A Unidos de São Lucas vive um momento de euforia. Após subir para o Acesso 2 em 2024, como vice-campeã, e conquistar a promoção ao Acesso 1 em 2025, a escola de samba da Zona Leste de São Paulo já mira o Grupo Especial para 2026. Com o enredo “Ijechá”, que aborda ancestralidade e religiosidade afro-brasileira, a agremiação será a primeira a desfilar no Acesso 1 no dia 2 de março. Em visita ao barracão, o CARNAVALESCO conversou com o carnavalesco Fernando Dias, que detalhou os preparativos e a ambição da escola.
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Fernando Dias revelou que a seleção do enredo envolveu três propostas: uma do presidente da escola, uma sua e outra do diretor de carnaval. A ideia vencedora veio do diretor. “Quando eu li a ideia, comecei a viajar. Eu sou da religião, então o arrepio veio. Não teve jeito: se você é da religião e quer falar dela, é muito importante. Vamos manter a nossa cultura”, afirmou.
Sobre os desafios da pesquisa, o carnavalesco destacou a complexidade de condensar uma história extensa em poucos minutos de avenida. “Não temos tempo para falar tudo, mas o tema tem força. Outras agremiações também abordarão aspectos similares, cada uma à sua maneira”, completou.
Motivação coletiva e conquistas recentes
A trajetória recente da São Lucas — do Acesso 2 ao Acesso 1 em dois anos — alimenta a confiança da comunidade. “O clima na quadra é de preparação para um dos maiores carnavais da nossa história. Nossa comunidade vem ensaiando há meses. No ensaio técnico, vi o trunfo dela: todos os setores presentes, cantando. Foi mais do que eu esperava”, disse Dias.
Sobre o vice-campeonato de 2024, o carnavalesco foi enfático: “Não vou dizer que não esperávamos. Trabalhamos para isso. Foi uma surpresa para muitos, mas, como diz meu presidente, fizemos a lição de casa. A escola está confiante para subir mais um degrau em 2026. Não é impossível”.
Estrutura do desfile: ancestralidade, religiosidade e cultura
O desfile será dividido em três setores. O primeiro abordará a ancestralidade ligada a Oxum, orixá das águas doces. “Abrimos com a ancestralidade que traz de lá, com toda a história, todo o ritmo criado para Oxum”, explicou Dias.
O segundo setor representará a transformação da religiosidade africana em manifestações brasileiras. “É quando chega na Bahia e vira nossa religião, o candomblé. Na época não podia, então surgiram os afoxés, os Filhos de Gandhi”, contextualizou.
O encerramento celebrará a influência multicultural do Ijechá. “Fechamos com o que ele inspirou: maracatu, bumba meu boi, música e até o samba. Mantemos o nível até o final”, adiantou o carnavalesco.
Com a comunidade “de sangue nos olhos”, nas palavras de Dias, a São Lucas busca não apenas um título, mas consolidar-se como protagonista de uma cultura que, agora, desfila com orgulho na avenida.
Ficha Técnica
Três alegorias com tripe e um pede passagem
14 alas
1000 componentes