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Série Barracões SP: Colorado do Brás levará a história do Afoxé Filhos de Gandhy do Cais de Iemanjá para o Anhembi

Em seu retorno ao Grupo Especial, escola aposta no maior afoxé do Brasil contando sua origem e inspiração no ativista indiano Mahatma Gandhi

O maior afoxé do mundo passará pelo Sambódromo do Anhembi na homenagem da Colorado do Brás através do enredo “Afoxé Filhos de Gandhy no ritmo da fé”, assinado pelo carnavalesco David Eslavick. Retornando ao Grupo Especial no ano em que completa seu cinquentenário, a Vermelho e Branco aposta na tradição da folia baiana para mostrar que a elite do carnaval paulistano é seu lugar por direito.

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Identificação como símbolo de resistência cultural

O processo de desenvolvimento do enredo já estava em andamento quando David Eslavick chegou na Colorado do Brás. É seu primeiro trabalho assinando um desfile como carnavalesco, já com a responsabilidade de abrir as apresentações do Grupo Especial de São Paulo. O artista falou sobre a motivação que inspirou a escola a homenagear os Filhos de Gandhy, ressaltando a identificação de paralelos entre os exemplos de resistência do afoxé e da Colorado.

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“Falar sobre o Afoxé Filhos de Gandhy acho que tem tudo a ver com a cara da Colorado do Brás. É uma escola que resiste, é uma escola feliz, alegre e o povo baiano é isso. O povo baiano e os Filhos de Gandhy foram resistência, eles passaram por muitos altos e baixos, voltaram, retornaram novamente, ficaram dois anos fora e voltaram novamente através de alguns rituais, entre outras situações, é bem a cara da Colorado isso. A Colorado é uma escola que batalha muito, tem diversas dificuldades, mas não perde o sorriso. Eu acredito que por conta desses adjetivos, dessas situações, que eles escolheram fazer o enredo sobre os Filhos de Gandhy”, declarou.

David explicou como foi a sua contribuição para a conclusão do projeto da Colorado, visando garantir o melhor resultado possível para avançar para as próximas etapas e valorizando o trabalho do enredista, que também faz parte da direção de carnaval da escola.

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“Nós temos um enredista, que é o Tiago Morganti, então a pesquisa do enredo já estava bem mais que detalhada. Eu só fui só acrescentando algumas coisas, tirando outras que eu não achava tão necessárias e buscando um pouco mais de informação para que possa ser um pouco mais verdadeiro e uma coisa mais a cara do que estávamos falando. Eu mais acrescentei situações do que realmente fiz o processo de pesquisa”, afirmou.

Fundação dos Filhos de Gandhy e o encantamento com o projeto

O carnavalesco contou brevemente a história do Afoxé Filhos de Gandhy, de modo a favorecer a contextualização da proposta do enredo da escola, explicando a formação original puramente como um bloco carnavalesco e a inspiração para a conversão em um afoxé.

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“Os Filhos de Gandhy é um afoxé que formado por um grupo de estivadores próximo ao cais do porto de Salvador. Antes, eles eram chamados de Bloco do Comendo Coentro, que foi a primeira formação, e logo depois veio a formação do Afoxé Filhos de Gandhy. Essa mudança veio por conta de uma crise financeira, o bloco resolveu sair vestido de branco, uma ideia de Vavá Madeira, para que pudessem fazer uma homenagem a Mahatma Gandhi, que na época tinha sido assassinado. Eles resolveram vir com lençóis, toalhas, para que representassem a paz, a não violência, que era o que Mahatma Gandhi pregava naquela época, e até hoje os Filhos de Gandhy seguem assim. Antes era só ‘Filhos de Gandhy’, e agora se chamam Afoxé Filhos de Gandhy. Foi mais à frente que eles ganharam o título de maior afoxé do Brasil, mas eles se inspiraram nesse ativista da não violência que foi Mahatma Gandhi para propagar a paz mediante os desfiles deles. As cores do bloco foram escolhidas pelos pais de santo, que são o branco de Oxalá e o azul de Ogum, e essa junção da matriz africana com os Filhos de Gandhy foi o motivo de escolherem os Ogans para que fizessem a bateria do bloco na época. Eles foram convidados e, nisso, foram se formando os Filhos de Gandhy. Por isso tem essa relação com a matriz africana, que é de onde eles tiraram mais essa expressão, por conta dos cantos de Ijexá. Fizeram essa mistura toda e surgiu esse lindo Afoxé Filhos de Gandhy”, explicou.

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Para David, o conjunto do projeto desenvolvido pela Colorado o conquistou, celebrando o fato de a comunidade da escola ter abraçado a ideia de homenagear os Filhos de Gandhy.

“O interessante de tudo é que eu me encantei por um todo do enredo, por eu estar fazendo o carnaval e estar com muita vontade de fazer o carnaval. A minha mente funciona de uma forma muito rápida, estou pensando naquilo ali, daquilo ali, já estou nesse aqui, vem mil coisas na minha cabeça. Poder fazer o carnaval todo e a minha cara, a minha mente vai a mil. Não tem nada em especial que eu possa falar: ‘isso aqui é legal, vou nisso’. Não, eu vou o carnaval como um todo, está muito gostoso fazer e a Colorado está abraçando a ideia, está abraçando a causa, está me dando liberdade. Eu acho que tem tudo para dar certo”, afirmou.

Colorado do Brás na Avenida: Da Índia ao Carnaval de Gandhy

A Colorado do Brás dividirá o desfile em quatro setores, onde nos quais abrirão com uma referência à Índia do ativista Mahatma Gandhi, que inspirou a conversão de um bloco de carnaval em afoxé. A escola mostrará o local onde os Filhos de Gandhy foram fundados, além das referências que artistas brasileiros fizeram à agremiação ao longo da história e encerrando com uma celebração ao estilo do afoxé de brincar o carnaval de Salvador. David Eslavick explicou como essa distribuição ocorrerá na Avenida.

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“Vamos abrir com a Índia de Gandhi, com tudo relacionado à formação dos Filhos de Gandhy e a relação que eles têm com a Índia e com Mahatma Gandhi. Nosso primeiro setor é o setor indiano. Em seguida, nós já entramos no setor da Bahia, que é a história do Cais do Porto de Iemanjá, onde os Filhos de Gandhy foram fundados. Logo depois já vem as exaltações, que são os artistas que contribuíram e exaltaram o Afoxé Filhos de Gandhy em canções. Esse próximo setor já vai para a parte religiosa mesmo, da matriz africana. Logo atrás, nós fechamos com o Carnaval de Gandhy, daquele festejo todo, é por isso que tem o Pelourinho. O Pelourinho nós resolvemos colocar já daí para trás do Carnaval de Gandhy, que é a finalização do nosso enredo, em que nós achamos que se adequa mais. Eu acho que para fechar o enredo sobre os Filhos de Gandhy, nada melhor que fechar com o Carnaval de Gandhy, que é a festa em que eles vêm trazendo a mensagem que eles vêm passando”, detalhou.

A intenção da Colorado do Brás é fazer como os Filhos de Gandhy propuseram à época de sua conversão e propagar a paz através da alegria proporcionada pelo povo baiano, ajustada devidamente às características de um desfile de escola de samba.

“Através do enredo, vamos propagar a paz. A Colorado do Brás trará a alegria e a folia do povo baiano. Nós temos muita afinidade com os Filhos de Gandhy devido às dificuldades e resistências que todos eles enfrentaram. A Colorado também passa por situações semelhantes, mas não perde a alegria, não perde a folia, não perde o sorriso no olhar, o sorriso no rosto e aquele olhar de felicidade e alegria. A mensagem que vamos passar é a propagação da paz e a alegria do povo baiano, e essa é também a alegria da Colorado do Brás. A escolha do enredo se encaixou perfeitamente na escola, que se identificou muito com ele. Tanto que o Gilson Ney, que nunca desfilou em nenhuma escola que abordasse o Afoxé Filhos de Gandhy, vai desfilar na nossa. Ele se apaixonou pela escola porque a Colorado é realmente apaixonante. Essas dificuldades da Colorado e com tudo o que os Filhos de Gandhy passaram, acredito que foi o casamento perfeito para realizarmos um bom trabalho na Avenida”, afirmou David.

Questionado sobre o trunfo da Colorado do Brás para realizar uma grande abertura dos desfiles do Grupo Especial, o carnavalesco aposta na força do impacto que o projeto desenvolvido pela escola causará. David acredita que causar uma boa impressão será fundamental para manter a Vermelho e Branco viva na mente do público e dos jurados mesmo após as apresentações das demais agremiações.

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“Para garantir o resultado esperado, conto com a escola como um todo. Estou trabalhando muito para pontuar situações durante o meu desfile porque acredito que, ao abrir o carnaval na sexta-feira, tenho a obrigação de marcar o dia. Caso contrário, virão inúmeras escolas e o meu desfile será apenas mais um. Por isso preciso marcar o dia para que, no futuro, as pessoas digam: ‘ah, você lembra o que eles fizeram? Você viu o que a Colorado fez?’. Eu venho trabalhando e pontuando situações no meio do desfile para alcançar essa ascensão e garantir que minha escola passe pela Avenida e marque aquela sexta-feira. Pelo menos naquele dia, as pessoas vão lembrar da Colorado. Estamos fazendo um trabalho árduo, trabalhando muito. A Colorado não tem dinheiro, mas temos muita força de vontade. É uma escola que vai entrar com tudo na Avenida, vai rasgar aquele Anhembi ao máximo. Vamos mostrar que estamos ali, merecemos estar onde estamos hoje. Não deveríamos nem ter caído, mas acredito que, com esse desfile, para minha escola será um dos carnavais da vida deles. Eu acredito que o meu carnaval, como um todo, e essas pontuações, como um carro com uma surpresa, uma ala com uma movimentação legal. Temos outro carro também, com uma situação que vou apresentar e trabalhar nisso. Acho que vai ser legal, vai chamar a atenção dos jurados e do público. O nosso carnaval está de fácil leitura e acredito que, ao olhar, qualquer pessoa consegue identificar o que é. Acho que a obrigação de qualquer carnavalesco é ter fantasias e alegorias de fácil leitura para qualquer leigo que esteja assistindo, para que compreenda o que está sendo transmitido, mesmo que não conheça, porque o carnaval é cultura, a pessoa consegue aprender. Portanto, devemos fazer alegorias e fantasias que sejam facilmente identificáveis e que transmitam claramente a mensagem que queremos passar”, concluiu.

Mensagem do carnavalesco David Eslavick para a comunidade da Colorado do Brás

“Para a comunidade do Brás, da minha escola, eu acho que só tenho que pedir que todos cantem em uma só voz, todos brinquem em um só corpo e todos se divirtam em uma só pessoa. Eu acho que é o nosso momento, é a nossa hora, é a nossa história. Acho que juntos somos mais fortes, então peço a todos vocês, que na verdade são a cereja do bolo, que façam o melhor que puderem na Avenida”.

Ficha técnica
Enredo: “Afoxé Filhos de Gandhy no ritmo da fé”
Alegorias: 4 carros
Componentes: 1700
Alas: 15
Diretor de barracão: Rodrigão
Diretor de ateliê: Karyn Fernandez
Escultor: Eliandro

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