Pouquíssimos intérpretes tem a própria carreira tão ligada a uma escola de samba como Ernesto Teixeira em relação aos Gaviões da Fiel. Mais do que isso: conhecido como “a Voz da Fiel”, a agremiação, desde quando se tornou escola de samba, só teve o cantor empunhando o microfone em toda a história.

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ernesto gavioes
Foto: Felipe Araujo/Liga-SP

Em entrevista exclusiva ao CARNAVALESCO, Ernesto falou um pouco não apenas sobre o atual momento e sobre a Torcida Que Samba – mas, também, sobre o carnaval paulistano além do Bom Retiro.

Você viveu vários e vários momentos dos Gaviões enquanto escola de samba e também como torcida. Pensando unicamente no carnaval, em que momento você acha que os Gaviões estão? Os Gaviões estão fortes nesse momento?

“Os Gaviões estão muito fortes, acredite. Os Gaviões vêm se reconstruindo nos últimos tempos, e prova disso é o resultado que a gente já teve no carnaval de 2024. No meu entendimento, em 2025, os Gaviões vêm melhor ainda”.

Os Gaviões têm uma característica muito especial, que é muito alheio às escolas de samba, que são eleições. Pouquíssimas escolas fazem eleições, e os Gaviões tiveram uma eleição no comecinho desse ano. Qual é a sua relação com a atual diretoria dos Gaviões, até porque teve uma troca de comando?

“A minha relação com a atual diretoria é igual a que eu tive com todas as outras que passaram pelo Gaviões da Fiel. Nós somos uma entidade democrática e, durante o período eleitoral, cada um manifesta a própria opinião de acordo com o que entende que seja melhor para a entidade naquele momento. Após o período eleitoral, a gente se une e se fecha de novo. Quem estiver no comando será apoiado e ajudado a trabalhar pelas vitórias para escola de samba e torcida”.

De todos os sambas que você cantou, qual que mais te marcou?

“Puxa… puxando por todos de cabeça, desde a época de bloco, essa pergunta, pode remeter, para muita gente, aos sambas campeões: 1995, 1999, 2002 e 2003. Os Gaviõe, porém, têm muitos sambas bons, safras muito boas desde a época de bloco. Eu gosto muito do samba que foi campeão e eu sou um dos autores, juntamente com o Rifai e do Alemão do Cavaco – Rifai que, inclusive, é um dos autores do samba desse carnaval de 2025: Xeque-Mate. Um samba que foi campeão pela importância de ser um samba que tem uma questãoligada à conotação social, da administração nacional, fazendo uma alusão entre o jogo de xadrez e o dia a dia das pessoas. Falamos que a gente quer dar um xeque na corrupção, que a gente espera que o Brasil vai mudar. Ele passa uma mensagem positiva e faz aquela já conhecida crítica social”.

Excluindo os sambas dos Gaviões, tem algum samba que te marcou e que você queria cantar de algum jeito?

“Sim! Boa parte deles mais antigos. A gente pega os sambas da Cabeções da Vila Prudente (“Do Iorubá ao Reino de Oyó”, de 1981) e da Colorado do Brás (“Catopês do Milho Verde, de Escravo a Rei da Festa”, de 1988), ambos do saudoso Dom Marcos. Tem muito samba bom no carnaval de São Paulo: “Os Três Encantos do Rei (“Camia Verde e Branco 1984), o Rosas de Ouro também tem muitos sambas bons… o Vai-Vai idem, lembro de “Orun Aiyê – O Eterno Amanhecer”. de 1982, samba de Oswaldinho da Coica e do Serginho Raro. Tem muita coisa boa no carnaval de São Paulo”.