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Série Barracões: Tijuca busca transformação, reverencia sua juventude e pavilhão ao contar história de Logun-Edé

Edson Pereira foi o primeiro carnavalesco a ter o contato renovado para o Carnaval 2026. Demonstra a confiança que a escola, através do presidente Fernando Horta, vem tendo com seu trabalho para o Carnaval 2025. O artista, que já passou por diversas agremiações com bons resultados, estreia na escola do Borel trazendo suas marcas registradas, como carros alegóricos grandiosos e enredos de temática afro. Seu projeto atual aborda a história de Logun-Edé, orixá filho de Oxóssi e Oxum, que personifica a intersecção entre as características de seus pais. O pavão, animal simbólico da escola tijucana, é central no enredo “Logun-Edé – Santo menino que velho respeita”.

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Ao comentar a renovação com a Tijuca, Edson destacou a surpresa e gratidão pelo gesto: “Para ser sincero, fiquei muito surpreso. Quando cheguei, fui muito bem acolhido e sempre tive expectativas de dar continuidade ao meu trabalho. Não sou um carnavalesco que gosta de ficar pulando de escola em escola. Sou um operário do Carnaval, gosto de botar a mão na massa. O anúncio antecipado do presidente Fernando Horta me envaidece, pois é a valorização do nosso trabalho. Isso sinaliza a construção de um projeto de longo prazo”.

Sobre a criação do enredo, Edson explicou a importância de ouvir a comunidade da escola: “Em qualquer escola, procuro entender suas características. A instituição é maior que o artista. Respeitar sua história e desejos é essencial. Ao chegar na Tijuca, descobri que o enredo sobre Logun-Edé era um desejo antigo da comunidade, há mais de 20 anos. O pavão, as cores do orixá e a fundação da escola no Morro do Borel se conectam perfeitamente. Ter a comunidade abraçando o enredo fortalece nosso trabalho. Este não é meu enredo, é da escola”.

O carnavalesco destacou a relação entre Logun-Edé e a juventude contemporânea: “Logun-Edé é o orixá da transformação e do recomeço, temas urgentes hoje. Ele representa a quebra de estigmas, como a ideia errônea de que seria ‘frágil’ por unir características masculinas e femininas. Na verdade, ele sintetiza três personalidades: a do pai (Oxóssi), a da mãe (Oxum) e a sua própria. É guerreiro e sensível, algo que queremos destacar no desfile”.

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Edson ressaltou o cronograma adiantado e a influência espiritual na produção: “Iniciamos os trabalhos em março, sem pausas. As fantasias estão prontas, e os carros estão em fase final. Buscamos orientação em terreiros como o Axé Kalé Bokum, que nos guiou energeticamente. Isso foi crucial para o andamento harmonioso. Eu já fiz alguns enredos afro que eu curti e gostei muito e esse é mais um que me ensinou muita coisa”.

Sobre as alegorias do pavão, ele adiantou: “Será um conjunto grandioso, coerente com a magnitude do enredo. A Tijuca se reinventa, assim como Logun-Edé. Usamos materiais sustentáveis para não agredir a natureza, aliando volume e beleza às preocupações ecológicas”.

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Para Edson, a união entre enredo e comunidade é o trunfo da Tijuca: “O grande triunfo é a felicidade da comunidade com o samba, o enredo e o momento vivido. Será um desfile que resgata e registra histórias para o mundo do samba”.

Conheça o desfile da Tijuca

A Unidos da Tijuca vai levar seis alegorias, sendo o abre-alas acoplado. Serão 3 mil componentes que desfilaram pela escola. O carnavalesco Edson Pereira explica ao CARNAVALESCO os setores do enredo da Tijuca.

Setor 1: “A gente abre o enredo com o destino, já como fala o samba, o destino de Logun-Edé é sempre recomeçar e o começo é pelo ifá, que revela o seu destino através de Oxum, quando se apaixona por Oxóssi, através do ifá que revela para que ela tenha o amor de Oxóssi, que ela busque fazer um feitiço e ali começa toda a história. Oxóssi se apaixona por ela e numa cachoeira em algum determinado momento, ele descobre que ela não era uma caçadora, ela era uma mulher das águas e aí existe a separação dos dois, mas já existe Logun-Edé. E todos os orixás do panteão, eles chegam para receber a chegada desse menino, que é um menino guerreiro de um lado, e do outro lado tem a sensibilidade da mãe, então é o caçador bravo, o guerreiro bravo, e a sensibilidade e a riqueza, a beleza da mãe. E ele começa a aprender com os outros orixás através dos itãs que contam para a gente, esses itãs são histórias contadas por vários orixás. Ogum ensina ele a guerrear, Oxóssi a caçar, Ossanha dá o poder das folhas para que ele possa entender como lidar com essas folhas, essas energias e Iansã vai lá e abraça ele como mãe também, ensina ele, Exu dá os caminhos, então nesse primeiro momento nós vamos contar as histórias desses itãs que vão ensinar Logun-Edé e louvar a chegada dele no panteão dos orixás como o mais novo orixá, o mais novo guerreiro que ali está”.

Setor 2: “No segundo setor, temos o olho d’água que é onde se representa Logun-Edé, onde a neblina acontece, onde tudo vai fazer a transformação. Esses orixás continuam ali apoiando a ele e ele se manifesta como esse caçador que também é das águas, ele é um grande mergulho nesse olho d’água onde vai mostrar as profundezas das águas e o caçador das águas”.

Setor 3: “No terceiro setor a gente tem a diáspora de que ele vem da África e é abraçado por Iemanjá. Ele defende o reino de Abeocutá e atravessa o oceano com os poderes do cavalo marinho, que é um animal também votivo de Logun-Edé, tanto que traz no seu ventre, que nem é o ventre, mas na barriga do cavalo marinho que reproduz a sua própria cria. Iemanjá dá a ele esses poderes e ele atravessa o oceano não naquele navio negreiro que todos falam que traz da África, não. Ele atravessa o oceano montado no cavalo marinho. Daí nós temos Iemanjá como chama ele para essa guerra no castelo de Abeocutá para defender os povos das águas”.

Setor 4: “Logun-Edé chega em Salvador, no Axé Kalé Bokum, que é o Axé que tem a mesma idade da Unidos da Tijuca e lá na Bahia é feita a primeira pessoa no Brasil de Logun-Edé. Ali nós trazemos o Axé Kalé Bokum que dali ela transfere toda essa energia, todo esse momento e todas as histórias de Logun-Edé vão se espalhar pelo Brasil e trazendo todas essas curiosidades e todas essas histórias onde o carnaval, no lugar de fala, ele pode ensinar para as pessoas toda a sua ancestralidade”.

Setor 5: “Trazemos a Juventude do Borel que é assim que é representado o Santo Menino que o mais velho respeita. A gente faz uma passagem do quarto carro que é Oxalá que representa os segredos de Logun-Edé, que vai entender a passagem do mais velho para o mais novo. Ele dá essa autorização, essa liberdade de transformação do mais velho para o mais novo e aí é uma grande festa no baile do Borel”.

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