Passava das 7 da manhã e o sol já estava alto quando o povo que estava no arrastão que fechava o desfile do Grupo de Acesso A de Vitória puxou o grito de “É campeã!”. A eleita era a “Pega no Samba”, que encerrava naquele momento sua apresentação. Não é de bom tom desafiar a voz do povo e neste caso nem faria sentido.
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A escola do bairro da Consolação acordou o Sambão do Povo com um desfile bonito e empolgado em que contou o enredo “Pembelê, sereias de Zambi”, do carnavalesco Jorge Mayko. Mas ela não é a única candidata ao título que leva ao Grupo Especial em 2026. Agremiações como Andaraí, Independente de Eucalipto (que perderão um décimo cada por terem estourado o tempo de desfile) e até o Império de Fátima podem sonhar com o acesso.
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A noite começou com a recém promovida Rosas de Ouro, do município de Serra, com o enredo “No horizonte eu te vejo” sobre o Sítio histórico de Carapina, atração turística da cidade. O destaque foi a intérprete Letícia Jesus que defendeu o samba com garra e talento. A Rosas precisa evoluir em bateria e harmonia para buscar o sonho do Grupo Especial, mas teve uma abertura que deixou boa impressão com Comissão e Casal bem ensaiados.
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Segunda a pisar no Sambão do Povo, a Império de Fátima fez um desfile colorido com o enredo “Arte popular na corte imperial”, do carnavalesco Puluker. À exceção da ausência de adereços de mão em uma das alas, a escola fez uma apresentação correta, vibrante e com boa defesa de quesitos e pode pensar nas primeiras colocações. Carlinhos de Jesus encerrou o desfile no último carro, esbanjando simpatia.
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Homenageando o artista capixaba Alexandre Lima, que faleceu ano passado depois de dez anos em coma, a Mocidade da Praia emocionou o público. Muito popular na cidade, o criador do ritmo Rockcongo teve sua história contada com fantasias simples, mas representativas, assinadas pelo carnavalesco Robson Goulart. A bateria de Mestre Luyghi (o mesmo da Acadêmicos de Vigário Geral) elevou o nível do quesito com uma grande apresentação. O refrão do samba-enredo teve excelente efeito ao longo do desfile que, para a direção de harmonia, foi tenso. A opção por separar o casal da Comissão de Frente acabou gerando problemas de evolução.
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Acrobatas na Comissão de Frente da Independente de Eucalipto, quarta a se apresentar, arrancaram gritos dos camarotes. Mas estranhamente o quesito não fez a apresentação formal para o segundo módulo de julgamento. O enredo em homenagem à cidade capixaba de Linhares contou com um abre-alas imponente, belo trabalho do carnavalesco Douglas Paluzzo. A cantora Gretchen veio como rainha de bateria, gerando frenesi nos bastidores do Sambão do Povo. Mas problemas de evolução acabaram fazendo com que o tempo de desfile fosse excedido.
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A tradicional verde-e-rosa Andaraí pisou forte na avenida para contar a história do Mercado Capixaba. Embalada pela voz vibrante de Emerson Dias e pela excelente bateria Puro Veneno, mostrou que buscava o primeiro lugar. Mas, ao contrário das demais, caprichou mais no segundo carro do que no primeiro, que tinha um acabamento inferior ao que a briga pelo título pede. A lentidão no andamento do desfile somada ao grande número de componentes acabou acarretando o segundo estouro de tempo consecutivo no Grupo de Acesso.
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A Independente de São Torquato foi a decepção da noite. O enredo sobre cassinos, jogos e apostas ficou prejudicado pela ausência do carro abre-alas e de diversas alas. O primeiro casal também não se apresentou. Como destaque, uma boa Comissão de Frente e a garra dos componentes diante da situação difícil. Dificilmente escapará do rebaixamento.
Voltamos ao início do texto, quando falamos da Pega no Samba. Antes mesmo do desfile começar, a empolgação do público dos camarotes que ficam no início da pista já anunciava que viria algo especial.
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Aproveitando a luz do sol, o carnavalesco produziu fantasias com brilho e reflexo, além de um belo impacto visual. O enredo afro mexeu com os componentes, que cantaram com muita garra.