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Série Barracões SP: Buscando voos maiores, Gaviões da Fiel mostrará o primeiro enredo afro de sua história

Viajando com Orunmilá, os alvinegros apostam nas máscaras africanas para buscar a sonhada quinta estrela

Em 2025 os Gaviões querem voar mais alto. No Carnaval 2024, a escola alvinegra conseguiu alcançar o Desfile das Campeãs após ficarem 12 anos de fora das cinco primeiras posições da tabela. Para isso, a ‘Torcida que Samba’ decidiu inovar e irá realizar algo inédito no seu próximo desfile: Mostrar ao público o seu primeiro enredo afro da história. Tendo um dos melhores sambas do carnaval paulistano, a agremiação do Bom Retiro começou com o pé direito para realizar tal feito. No YouTube, por exemplo, com o projeto do audiovisual da Liga-SP, tem o clipe mais visto, já ultrapassando as 180 mil visualizações. O barracão promete, e é isso que explicou os carnavalescos Júlio Poloni e Rayner Pereira. A dupla recebeu a equipe do CARNAVALESCO, falou sobre o enredo e mostrou o projeto do Carnaval 2025.

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Sendo a quarta escola a desfilar no sábado de carnaval, os Gaviões da Fiel tem como enredo: “Irin Ajó Emi Ojisé – A Viagem do Espírito Mensageiro”.

Explicação do tema

A escola não irá para a pista com um desfile setorizado, mas Júlio Poloni explicou toda a viagem de Orunmilá pelo continente africano e encontro com as divindades. “Essa viagem, na verdade o nosso enredo, o tema central, são as máscaras africanas. E a gente aproveitou que essas máscaras têm muitos simbolismos, muitos significados, para explorar toda essa riqueza de argumentação que essas máscaras trazem. Qual o espírito mensageiro? A gente criou uma história em que o Orunmilá, que na religião do candomblé africano, é uma divindade que é detentora da sabedoria, das profecias, das mensagens. A gente utilizou Orunmilá como ele vindo para a terra com o objetivo de fazer uma caminhada pelo continente africano. Se a gente conhece Orunmilá falando por meio do jogo de Ifá, aqui ele vai falar por meio das máscaras. Ele vai parando de povoado em povoado e concedendo uma máscara. Ele cria essa máscara e concede a um determinado povo para levar um ensinamento. Em alguns momentos dessa história, Orunmilá se encontra com outras divindades: Nanã, no pântano em que ela habita, com Xangô, no palácio do governo do reino de Oyó, se encontra com Exu Aluvaiá em Luanda, capital de Angola, e se encontra, por fim, com Ewá. Quando ele se encontra com Ewá, vê nela toda a beleza e riqueza de caráter e diz que nela estão sintetizadas todas as mensagens que ele passou ao longo dessa caminhada”, explicou.

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Rayner contou que o tipo do tema foi um pedido da escola, além de buscar realizar de uma forma jamais vista no carnaval do Brasil. “É um enredo que era um pedido da escola. Por ser um enredo afro e por ser o primeiro da escola, a gente precisava que fosse um algo diferente, que já é uma característica nossa: Tentar fazer algo diferente para que o espetáculo do carnaval seja visto de uma forma mais complementar. A gente buscou nesse enredo falar de um afro onde nunca foi falado. Nem aqui e nem no Rio”, completou.

Pesquisa do enredo e primeiro enredo afro da história dos Gaviões

Júlio contou que no início eles tiveram dificuldades para montar o contexto do enredo sobre as máscaras africanas, mas conseguiram chegar a um denominador comum, levando a figura de Orunmilá caminhando para vários lugares e encontros. “A gente teve que viajar bastante juntos, porque nós queríamos muito falar das máscaras, e não sabíamos muito para onde ir. A gente teve certa dificuldade no início de encontrar algumas referências para pesquisar. Se as máscaras transmitem mensagens, elas comunicam valores morais. Depois nós fomos estudando, conhecemos mais profundamente a figura de Orunmilá, que é essa divindade detentora da sabedoria e das profecias das mensagens. A partir daí a gente vai mostrando as máscaras de cada povo, de cada comunidade, de cada país, de cada nação, de cada vertente linguística que tem na África. A gente foi apresentando, colocando um tempero também da ilusão, do fantasioso, do carnavalizado, que é colocar esses encontros, como se no caminho ele fosse encontrando outras divindades, também conectando os valores das máscaras aos valores dessas outras divindades que são amigos de Orunmilá nessa história”, disse.

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De acordo com o profissional, o uso de vídeos e documentários foram fundamentais para desenvolver o tema. “A gente também usou alguns vídeos de documentários de YouTube que a gente achou e inclusive alguns muito interessantes, onde a gente pegou bastante referência nesse estilo de caminhada que ele faz. Tudo isso foi muito agregador, para um final que a gente mesmo se surpreendeu quando foi finalizado. Na nossa reunião e quando foi apresentado para a diretoria também, eles falaram: ‘É isso, é um enredo afro para os Gaviões’. Acho que vocês acertaram’”, contou.

Barracão organizado e uma plástica diferente na avenida

Rayner Pereira enalteceu o profissionalismo que o barracão está concedendo. O artista também elogiou a equipe que trabalha com ele. “É um ano que foi tudo muito profissional. Desde o começo a gente escolheu as pessoas certas para fazer aquilo que sabia que daria conta de fazer. Nós pensamos na pessoa certa para fazer as fantasias, tirar do papel, fazer os pilotos. Se isso fosse concretizado para o final do desfile, nós temos o Evandro que é um ferreiro que era assistente também até o ano passado e esse ano ele toma chefia dessa parte de ferragem. É o cara que botou para andar as coisas mais rápidas. A gente tem o Arthur, que é um cara que estudou comigo na escolinha, que nunca tinha trabalhado em São Paulo, sempre trabalhou no Rio. Ele tomou conta dessa parte das esculturas. A gente tem o Márcio, que foi o cara que quando eu comecei a trabalhar no carnaval, já era um cara que estava há séculos trabalhando junto com o Sidney na Mocidade, tomando conta dessa parte de finalização de carro. Tudo isso foi muito correto desde o começo. Nessa formação de equipe para fazer o que a gente tem hoje”, exaltou.

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Completando, Pereira fala sobre as cores do afro e diz que as esculturas usadas serão totalmente diferentes do que é visto no carnaval, na busca de inovar e também ‘baratear’, sem perder a beleza. “A gente vai fazer um desfile colorido, utilizando bastante as cores que se reconhecem como mais africanas, que é o marrom e o laranja. O marrom como a gente costuma falar, ele serve muito de base para as cores que vão saltar dali. Essa é uma primeira característica. Outra que eu vou chamar a atenção aqui, as nossas esculturas são diferentes do que a gente está acostumado a ver no carnaval. Não são esculturas lisas, chapadas. São esculturas que simulam como se elas tivessem sido talhadas, assim como são feitas as máscaras. A pintura e o ato de esculpir é feito de uma forma diferente do que a gente está acostumado a ver no carnaval. Ele é mais parecido com o que a gente vê nas máscaras africanas. A gente não usa praticamente nada de pluma nas alas de animal, até porque querendo ou não, é um pouco mais caro e a gente sabe das condições do carnaval, mas a gente também buscou alternativas que poderiam dar certo e realmente conseguimos”, finalizou.

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Setor a setor

“Não é um enredo dividido em setores. Orunmilá desce na comissão de frente, pisa no chão e é recebido por Exu, que vai guiá-lo pela caminhada. Ele vem passando de povoado em povoado, sem uma separação de setores. Começa lá atrás, termina lá na frente, como a gente falou aqui, mas não é dividido em sessões no capítulo”, explicou Júlio Poloni.

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Ficha técnica
Quatro alegorias
Três tripés
2400 componentes
Diretor de barracão – Fábio Lima
Diretor de ateliê – Luiz Henrique

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