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Noites cariocas: Vigário apresenta manifestações culturais exaltadas pelo cronista Vagalume em seu abre-alas

A Vigário Geral foi a sexta escola a se apresentar no segundo dia de desfiles da Série Ouro e trouxe, em seu abre-alas, as noites cariocas descritas pelo cronista Francisco Guimarães, na virada do século XIX para o XX, em sua coluna Ecos Noturnos. A alegoria retratou cenas culturais negras e periféricas de um Rio de Janeiro distante, revisitado pela agremiação da Zona Norte. Da antiga boemia carioca ao Circo dos Cavalinhos, o carro alegórico mostrou que o cenário cultural da Belle Époque era muito mais do que os bailes do Theatro Municipal.

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Em entrevista ao CARNAVALESCO, Caio Cidrine, carnavalesco da agremiação, falou sobre a noite carioca negra e suburbana retratada pela alegoria na Marquês de Sapucaí.

“Juntamos alguns signos e símbolos para representar o trabalho de Vagalume sobre a noite. A Velha Guarda vem representando a boemia, as composições vêm como damas do cabaré e simulamos a chegada de um cirquinho popular com a carruagem árabe e uma lua bem grande no alto”, explicou.

O carnavalesco relembrou que Vagalume, em sua coluna Ecos Noturnos, exaltava gêneros musicais como o samba e o rancho, além de artistas como Benjamin de Oliveira e Duda Neves, indo na contramão de uma época em que os sambistas, por exemplo, eram criminalizados pelo Estado brasileiro.”Se hoje a gente está falando de Carnaval, talvez seja porque lá atrás ele teve a coragem de falar das práticas dançantes e culturais negras no jornal”, declarou Cidrine.

A alegoria trouxe, nos detalhes da composição cenográfica, exemplares dos jornais onde foram publicadas as crônicas de Vagalume, destacando sua originalidade e orgulho pelas noites cariocas. “Ao mesmo tempo que, na capa do jornal, saía uma manchete acusando sambistas de invasão, estava lá na coluna dele, no mesmo jornal, a noite carioca que ele cobria”, disse.

Caio afirma que a escolha do enredo, proposto em parceria com Alex Carvalho, também carnavalesco da agremiação, se alinha com o orgulho suburbano da Acadêmicos de Vigário Geral. “A gente queria um enredo que tocasse no orgulho suburbano da escola. A Vigário é uma escola que se orgulha de ser suburbana, de ser favela”, afirmou, lembrando que o último bairro do Rio, que faz divisa com Caxias, está frequentemente nas páginas dos jornais devido à violência urbana.

Para o ator Caio Barbosa, de 23 anos, responsável pelo elenco que veio à frente da alegoria representando a arte de Benjamin de Oliveira, falar de Vagalume na avenida é dar protagonismo à história e ao legado de pessoas pretas. “Queremos contar as histórias de pessoas pretas que são apagadas, porque as pessoas não falam de Vagalume, não falam de Benjamin. É importante unir esses personagens para colocar o protagonismo preto de volta ao palco”, afirmou.

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