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São Clemente conta com bom desfile da Fiel Bateria e do carro de som, mas deixa a desejar na parte plástica

Escola passa bem em evolução, mas samba não tem bom rendimento e canto da comunidade é irregular

Visando trazer uma mensagem de manifesto em defesa dos direitos dos animais, a São Clemente pisou na Sapucaí, já depois das três da manhã com um desfile que pecou muito na parte plástica, seja na concepção ou realização, com falha de acabamento nos carros inclusive, e fantasias com pouco apuro estético. Na parte de harmonia, o jurado terá trabalho na decisão da nota, visto que o canto da comunidade foi irregular com algumas alas cantando e outras menos, mas, na parte do carro de som, houve destaque, Tinguinha conseguiu levantar e tirar aquilo que foi possível de um samba que não foi dos mais aclamados pelo público e sem algum momento de explosão. A evolução da escola da Zona Sul foi correta, mas comissão de frente e casal, apesar de não apresentarem erros graves, não empolgaram. No fim, um alento foi o bom rendimento da “Fiel Bateria” de mestre Marfim. Com o enredo “A São Clemente dá voz a quem não tem”, a São Clemente encerrou seu desfile com 53 minutos.

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Comissão de Frente

Comandada por David Lima, estreante na São Clemente, a comissão de frente trouxe uma trupe de cachorros e gatos marginalizados, que interceptam uma figura branca que segura um misterioso saco, parecido com aqueles de lixo. Essa figura, duela com os animais e, no momento da apresentação para o júri, sobe no elemento cenográfico que traz uma casinha simples aparentemente de comunidade com laje, pequeno comércio, latão de lixo, luzes em fio, roupas no varal, etc. Quando o elemento vira para o júri, os bichos conseguem pegar o saco, dormem, e no final da apresentação que acontece com a iluminação da Sapucaí reduzida, São Francisco de Assis aparece no alto abençoando e no elemento surge uma criança dançado junto com os outros bichos.

LEIA AQUI: Amor e respeito aos animais: a São Clemente traz uma mensagem de conscientização para a Marquês de Sapucaí

Em uma parte da coreografia, a figura inicial aparece aprisionada em um canil. Apesar de um figurino “fofo” para os bichos, de algumas piruetas e movimentos mais cômicos, a comissão deixou quem está assistindo com algumas perguntas que não são respondidas na apresentação. Quem é essa figura com o saco? O que tem neste misterioso saco que faz com que a pessoa o proteja tanto. Quem é o menino que surge para dançar com os animais? A ideia de falar sobre a defesa dos animais e os maus-tratos não aparece clara, e o clímax com São Francisco de Assis acontece com pouca iluminação no local em que o santo aparece, não sendo notado por algumas pessoas.

LEIA AQUI: Ala das Baianas da São Clemente homenageia cachorros caramelos

Mestre-sala e Porta-bandeira

Alex Marcelino e Thais Romi, chegaram na São Clemente para o carnaval 2025 e vestiram a fantasia Nobre Felinos, representando a elegância e imponência dos gatos. O figurino era realmente muito bonito, mesclando a predominância do dourado com a plumagem em laranja cítrico e a utilização de pedras preciosas, além da maquiagem de muita qualidade que deu o tom das figuras representadas. Já o bailado da dupla, ainda que apresentasse os diversos passos característicos de um casal de mestre-sala e porta-bandeira poderia ter empreendido um pouco mais de intensidade nos giros dela e no riscado dele. A parte de mesuras e o cortejo foi realizado de forma satisfatória, mas em alguns passos faltou mais consonância da dupla, em alguns momentos o passo de um não se relacionava tão bem com o outro, quando por exemplo Alex riscava o chão voltado para o júri enquanto a porta-bandeira realizava alguns giros mais distantes. O ponto positivo foi que não se percebeu nenhuma falha grave que pudesse gerar despontuação obrigatória.

Harmonia

A Harmonia da São Clemente pode ser dividida em dois aspectos. Estreante na São Clemente, após boa passagem pela Em Cima da Hora, Rafael Tinguinha e seu carro de som conseguiram tirar o máximo que o samba poderia lhes entregar. Jogando sempre para cima uma obra que não tinha um grande momento de explosão ou maior empolgação, e que também não se destacava por uma linha melódica muito desenvolvida. Mas, ainda assim conseguiu algum rendimento na pista visto todo o trabalho de Tinguinha e de suas vozes de apoio, que fizeram uma interpretação correta e técnica da obra. Já em relação ao componente clementiano, o canto não teve a regularidade esperada. Em um começo de desfile com maior empolgação se percebeu mais canto da comunidade, mas ao longo do desfile esse ímpeto foi se perdendo e algumas alas cantava mais que as outras. Em algumas era perceptível ver diversos componentes só passando sem cantar a obra.

Enredo

A proposta do carnavalesco Mauro Leite visou fazer um manifesto pelo direito dos animais através de uma mensagem de defesa e de amor, em especial, focando nos companheiros do homem do dia a dia, os animais domésticos. Mas, em diversos momentos se limitou a trazer algumas imagens dos cães vira-latas e trazendo o São Francisco de diversas formas. O enredo também acabou mostrando limitação imagética, com algumas fantasias faltando leitura. Dividido em três setores, a Amarela e Preta da Zona Sul, trouxe, em um primeiro momento, o “Lar da felicidade”, nesta, o carnavalesco tinha a proposta de retratar a nossa própria casa, onde os animais encontram um espaço cativo nos corações generosos de suas famílias humanas.

Mas nessa parte o enfoque maior foi já na figura de São Francisco e do famoso e destaque do momento o “vira-latas caramelo”. Já no segundo setor, “Pelas ruas a vagar”, a mensagem da São Clemente assumiu um tom mais grave ao expor práticas que trazem sofrimento aos animais. O encarceramento cruel, as agressões, o envenenamento, o abandono na rua e até tatuagens para satisfação de alguns sádicos. Os tons escuros das fantasias demonstraram esse momento de maior tensão, mas ainda faltou um pouco mais de leitura, por exemplo, na ala fome e animais tatuados. Na parte final do desfile, a escola apresentou em “Cuidar e Proteger” a possibilidade de um futuro brilhante de esperança e transformação.

Evolução

A evolução da São Clemente foi um ponto em que não se encontrou grandes problemas. Ainda que não tenha passado de forma empolgante com os componentes pulando ou com uma alegria que foi vista por exemplo em outras agremiações, até pelo rendimento do samba, a São Clemente se movimentou pela pista com fluidez, não apresentando falhas de buraco ou alas emboladas, e fez bem suas paradas para apresentações de comissão de frente e casal de mestre-sala e porta-bandeira, além da entrada e saídas da bateria dos recuos. O final do desfile, mesmo com o tempo já avançado, a escola passou bem no último módulo com a bateria podendo se apresentar para o júri, sem grandes riscos com a cronometragem.

Samba-enredo

A obra de 2025 da São Clemente teve como autores Lucas Thyerry, Gabrielzinho Poeta, Gabriel Ribeiro, Leonardo Bessa, Alexandre Araújo, Henrique Figueira, Rodrigo Telles, Edu da Cuíca, Rodrigo Gauz, João Pedro Figueira, Patrick Soares, Duda SG, Rod Torres e Paulo Beckham e na verdade foi a junção de dois sambas que participaram da disputa da agremiação para o carnaval 2025. A obra tem um caráter diferente do DNA de sambas que a São Clemente gosta de levar para a Sapucaí, não tendo muito daquele tom mais escrachado e irreverente da escola da Zona Sul.

Ao contrário, talvez, pelo formato que o enredo seguiu, buscou um caminho mais terno, mais aconchegante, afável, amistoso. Desta forma, ainda sem buscar esse caminho irreverente, também não foi uma obra valente, para frente. Era focada mais na melodia, de caráter mais melodioso. Neste sentido, destaque para a segunda do samba, “Pelas ruas a vagar, um cão sem dono, anjo sem asas a procurar”, o refrão de baixo era simpático com o “São Clemente vai na raça, o povo te adotou”, ainda que não tenha uma grande riqueza poética na letra. A Fiel Bateria e o carro de som da escola foram importantes para levantar um pouco mais a obra, mas, ainda assim, deve deixar pelo caminho alguns décimos

Fantasias

O conjunto de fantasias desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Leita pecou tanto na parte de concepção como na realização. Faltou apuro estético e as soluções para retratar algumas situações do enredo não foram as melhores. A utilização de cabeças muito grandes e desproporcionais em relação ao desenvolvimento plástico deixou a desejar. Na alas “Fiel companheiro”, “Vira-latas”, “ abandono”, a cabeça mesmo sem tanto apuro estético era desenvolvida no sentido carnavalizado enquanto o restante do corpo era pouco desenvolvida. O destaque estético deste conjunto esteve presente na bonita fantasia das baianas “amor de caramelo” que fez homenagem ao mais típico dos vira-latas, o famoso caramelo. Além desta no início da escola, a parte final do enredo trouxe uma plástica melhor como nas alas “onde houver ódio que eu leve o amor” e “ um lar para chamar de Deus”. Conjunto de fantasias pouco destacado.

Alegorias e adereços

Os carros também pecaram na parte estética, tanto na concepção quanto na realização e ainda sofreram com as falhas de acabamento. O Abre-alas da São Clemente ” As bênçãos de São Francisco” trouxe o lar acolhedor onde os animais encontram proteção e cuidado em uma alegoria com a escultura grande do santo protetor dos animais. A alegoria, tinha as esculturas na parte superior e apresentou falhas de acabamento principalmente nessas figuras como no ombro do santo retratado no enredo.

Já a segunda alegoria “O circo dos horrores”, a São Clemente mostrou os maus tratos, o aprisionamento, e a falta de cuidados com a saúde animal, alegoricamente, através do arquétipo da lona de circo e um cachorro raivoso na frente. O cachorro não apresentava apuro estético e na parte superior havia ferro aparecendo na estrutura do meio. A última alegoria da escola, “O Povo te adotou”, trouxe a adoção responsável dos animais abandonados retratada com uma colorida festa sendo puxada por um carrinho que fez alusão aos veículos que transportam filhotes para seus novos lares, neste com a presença de componentes da velha guarda. Ainda que fosse o carro mais bonito da escola, tinha um acabamento bem problemático na parte superior, além da falta de proporcionalidade entre a escultura de um gato e o restando do elemento alegórico.

Outros destaques

A “Fiel Bateria”, de mestre Marfim, veio de “São Francisco”, frade católico conhecido por seu amor e respeito por todas as criaturas de Deus. A rainha Raphaela Gomes veio de “A paz”, como a imagem pacífica e angelical que acompanha São Francisco, com uma roupa cheia de brilhantes e com o esplendor em forma de asas. No esquenta, Tinguinha relembrou o carnaval da escola de 2015 com o samba bastante marcante para agremiação de homenagem a Fernando Pamplona. E antes de começar, Tinguinha declamou a oração de São Francisco Assis. A ala das passistas foi um destaque com a fantasia “gatos de rua”, mostrando charme, entrando no personagem e sambando bastante. O presidente Renatinho, como de costume, veio próximo a bateria.

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