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Unidos da Ponte se destaca na Sapucaí com abre-alas imponente

No primeiro dia de desfiles da Série Ouro do Carnaval 2025, a Unidos da Ponte entrou na Marquês de Sapucaí com um abre-alas majestoso, representando a primeira parte do enredo “Antropoceno”, que aborda os impactos da ação humana no meio ambiente. O CARNAVALESCO conversou com os carnavalescos Rodrigo Marques e Guilherme Diniz na avenida, que explicaram o conceito por trás do destaque.

“A principal mensagem que queremos passar com essa alegoria é fazer uma conexão entre o município de São João de Meriti e o território de Abya Yala, nome pelo qual os povos originários hoje identificam sua terra, que por muito tempo foi conhecida como Pindorama. Nosso desafio é traduzir isso de forma mais acessível para quem não tem proximidade com o tema. Precisamos resgatar que São João de Meriti é uma terra indígena que perdeu sua essência, tornando-se um território isolado, com muitos problemas ambientais e dificuldades causadas pela depredação humana”, explica Rodrigo.

“Nossa ideia era exatamente soltar um grito de resistência e mostrar que São João de Meriti sofre com o Antropoceno, e que essa comunidade merece viver dias melhores”, complementa Guilherme.

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A figura indígena representada na escultura do carro é Sumé Karai, entidade que viveu entre os indígenas antes da chegada dos portugueses e transmitiu uma série de conhecimentos, como técnicas de agricultura, uso do fogo e organização cultural.

“Precisamos buscar alguns arquétipos universais para simbolizar questões relacionadas ao cuidado com a terra, os seres vivos e a natureza. Escolhemos o arquétipo de Sumé Karai para representar como seria o território indígena do Brasil antes da exploração pelo homem branco. Trazemos essa representatividade em uma estrutura que, ao mesmo tempo, busca resgatar as tradições do nosso carnaval”, comenta Rodrigo.

A dupla se preocupou em representar o equilíbrio ancestral entre os humanos e a natureza na escolha dos materiais para a construção da alegoria.

“Originalmente, queríamos fazer um carro totalmente biodegradável, mas isso tem um custo muito alto, que não conseguimos viabilizar. Dentro das nossas possibilidades, não utilizamos plumas de penas animais e tentamos criar uma floresta com uma base de cores em degradê. Começamos com o Rio Pavuna e o Rio Meriti, então precisávamos do azul, que também é a cor da escola, além do verde. São elementos sutis que conseguimos abraçar”, diz Marques.

“Acreditamos que a fauna, a flora e os humanos devem viver em harmonia. Por isso, usamos materiais sintéticos reutilizáveis, evitando desperdícios. Para reforçar essa harmonia, utilizamos cores naturais, que traduzem a idealização da exuberância dessa terra inexplorada”, acrescenta Diniz.

Rodrigo destaca que a concepção do enredo teve forte base histórica.

“Quando dizemos que o futuro é ancestral, frase que intitula uma obra de Ailton Krenak, autor indígena que usamos como referência na pesquisa do enredo, estamos tentando resgatar essa essência. Essa questão não é exatamente um purismo, mas uma forma de encarar a natureza de maneira não depredatória, como parte do ser humano”, ressalta.

Apesar de a Azul e Branca ter desfilado sem concorrer ao título, por ser uma das escolas mais afetadas pelo incêndio na Maximus Confecções, em Ramos, onde perdeu uma parte significativa de suas fantasias, isso não diminuiu sua dedicação na avenida.

“Para a gente, é uma emoção muito grande defender essa agremiação. Já fizemos enredos de diversas temáticas, como afro, católica e agora indígena. Ver essa galera feliz aqui hoje, mesmo depois de tudo que aconteceu, que a gente sabe que foi muito triste, não tem palavras. É muito especial”, diz Rodrigo, emocionado.

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