728x90
InícioSérie OuroSérie Barracões: Porto da Pedra aposta na grandiosidade para vencer a Série...

Série Barracões: Porto da Pedra aposta na grandiosidade para vencer a Série Ouro do Carnaval 2025

Na busca pelo retorno ao Grupo Especial, a Porto da Pedra prepara um desfile grandioso para o Carnaval 2025. Para isso, apostará em grandes alegorias para reconstruir “Fordlândia” na Sapucaí. Trata-se da cidade industrial que Henry Ford, fundador da famosa indústria automobilística que leva seu sobrenome, construiu na Amazônia nos anos 1920. Mauro Quintaes, carnavalesco da escola, revelou detalhes do enredo “A História que a Borracha do Tempo Não Apagou” durante visita ao barracão. Ele explicou como surgiu a inspiração.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

pp barracao25 1
Fotos: Carolina Freitas/CARNAVALESCO

“Já tinha a ideia de trabalhar com Fordlândia, pois sou um pesquisador assíduo. Acessando um site literário, encontrei ‘A Jangada’, livro de Júlio Verne que inspirou ‘A Invenção da Amazônia’ (de Neide Gondim). Lá estava a Fordlândia. Mergulhei na história e me fascinei”.

Quintaes enfrentou resistência inicial da diretoria: “Eles acharam o tema melancólico. Argumentei que é pitoresco, divertido e único, pois revela um Brasil desconhecido. Convenci o presidente ao destacar seu potencial visual e cultural”.

Conhecendo melhor a Fordlândia

Em 1927, Henry Ford iniciou um projeto ousado: uma cidade norte-americana no Pará para produzir borracha para sua empresa. O látex local era considerado o melhor do mundo. Ele comprou terras em Aveiro (PA) e ergueu uma comunidade com infraestrutura moderna: casas, hospitais, água encanada e eletricidade.

O problema foi a imposição cultural: hambúrgueres, hot dogs e festas com quadrilhas norte-americanas não agradaram os brasileiros. Somado ao solo infértil e ao fracasso das seringueiras, o projeto ruiu. Ford vendeu a área ao governo brasileiro anos depois, deixando-a abandonada.

pp barracao25 2

Para Quintaes, Fordlândia é uma “doideira visionária”: “Só um bilionário excêntrico uniria a loucura brasileira à sua para criar uma cidade industrial no meio da Amazônia. A escola tem história com enredos ousados. Em 1997, ficamos em 5º lugar no Especial com ‘No Reino da Folia’. Agora, trago essa energia nas alegorias e representações”.

O enredo critica o colonialismo: “Mostraremos a arrogância do colonizador que diz ‘Eu sei o que é melhor’, ignorando a realidade local. O erro de Ford foi impor uma visão capitalista sem adaptação. É uma fábula sobre resistência”.

Mauro Quintaes valoriza a inteligência do público: “Não será um desfile expositivo. Usaremos metáforas e mensagens subliminares. O espectador do samba hoje entende narrativas complexas”.

Sarrafo alto

A escola mantém sua tradição de alegorias imponentes. Quintaes adianta um spoiler: “Um carro será feito de sucata, simbolizando o abandono de Fordlândia. Usei peças de ferro-velho para criar texturas de ferrugem e decadência”.

pp barracao25 3

O artista celebra 40 anos de carreira: “Minha vida é o Carnaval. Comemorar essa trajetória na Porto, que me projetou em 1997, é emocionante. Estamos criando algo inovador e culturalmente rico. Arte não tem hierarquia. Entregaremos o melhor, seja no Acesso ou no Especial. Este é o melhor enredo da Série Ouro – e rivaliza com escolas do Especial”.

Sobre o rebaixamento em 2024, é enfático: “Provamos que escolas do Acesso têm qualidade. Gastamos R$ 13 milhões ano passado – ‘coitadinhas’ não investem assim”.

Mesmo com orçamento menor, ele garante impacto: “Reaproveitamos materiais de 2024 e usamos madeira de qualidade. Recriamos alegorias sobre estruturas existentes para economizar. A gestão logística é tão crucial quanto a criatividade. O resultado de 2024 gerou uma fome positiva. Vamos mostrar nossa força, independente de julgamentos. É hora de abrir a porteira e soltar a boiada”.

Conheça o desfile da Porto da Pedra

A Porto da Pedra vem em 2025 com cerca de 2 mil componentes, 3 carros alegóricos e 1 tripé na comissão de frente. Mauro Quintaes, ao CARNAVALESCO, fez a setorização do desfile da escola.

Comissão de Frente: Fala dos Mudurukus, que é um povo indígena da região. A cabeça da escola vem contextualizada na leitura indígena.

Setor 1: Trago a fábrica da Ford nos Estados Unidos, mostrando a maneira rigorosa do Henry Ford trabalhar, com o objetivo de gerar economia em qualquer situação. Aqui existe uma teatralização enorme, com um carro que só tem um destaque e o resto são todos personagens. Não tenho composições femininas, nem masculinas, só tenho personagens que representam muito o jeito que o Henry tratava o seu negócio.

pp barracao25 4

Setor 2: No nosso segundo carro já é o momento que a floresta começa a sentir que precisa reagir àquela colonização muito estranha, àqueles hábitos que não são os hábitos locais. Trazemos a figura do Curupira para defender essa floresta, que está viva, grande, bonita, com movimento, mostrando esse indício de revolta contra o colonizador.

Setor 3: Eu fecho com a Fordlândia de hoje, retratada como uma cidade fantasma, onde a frase que representa o nosso enredo, que é “A floresta vence” vai estar lá em meios aos escombros. Apresentar as ruínas da Fordlândia é apresentar o momento de resistência da cultura, das tradições e da mata brasileira.

- ads-

Desfile dos ‘Doentes da Sapucaí’ homenageia o intérprete Quinho

Os Doentes da Sapucaí foram atração da Vila Mariana (São Paulo) no último sábado. O bloco desfilou pela 6ª vez no mesmo local, na...

Preparada para história! Maricá finaliza ensaios de rua e conta os minutos para o desfile no Carnaval 2025

A União de Maricá encerrou seu último ensaio de rua na última sexta-feira, na Passarela do Samba Adélia Breve, em Maricá, com uma exibição...

Série Barracões: Viradouro em busca do bicampeonato com a história de Malunguinho

A Unidos da Viradouro mira em 2025 seu primeiro bicampeonato consecutivo no Grupo Especial do carnaval carioca. Após vencer em 2024 com um desfile...