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O Reizinho de Madureira e a Velha Guarda no abre-alas: uma celebração ao samba raiz

Homônimo ao primeiro setor, o abre-alas da Império Serrano, chamado “O que espanta miséria é Carnaval!”, trouxe a tradicional coroa imperiana e representou um convite ao público para relembrar as grandes festas populares que originaram o carnaval.

Tendo como base o enredo “Bum Bum Paticumbum Prugurundum”, desenvolvido pelas carnavalescas Rosa Magalhães e Lícia Lacerda, a alegoria é um lembrete da origem popular do carnaval carioca, acessível, extremamente tradicional e democrático. O samba de 1982, composto por Beto Sem Braço e Aluísio Machado, tem na escultura uma homenagem à trajetória de Beto, que encontrou no Império a sua consagração, reafirmando a folia como palco de celebração e memória.

Os componentes do carro foram a Velha Guarda, que veio no abre-alas e compartilhou suas percepções sobre o carro e a identidade de resistência da escola de Madureira.

“Desfilo no Império há mais de 30 anos, mas é a primeira vez no abre-alas e estou me sentindo muito feliz porque a gente está homenageando uma pessoa que personifica a nossa escola, que tem muita tradição. Foi o compositor que fez o samba que deu o último título para a nossa escola. O Beto Sem Braço é uma estrela para nós. Assim como o Arlindo Cruz e o Aluísio Machado. Então, foi justo fazer essa homenagem para ele. Assim como esse carro que fala do samba de 1982, que contava o que ia acontecer com o carnaval, porque é o que a gente já está vendo aí. O Império entra na avenida agora com o carnaval que pegou fogo, passou por várias dificuldades e ainda resiste. Passamos por tantas coisas, não estamos no nosso grupo, porque o nosso grupo, na verdade, tinha que ser o Grupo Especial, e a gente não está. Sendo que o Império ajudou a fundar o carnaval que temos hoje, assim como revolucionou o carnaval do Rio de Janeiro”, disse a técnica administrativa Nádia Margoso, de 66 anos.

O carro apresentou elementos marcantes do desfile histórico, com predominância do branco e metais, evocando a estética daquele carnaval. A coroa imperial em ouro simboliza a tradição, enquanto as rosas prestam uma homenagem à carnavalesca Rosa Magalhães.

“Eu estou muito feliz que a Velha Guarda vai estar toda junta no abre-alas da escola. E é um carro que vem falando sobre o enredo do Bum Bum Paticumbum Prugurundum, que foi da autoria do Beto Sem Braço, que é um enredo que fala sobre os carnavais populares e não essas coisas grandes, gigantes, que a gente vê hoje. O Império sempre fez carnavais populares e agora está passando por esse momento difícil. Entramos na avenida para celebrar, mas entramos com a dor por conta do incêndio, não só por tudo que perdemos de danos materiais, mas pelas pessoas que passaram por aquele sufoco, inclusive o óbito, e isso é muito sério e muito triste para todos nós. E a escola estava pronta para brigar pelo primeiro lugar, que é o sonho de todo mundo que está na Série Ouro, ainda mais o Império. Nosso Império é raiz, nosso Império é de luta, nosso Império sempre vem bonito, não entendo por que nós ainda não estamos com as grandes. É triste entrar na avenida sabendo que vamos permanecer na Série Ouro, mas a gente resiste”, declarou Denise Rocha, professora de 69 anos, que há 40 anos desfila pelo Reizinho de Madureira.

Mais do que uma homenagem, a alegoria reafirma o carnaval como resposta vibrante às adversidades da vida. Ao destacar a Velha Guarda do Império Serrano, o carro enaltece a história e a resistência do samba. Assim, a abertura do carnaval do Império em 2025 se torna um convite à celebração coletiva, onde o povo, unido em um só canto, reafirma sua alegria e identidade através da festa.

Em se tratando de raiz imperiana, a componente da Velha Guarda, Pedrina Rocha, viu a escola nascer. Aos 94 anos, ela, que conheceu Beto Sem Braço, afirma que o Império Serrano tem a resistência popular em seu DNA.

“Eu nasci com o Império Serrano, conheci todo mundo dessa escola. Vivemos o carnaval de 1982 e sinto muito por ver carnavais onde o povo não participa, escolas que passam cheias de gente famosa, só gente que paga, e as escolas de raiz estão ficando para trás. Mas a gente já está acostumado. Descemos, vamos lutar para subir. E, por causa daquele acidente, nós nem vamos subir, nem vamos descer este ano. Então, ano que vem, nós continuaremos embaixo. De volta e sempre na luta”, disse a veterana.

O abre-alas do Império Serrano em 2025 foi um manifesto de resistência e tradição. Mesmo diante das dificuldades, a escola mostra que sua essência popular continua viva, reafirmando o carnaval como espaço de memória e celebração.

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