé, o mais novo dos orixás, por meio de seus afoxés, candomblés de rua embalados pelo ritmo ijexá, sendo liderado por Oxalá, o mais velho dos orixás. A alegoria também pareceu um pouco mais empoeirada no chão da estrutura. O último carro ” O meu Borel” encerrou o desfile com a alegoria representando o Morro do Borel, onde Logun-Edé, como pavão, sempre esteve zelando pelo vigor da juventude. É neste lugar, berço da Unidos da Tijuca, em que o seu axé é imortal. Foi o carro, talvez, com menor qualidade estética, mas que conseguiu ter um bom efeito dentro da iluminação cênica.

Outros destaques

A bateria “Pura Cadência”, de mestre Casagrande, representou o ” Exército de Ilexá” , liderado por Logun-Edé, que resistiu às investidas de Oyó ao seu território e foi um dos últimos a sucumbir às forças do Daomé. Ótimas bossas afros sem precisar de instrumentos diferentes dos corriqueiros da bateria. Os passistas da Unidos da Tijuca vieram com a fantasia “Exército do Daomé” com o Reino de Daomé sendo referenciado com a serpentes ao redor do chapéu do componente, tudo nas cores da Tijuca. Muito bonita.No esquenta Ito cantou o ótimo samba de exaltação “O dia vai chegar” , o “É segredo” e o ótimo” “Obatalá”. Apesar das problemas em evolução, a ala coreografada “Jovens com os passos ligeiros como os da lebre” fizeram passinhos muito legais e tinham carisma.

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