Fechando com chave de ouro os desfiles das escolas de samba de Santos de 2025, a segunda noite de desfiles, realizada no último sábado teve muita tradição na Passarela do Samba Dráusio da Cruz, entre os bairros Castelo e Areia Branca. No Grupo Especial, as atuais campeã e vice chegaram com bastante força no Sambódromo e saíram da apresentação repartindo o favoritismo com a X-9, que deixou ótima impressão na primeira leva de agremiações.
Acompanhando pela primeira in loco vez o carnaval da Baixada Santista, o CARNAVALESCO conta como foram as oito agremiações que desfilaram no sábado no Dráusio da Cruz – as quatro primeiras do Grupo de Acesso e as derradeiras pertencentes ao Especial:
Brasil
Conhecida como “Campeoníssima” (não por acaso, a agremiação é 17 vezes campeã da folia e é a única octacampeã de fato), a agremiação do bairro Aparecida voltou ao Grupo de Acesso depois de dois anos na elite do carnaval santista. Em 2025, o enredo escolhido pela verde, amarelo azul e branca foi “Lendas, mistérios e crenças de um povo Brasil”, iniciado pelo falecido carnavalesco Rafael Villares e encerrado por Rafael Villares. Dentre os destaques, estão o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da instituição: Cley Ferreira e Geovanna Duarte estavam muito bem vestidos e dançando e sambando em tons de verde e azul – tudo dentro do enredo “Lendas, Mistérios e Crenças de Um Povo Brasil”, falando sobre as histórias populares do país. Destaque, também, para as belas esculturas dos carros alegóricos.
Dragões do Castelo
Com um enredo bastante forte intitulado “Aláfia-Onan, N’um Clamor de Paz, Respeito e Liberdade”, que falou sobre a 16ª pedra do jogo de Ifá (e que, também, rege a escola), a agremiação teve excelentes ideias para a apresentação. Na comissão de frente, por exemplo, um babalaô tinha destaque – e é claro que ele interagia com um tabuleiro de ifá. A Sinfônica do Dragão, comandada por Mestre Mimiu, tinha um naipe de atabaques e conduziu muito bem o belo samba – que, por sinal, também foi muito bem interpretado por Robinho e Daniel Collete.
Mocidade Independente Padre Paulo
Comemorando o Jubileu de Ouro, é claro que a heptacampeã de direito do Grupo Especial iria falar da própria história (com toda a justiça do mundo, diga-se) em 2025. No enredo “Glória do Cinquentenário, Sou Mocidade, Para Sempre Tradição”, a instituição do Estuário relembrou o pároco Paulo Horneaux de Moura e teve ótima exibição de Pedro Trindade e Mirelly Nunes, primeiro casal da agremiação, majoritariamente em azul. Importante também destacar que a águia, símbolo da agremiação, do último carro soltava tiras de papel, animando os torcedores na arquibancada.
Império da Vila
Reeditando o enredo “É melado e é gostoso, o néctar da vida!”, apresentado originalmente em 2011 (ano em que a agremiação, por sinal, passou a ter o atual nome em lugar de ‘Vila Nova’, nome do bairro em que está situada), a instituição teve uma comissão de frente impactante, com componentes com bambolê que, quando acionados, viaravm a saia ao contrário – e, por consequência, mudavam as cores. Por conta da temática, o carro abre-alas tinha uma imensa colmeia – e lá dentro, várias crianças vestidas de abelha se destacavam. Por fim, boas atuações, também, da Pegada do Tigre (comandada por Mestre Charuto) e do intérprete Makumbinha.
Mocidade Independência
Iniciando os trabalhos do Grupo Especial da Baixada Santista, a primeira escola mostrou, por sinal, a pluralidade da folia local: a agremiação em questão representa o Jardim Casqueiro, bairro do município de Cubatão. As cores da agremiação, provavelmente, foram uma das inspiração para o enredo: o vermelho, que está junto do branco no pavilhão, é a cor da pimenta – que, como é possível imaginar, foi a ponte óbvia para a temática “Malagueta”. Mostrando estar inteiramente dentro da temática, a comissão de frente veio completamente fantasiada de pimenta, com os chapéus característicos e leques – ganhando aplausos do público.
O grande destaque da apresentação, porém, veio na Explosão, bateria comandadada pelos mestres Dão e Matheus Oliveira. Com dois apagões no último verso do refrão de cabeça, os ritmistas sustentaram muito bem ao longo de todo o desfile o samba-enredo que, embora simples de ser cantado, conta com muita sobriedade o enredo. Vale jogar holofotes, também, na rainha Juliana Leones, inteiramente de vermelho.
Unidos dos Morros
Atual tricampeã de fato do carnaval santista, a agremiação pisou no Dráusio da Cruz buscando um feito que não é alcançado desde 1988: o tetracampeonato consecutivo. E, para alcançar tal marca, a agremiação da Nova Cintra apostou em um enredo bastante lúdico e que fisga a grande maioria das pessoas pela nostalgia. Intitulado “Quem Te Viu Quer ‘TV’ Cultura – Educação e Samba no Pé”, a agremiação contou com grandes nomes no desfile. Invariavelmente, boa parte deles se destacou.
A ala musical, que veio homenageando o programa “Viola, Minha Viola”, comandado por décadas pela inesquecivel Inezita Barroso, teve Ito Melodia no microfone principal e passou com destaque ao longo de toda a avenida – sobretudo na introdução, idêntica ao início da trilha de ‘Castelo Rá-Tim-Bum’. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Renatinho e Fabíola Trindade, também encantaram o Dráusio da Cruz com a eficiência e a simpatia em cada movimento. A ‘Chapa Quente, de mestre Daniel Correia”, executou três apagões no refrão de cabeça e empolgou a arquibancada – ao ponto das frisas cantarem ‘É Campeã!’ no final da apresentação.
União Imperial
Mais uma agremiação com um tema audiovisual, a verde e rosa no Marapé contou alguns dos grandes sucessos do cinema no enredo “A Verde e Rosa Conta a Magia dos Campeões de Bilheteria”, pela primeira vez desenvolvido de maneira solo por Wallacy Vinicyos após seis anos com Renan Ribeiro como carnavalesco – sendo que nas duas últimas temporadas Wallacy atuava conjuntamente em tal cargo. O resultado não poderia ser melhor: com alegorias bastante altas e com esculturas muito bem acabadas, a agremiaação chamou atenção pela beleza dos carros alegóricos.
Nao foi o único ponto alto da escola, entretanto. Edgar Carobina e Graci Araújo, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da instituição, teve ótimo desempenho em toda a passarela, com giros eficientes, muitos sorrisos e excelente comunicação com o público. Quem também se destacou foi a comissão de frente, inteira prateada e com estrelas que eram giradas em determinados momentos, para exaltar os grandes nomes do cinema. Logo atrás de tal segmento, uma imensa tela com cenas do barracão da instituição.
Sangue Jovem
Homenageando a vizinha cidade de Santos, a instituição da Vila Belmiro pisou na Dráusio da Cruz para encerrar o carnaval santista e para tentar buscar a taça que não desembarca na agremiação desde 2006. Com a temática “Gohayó à Célula Mater – A Raiz de Uma Nação”, a comissão de frente da escola veio com os originários que estavam presentes no momento em que Martim Afonso de Sousa chegou à região. Também na cabeça da agremiação, o abre-alas com uma caravela portuguesa chamou atenção pela altura – e, ao longo do desfile, percebeu-se que a verticalização das alegorias foi desejada e alançada pela agremiação.
O que também foi sentido foi a fantástica (ou melhor, Santástica) atuação da Ritmo Santástico, bateria comandada por mestre Ronaldo Balio. Sustentando muito bem o samba, a corte também estava cheia. À frente dos ritmistas, estavam a rainha Stéfany Romualdo, a princesa Lary Miranda e a madrinha Sue Neves.