No último domingo, 2 de fevereiro, em que se celebra o Dia de Iemanjá, os gresilenses tomaram a Rua Euclides Faria, em Ramos, para cantar e dançar a jornada de Oxalá ao reino de Xangô. A comissão de frente, coreografada por Patrick de Carvalho, arrebatou o público novamente elevando as expectativas para o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro, que foi muito aplaudido em diversos momentos de suas apresentações nas simulações para os módulos de jurados.
* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp
A força do canto da comunidade da Imperatriz também teve grande impacto durante o ensaio. Durante 75 minutos, os componentes se fizeram ouvir da primeira à última ala e foram acompanhados pela voz do público que foi assistir e também estava com o samba na ponta da língua.
O diretor de carnaval André Bonatte avaliou o ensaio e contou sua expectativa para o primeiro ensaio técnico na Sapucaí, dentro de duas semanas.
“A escola está pronta! O que eu vejo é que a escola está consolidando um sentimento de cada semana estar melhor. No que se propõe um ensaio de rua, nós estamos entregando muito bem Evolução, Harmonia, Samba-enredo. Nós vemos aqui também a questão do andamento, a escola toda certinha. Eu estou ansioso para chegar logo o desfile. O ensaio técnico é um formato novo. Nós já estamos ensaiando na Avenida – naturalmente, comissão de frente e casal em função das quatro paradas -, mas acho que isso é o que mais nos coloca em uma situação de novidade. A escola vai parar quatro vezes e nós temos que fazer um andamento para que isso não deixe o desfile parado. Essa mecânica de fazer isso funcionar é o que estamos esperando para ver no dia. Mas isso já está sendo ensaiado, nós vamos refletir lá o que fazemos aqui. E é uma grande festa! O ensaio técnico hoje já tem esse sentimento de um pouquinho de disputa, já que vocês [CARNAVALESCO] avaliam e todo mundo avalia. Nós vamos para lá para ser o melhor ensaio técnico. É sempre assim que a Imperatriz chega. Onde nós vamos, queremos ser a melhor, porque é assim que vai refletir na Quarta-Feira de Cinzas, se Papai do Céu Oxalá permitir.”, declarou André Bonatte.
A Imperatriz será a segunda escola a desfilar no domingo, 2 de março, primeiro dia de desfile do Grupo Especial. O enredo “Ómi Tútu ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón” está sendo desenvolvido pelo carnavalesco Leandro Vieira. Durante a última semana, a presidente Cátia Drumond anunciou a renovação do contrato de todos os segmentos do time de 2025 para o Carnaval 2026.
Comissão de Frente
Desta vez, Patrick Carvalho trouxe para Rua Euclides Faria a versão da coreografia que representa Oxalá. O integrante que interpreta o orixá protagonista do itan demonstrou um trabalho de corpo impressionante que prende a atenção pelo combinação de expressividade e sutileza, pelo corpo muito curvado, mas de movimentos leves. Enquanto o Oxalá aparenta calma, os outros integrantes da coreografia ora fazem passos curvados como a entidade ora são ágeis com movimentos rápidos e intensos. Em alguns momentos, a encenação sugere que os componentes estarão segurando algum artefato. Essa “ausência” não tira o brilho da apresentação que foi muito aplaudida.
Mestre-sala e Porta-bandeira
Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro arrancaram aplausos do público a cada movimento bem executado. A energia do mestre-sala e a delicadeza da porta-bandeira se complementam durante a apresentação. O casal mostra conexão entre si e com a plateia gresilense. Os movimentos suaves do bailado tradicional encontram os passos mais firmes de características afro, tudo isso acompanhado de giros precisos, confiança transmitida pelo olhar e a alegria que transmitida pelos dois.
Harmonia e Samba-Enredo
A composição da parceria de Me leva, Thiago Meiners, Miguel da Imperatriz, Jorge Arthur, Daniel Paixão e Wilson Mineiro está na boca de cada componente da Rainha de Ramos. Fica evidente durante o ensaio que esse samba-enredo tem momentos de virada que fazem o gás dos integrantes renovar com constância. Exemplo disso é força que os desfilantes cantam partes como “Oní sáà wúre! Awure! Awure!”, “Orinxalá destina seu caminhar”, “Ofereça para Exu”, “Mas o dono do caminho não abranda”, “Justiça maior é de meu pai Xangô” e “Preceito nagô a purificar”.
Do carro de som, o intérprete Pitty de Menezes mostrou mais uma vez sua destreza em conduzir este samba, sua capacidade de incentivar as alas a cantar cada vez mais e sua conexão com a bateria do Mestre Lolo. A comunidade também se mostrou impecável e não deixou o hino da escola cair.
“Cada ensaio a Imperatriz vem crescendo mais no canto. A escola está cantando demais, está praticamente pronta para poder chegar na Avenida, dar um sacode, mostrar a garra da Zona da Leopoldina e buscar essa décima estrela. A tão sonhada décima estrela.”, avaliou Pitty.
O intérprete também comentou sobre a chegada do ensaio técnico na Sapucaí: “O ensaio na Sapucaí, o ensaio técnico, embora seja um treinamento, nós vamos colocar em prática tudo estamos ensaiando aqui. Estamos ensaiando há bastante tempo, a comunidade já dominou o samba. Desde a disputa, a comunidade já vem cantando esse samba. Embora tenha responsabilidade do treinamento, a escola tem que brincar carnaval, fazer o que a comunidade faz que é cantar muito e mostrar para o mundo o que a comunidade de Ramos é capaz de fazer.”
Evolução
A Imperatriz fez um ensaio muito coeso. A escola já desfila na Euclides Faria simulando as quatro cabines de jurados, permitindo testar a fluidez mais próxima do real dos componentes, no dia do desfile. As alas coreografadas passaram evoluindo com bastante garra, assim como a alas comuns desfilaram com alegria foliã, sem muita rigidez para além da divisão demarcada das alas.
Outros destaques
A bateria do mestre Lolo apresentou bossas que mexeram tanto com os desfilantes quanto com o público que foi assistir. A levada da “Swing da Leopoldina” permitiu que os desfilantes se mantivessem animados e com vontade seguir até o final com energia. A rainha de bateria, Maria Mariá, mostrou seu carisma puxando as crianças da comunidade para sambar com ela, evidenciando que a Imperatriz já tem o seu futuro.
Um ponto que deve ser mencionado é a quantidade de alas coreografadas. Eles elementos trazem dinamismo para o desfile, demonstram conexão com o enredo e captura a atenção do público.
Mais imagens do ensaio