Por Miguel Santa Brigida*
“No mês de outubro em Belém do Pará,
São dias de alegria e muita fé.
Começa com extensa romaria matinal,
O Círio de Nazaré”
A complexidade estética, dramática e cênica dos desfiles das escolas de samba na Sapucaí acolhe, a cada ano, as intercorrências da pós-modernidade artística das múltiplas e diversas linguagens que compõe a sua espetacularidade contemporânea desfilada no sambódromo carioca.Este belo rito negro sob forma de procissão engendra-se na trilogia batucar-cantar-dançar identificada pelo filósofo congolense Bunseki Fu-Kiau, estudioso da cultura africana,e que caracterizam também práticas espetaculares afrobrasileiras, como este arrebatador fenômeno do samba carioca, signo-marca da festa de nossas ancestralidades, coletividades e comunidades negras, constituindo-se traçado singular da cultura brasileira.
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Inspirado na trilogia negra de Fu-Kiau, este ensaio convida para navegarmos nesse universo de encantamentos revelados na cena sapucainiana, propondo a trilogia samba-fé-tradição para uma imersão na obra musical que embala o Maior Espetáculo da Terra: o samba-enredo!
Há cinquenta anos, um samba-enredo vem atravessando magicamente o tempo, a história e a memória dos sambistas e do imaginário carnavalesco brasileiro: “Festa do Círio de Nazaré”, composto por Aderbal Moreira, Dário Marciano e Nilo Esmera para a Escola de Samba Unidos de São Carlos (atual Estácio de Sá) para o carnaval de 1975 do Rio de Janeiro, e que seconsagrou, desde então, como um dos sambas mais icônicos e emblemáticos do carnaval brasileiro.
![Artigo: 'Festa do Círio de Nazaré - Samba, Fé e Tradição' 1 cirio liesa](https://carnavalesco.com.br/wp-content/uploads/2025/02/cirio_liesa.jpg)
A primeira edição deste samba-enredo foi levadaà cena carnavalesca da passarela do samba carioca há exatos cinquenta anos, no dia 09 de fevereiro de 1975, um domingo de carnaval. Mais precisamente, o samba foi cantado pela escola e ecoado pelas multidões na madrugada da segunda feira de carnaval! Em sua primeira versão, o samba foi gravado e cantado na avenida por Dominguinhos do Estácio. Naquele ano, os desfiles das escolas de samba aconteceram na Av. Presidente Antônio Carlos devido as obras de construção do metrô na Av. Presidente Vargas, local onde os desfiles aconteciam tradicionalmente:
O desfile da Unidos de São Carlos não logrou sucesso. A escola se classificou em décimo lugar, devido algumas falhas em sua apresentação, inclusive os jornais da época dão conta de que a escola perdeu o canto na parte final do desfile, entretanto, de forma empolgada, as arquibancadas não pararam de cantar o samba-enredo. A partir daquele instante,recebeu um especial acolhimento e adesão popular, consagrando-se no universo dos sambas-enredos brasileiros e na história do carnaval!
Decorridos quase vinte anos da primeira edição, em 2004, por ocasião da celebração dos 20 anos do sambódromo carioca, a LIESA (Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro) propôs e incentivou que as escolas de samba revisitassem a antologia dos sambas-enredos cariocas e reeditassem os mais importantes econsagrados pela tradição popular. Entre os sambas eleitosestava de maneira destacada “Festa do Círio de Nazaré”, escolhido pela escola niteroiense Unidos do Viradouro, que reeditou o samba com o enredo rebatizado “Quem Vem ao Pará, Parou. Com a Viradouro eu Vou para o Círio de Nazaré”.
A nova versão do enredo foi assinada pelo carnavalesco Mauro Quintaes, com pesquisade Gustavo Melo e contou com nossa consultoria artística e criações cênicas para o desfile. O consagrado samba-enredo foi novamente cantado por Dominguinhos do Estácio promovendo mais uma vez um arrebatamento emotivo e popular desde os ensaios no pré-carnaval, na quadra da Viradouro, nos ensaios técnicos da Sapucaí e em especial, no desfile. A Viradouro foi uma das escolas que voltou no desfile das campeãs obtendo o quarto lugar.
Nesse desfile, brilhantemente conduzido por Mauro Quintaes na escola de Niterói, “Festa do Círio de Nazaré” cintilou mais uma vez confirmando sua consagração na constelação dos sambas-enredos cariocas e sublinhando Dominguinhos do Estácio como um dos mais importantes intérpretes das escolas de samba e uma das grandes vozes da Sapucaí. Da primeira edição em 1975, quase vinte anos depois, a performance e assinatura personalizada de Dominguinhos rendeu diversas e elogiosas críticas nos jornais cariocas, aliadas mais uma vez, a enorme consagração popular:
Importante destacar em um enredo que desfilou o Círio de Nazaré, a maior procissão católica do mundo, que acontece há duzentose vinte dois anos em Belém do Pará, a relação e importância de Dominguinhos com o carnaval paraense, sua história com a procissãodo Círio e sua comovente devoção por Nossa Senhora de Nazaré.
O cantor, desde a década de setenta, desenvolveu especial relação afetiva, artística e cultural com Belém do Pará. Desde sua participação como cantor nos blocos e nas escolas de samba da cidade, especialmente o Rancho Não Posso me Amofiná, a quarta escola mais antiga do Brasil, para a qual compôs memoráveis sambas-enredos, bem como sua devoção com a padroeira dos Paraenses. Dominguinhos se casou na Basílica Santuário de Nazaré etodos os anos participava do intenso e extenso ciclo quinzenal da Festa do Círio de Nazaré. Seu estúdio de música no Rio de Janeiro se chamava Nazaré Music, uma de suas filhas foibatizada de Lívia de Nazaré, e o cantor carregava no peito um cordão de ouro com a medalha de Nossa Senhora de Nazaré, a qual beijava antes de começar a cantar em todos os desfiles do sambódromo carioca.
Sua trajetória artística e musical hámuito foi atravessada pela cultura carnavalesca, devota e festiva de Belém do Pará.
“Que maravilha, a procissão.
E como é linda a Santa em sua berlinda”
A história de Dominguinhos revela-se como uma bela síntese de um sensível amálgama do samba, da fé e da tradição popular que “Festa do Círio de Nazaré” promoveu como traçado da cultura brasileira que reúne a um só tempo festa, devoção popular e espetacularidade em fenômenos como os desfiles das escolas de samba. Herança de nossas matrizes culturais e estéticas ibéricas, que nos vestiram com fantasias-comportamentos aos moldes da sensibilidade barroca investigada por Michel Maffesoli em sua Sociologia da Orgia, da qual o nosso carnaval é encharcado brilhantemente,nos carnavalizando assim, para além do carnaval, enchendo mais ainda de folia e alegria o Rio que passou em nossas vidas enossos corações se deixaram levar…
Outro aspecto extremamente significativo da “Festado do Círio de Nazaré”, enquanto obra musical brasileira, são suas permanentes recorrências observadas nas inúmeras gravações realizadas por diversos artistas de múltiplos gêneros e estilos musicais, desde sambistas, cantores românticos, forrozeiros, entre outras modalidades do mosaico musical da MPB. Além da seminal e antológica gravação de Dominguinhos do Estácio o samba foi gravado por Jamelão, Elza Soares, Lecy Brandão, Beth Carvalho, Alcione, Dudu Nobre, Arlindo Cruz, Serginho do Porto, Conjunto Nosso Samba, Quarteto em Cy, Junina Babaçu, Junina Matutos do Rei, Zeca Baleiro e Ana Guanabara, entre os que conseguimos registro.
O enorme acolhimento popular e a adesão artística por diversos cantores,sublinhama consagração da obra musical criada pela trilogia de sambistas cariocas, revelando uma permanente recorrência poética de sua beleza. Para além das quadras das escolas, blocos carnavalescos, bailes populares, entre outros formatos comemorativos da festacarnavalesca, este samba atravessa de norte a sul o Brasil popularmente folião.
“E o romeiro a implorar.
Pedindo a Dona em oração.
Para lhe ajudar.”
Em Belém do Pará, cidade matricial da procissão do Cirio de Nazaré, queacontece desde 1793, atualmente movimenta mais de dois milhões de pessoas pelas ruas da Cidade das Mangueiras, este samba-enredo, para além dos ambientes e ciclos carnavalescos que desenham a geografia festiva do país, é tradicionalmente cantado na Quadra Nazarena, como sãodenominados os quinze dias de festejos em homenagem àNossa Senhora de Nazaré, a qual inclui 13 procissões e diversas comemorações festivas por toda a cidade.
Destacamos de maneira especial, a presença deste samba-enredo durante a procissão do Círio, cortejo religioso com duração média de seis horas, no qual o samba incorpora em muitos momentos um tom mais contrito-religioso, alternando-se muitas vezes pelo seu tom carnavalesco-sambístico original. A multidão de fiéis e devotos quando entoa coletiva eharmoniosamente integradaem umgigantesco coro, confirma mais uma vez o amálgama de fé e devoção da identidade devocional e carnavalesca dos paraenses.
O percurso da procissão de aproximadamente cinco quilômetros é marcado por diversas homenagens realizadas por instituições durante a passagem da berlinda que conduz a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, são colégios religiosos, hospitais, bancos, entre outros. Essas homenagens, em sua maioria na linguagem musical, são realizadas por corais, bandas, cantores locais e cantores nacionais convidados. Nestas homenagens, o samba-enredo“Festa do Círio de Nazaré” é sempre recorrente, alternando indissociavelmente o tom religioso com o carnavalesco. Em algumas instituições, observamos os próprios padres cantando com esta singular alternância dos ritmos.
Confirmamos, mais uma vez, com essas inúmeras cenas musicais para além dos lugares de carnaval, a presença deste samba enredo em um cíclico retorno de sua diversidade de recepção, presença e emocionada consagraçãopopular. Aqui consagrada e abençoada na maior procissão religiosa do país: samba, fé e tradição.
“Oh!Virgem Santa
Olhai por nós
Olhai por nós
Oh! Virgem Santa,
Pois precisamos de Paz”
Destacadamenteda Quadra Nazarena, é imperativo falarmos da incorporação espetacular deste samba enredo no espetáculo Auto do Círio. Esse evento é realizado pela Universidade Federal do Pará, por meio da Escola de Teatro e Dança, Instituto de Ciências das Artes e Pró-reitoria de Extensão, em um singular exercício da cultura extensionista em sua dimensão social, cultural e artística de mãos dadas com a multidão.
O espetáculo, em forma de cortejo dramático, acontece desde 1993 nas ruas do bairro da Cidade Velha, o Centro Histórico de Belém do Pará, que guarda a memória da fundação da cidade e da devoção a nossa Senhora de Nazaré, no qual está situada a Catedral da Sé, igreja de onde sai a procissão do Círio no amanhecer do segundo domingo de outubro.
Com mais de trinta anos de tradição, o Auto do Círio foi registrado pelo IPHAN como Bem Imaterial da Cultura Brasileira atrelado ao complexo festivo do Círio de Nazaré.O registro aconteceu na celebração de sua décima edição, em 2003, ano em que a Unidos do Viradouro escolheu a reedição de “Festa do Círio de Nazaré”, e foi também, o ano que Dominguinhos do Estácio cantou pela primeira vez no espetáculo.
A inclusão deste samba enredo no Auto do Cirio foi de nossa autoria no ano que assumimos a direção do espetáculo. O cortejo foi dirigido em seus três primeiros anos por Amir Haddad, e a partir de 1996 dirigi o espetáculo durante quinze anos. Meu traçado principal como encenador foi introduzir e destacar as matrizes carnavalescas da estética das escolas de samba no cortejo, com samba-enredo, bateria, mestre-sala e porta-bandeira, entre outros elementos que compõe a estética cênica das escolas de samba. E de maneira dominante “Festa do Círio de Nazaré” passou a ser cantado na apoteose do espetáculo, consagrando-se mais uma vez e criando outra tradição fora dos lugares carnavalescos tradicionais, no qual mantém-se vivo e pulsante até hoje:
![Artigo: 'Festa do Círio de Nazaré - Samba, Fé e Tradição' 2 cirio](https://carnavalesco.com.br/wp-content/uploads/2025/02/cirio_.jpg)
O Auto do Círio reúne um público superior a trinta mil espectadores pelas ruas do Centro Histórico de Belémaclamado por uma enorme adesão e consagração popular. Desde 2003 no ano de celebração de sua primeira década e quando Dominguinhos do Estácio passou a cantar o samba em sua apoteose carnavalesca, elevousobremaneira,a tradição e relevância do espetáculo. A presença do artista foi se redimensionado a cada ano, especialmente a partir de 2004 com a reedição da Viradouro, quando esteve presente nesta edição o carnavalesco Mauro Quintaes, sua equipe de criação e a diretoria da escola carioca.
Dominguinhos do Estácio recebeu em 2005, por sua intensa participação e parceria para o engrandecimento e projeção nacional do espetáculo promovido pela UFPA, o título de Padrinho do Auto do Círio. Importante destacar, que esse terceiro título que o sambista recebeu, veio somar-se à outras duas honrarias do artista em Belém do Pará.
Dominguinhos é o único artista brasileiro que possui o título de Cidadão Belenense concedido pela Câmara Municipal de Belém e o título de Cidadão Paraense pela Assembleia Legislativa do Estado do Pará em reconhecimento por sua contribuição ao samba e a devoção dos paraenses.
Nesta edição de 2005, o espetáculo foi marcadoespecialmente, também, pela participação de Fafá de Belém, que pela primeira vez participou como artista convidada e foi homenageada pelos seus trinta anos de carreira. O encontro desses dois artistas promoveu uma das mais bonitas e emocionantes edições do Auto do Círio. Fafá de Belém cantou inicialmente na primeira estação do cortejo em frente à Catedral da Sé, onde tradicionalmente os artistas pedem permissão e as bençãos à sua padroeira para seguir com o cortejo cênico-carnavalesco e, posteriormente, cantou com Dominguinhos do Estácio “Festa do Círio de Nazaré” na última estação do cortejo onde acontece a apoteose.
“Em torno da Matriz
As barraquinhas com seus pregoeiros
Moças e senhoras do lugar
Três vestidos fazem pra se apresentar”
O encontro apoteótico de Fafá e Dominguinhos cantando este samba-enredo reuniu e celebrouum momento cênico-festivo carregado de significados e simbologias especiais para a dimensão devocional do samba. Os dois artistas são conhecidos nacionalmente por sua devoção à Nossa Senhora de Nazaré. Fafá é uma artista paraense que carrega em seu nome artístico o nome de nossa cidade, e Dominguinhos um cidadão belenense e paraense por afeto, amor e devoção a nossa cidade. Ambos tem marcados em sua trajetória artística, ainda mais especialmente, uma relação com o Círio de Nazaré, o que contribuiu notadamente para a grandeza da cena espetacular comungada com a multidão que acompanha o Auto do Círio.
Fafá de Belém, embora não seja uma cantora de samba, possui uma história especial com as escolas de samba brasileiras, notadamente no Rio de Janeiro, São Paulo e Belém do Pará. A artista desfilou diversas vezes em escolas cariocas desde o início de sua carreira. Em São Paulo, cidade que escolheu morar, recebeu homenagem da escola de samba Império de Casa Verde no carnaval de 2024 com o enredo “Fafá, a Cabocla Mística em Rituais da Floresta”. Em Belém, Fafá também já desfilou em diversas escolas, especialmente no “Rancho Não Posso me Amofiná” da qual é torcedora e foi homenageada com o enredo “Fafá de Belém – Estrela do Norte em Fá Maior” no carnaval de 2002, no qual a escola sagrou-se campeã do carnaval.
Na carreira da cantora é imprescindível destacar que a artista gravou sambas-enredos do Rancho Não Posso me Amofiná em seus Lpsda década de oitenta. Importantes registrosrealizados por uma cantora não sambista que projetou nacionalmente os sambas-enredos paraenses: “Amanheceu” de 1985, “Rei no Bagaço, Coisas da Vida” de 1986, ambosde Oswaldo Garcia e Robertinho Garcia”. Os dois sambas foram cantados na avenida por Dominguinhos do Estácio para a escola jurunense.
“Tem o circo dos horrores
Berro-Boi, Roda Gigante
As crianças se divertem
Em seu mundo fascinante”
A trilogia Samba-Fé-Tradição, indutora deste ensaio carnavalesco pelo samba “Festa de Nazaré”, ganha contornos especiais com as cenas carnavalescas-devocionais que descrevemos, tramadas e enredadas, historicamente a partir dodesfile da Unidos de São Carlos do carnaval de 1975. São tecituras bordadas com linhas brilhantes da cultura popular brasileira que desfilam magicamente também nessa tríade de cortejos brasileiros: as Escolas de Samba, o Círio de Nazaré e o Auto do Círio! São três práticas espetaculares sob a forma de procissõesque se intercruzam culturalmente, se interpenetram em suas espetacularidades e guardam singularidades de suas estéticas cênicas e dramáticas. Nossas escolas de samba marcadas por nossa ancestralidade negro-africana que fundamentam e assentam este espetáculo carioca dando vozes as comunidades pretas em suas multiplicidades e diversidades étnicas. O Cirio de Nazaré guardaa matriz europeia de nossa herança luzitana. O Auto do Cirio, por sua vez, se formatou e se adensou espetacularmente encantado por essas duas matrizes estéticas e culturais para fundar- se emsua singular dramaturgia caminhante na capital paraense no coração da Amazônia.
Essas três procissões enquanto práticas de dramaturgias caminhantes são prenhes do batuque do samba, da emoção devocional do catolicismo popular e do encantamento cênico belenense do Auto do Cirio. São espetacularidades populares brasileiras, aqui refletidas pelo axé do samba “Festa do Círio de Nazaré” em seu cinquentenário e que trabalham simbolicamente o tempo, o espaço, a história e a memória, promovendo o reencantamento do mundo.
“E o vendeiro de iguarias a pronunciar
Comidas típicas do estado do Pará.
Tem pato no tucupí
Muçuã e tacacá
Maniçoba e tucumã
Açaí e aluá”
(No mês de outubro…)
Ao concluirmos nossa navegação com este ensaio, homenageio In MemorianDominguinhos do Estácio pela grandeza de sua obra e bela travessia no carnaval brasileiro e que foi navegar no firmamento para brilhar, ainda mais, em outra dimensão entre as estrelas. Homenageio também Fafá de Belém que junto com “Festa do Círio de Nazaré” celebra e comemora cinquenta anos de carreira como uma das maiores cantoras e intérpretes da cena musical brasileira. Fafá, nossa grande voz feminina que carrega a emoção, a alma, a diversidade e o espírito profundo encantado de Belém, do Pará e da Amazônia para o mundo.
Dedico este ensaio a dois artistas brilhantes da Sapucaí. O carnavalesco Mauro Quintaes, que na reedição do samba-enredo na Viradouro em 2004, me convidou para consultoria, abrindo profissionalmente o portal mágico do Maior Espetáculo da Terra, gesto que me transformou profundamente como artista cênico e pesquisador. Gustavo Melo, jornalista e pesquisador de enredos, cujo singular processo criativo a partir desta reedição pude testemunhar, aplaudir e comungar. Compusemos também, uma trilogia que criou juntos três carnavais: Viradouro (2004), Viradouro(2005), Mocidade Independente de Padre Miguel (2006).Minha maior gratidão e emoção carnavalesca para esses dois gigantes da Sapucaí!
Belém do Pará, 09 de fevereiro de 2025.
Um domingo de pré-carnaval.
- Professor Titular do Instituto de Ciências das Artes/Escola de Teatro e Dança da UFPA.
Autor de: “O Maior Espetáculo da Terra – O Desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro como Cena Contemporânea na Sapucaí” (Doutorado 2006-UFBA). “A Dança do Mestre-Sala e da Porta-Bandeira: Magia e Ritual na Cena Afro-carioca” (Pós-doutorado 2010-UNIRIO). “O Sagrado Sorriso de Selminha” (Documentário – UNIRIO 2012)