Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins
Todo o carnaval paulistano está acostumado a ver Léo do Cavaco interagindo bastante com o público e com os componentes da Colorado do Brás, escola que atualmetne defende. Nos últimos dias, entretanto, ele revelou que sofreu um acidente doméstico e publico vídeos em redes sociais ensaiando com o pé esquerdo imobilizado. A dúvida sobre o desempenho do cantor da vermelho e branco, entretanto, foi completamente dissipada no primeiro ensaio técnico da agremiação, realizado no último sábado: mais que uma boa atuação, ele foi o destaque – seja pelo exemplo, seja pela potência vocal. Com o enredo “Afoxé Filhos de Gandhy no ritmo da fé”, a escola do Centro de São Paulo inaugurará o Grupo Especial, desfilando no primeiro horário da sexta-feira de carnaval (28 de fevereiro).
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Comissão de Frente
O segmento, que teve muito destaque no último desfile, será, nesse ano, novamente coreografado por Paula Gasparini na agremiação desde o desfile de 2023. Para o próximo desfile, quatro componentes tiveram destaque, com fantasias diferentes dos demais – um deles aparentava representar Exu, com um pote e as tradicionais risadas. Há, também, um tripé, com quatro torres – cada uma delas com abóbobadas semelhantes as do Taj Mahal, indiano tal qual o personagem que o afoxé homenageado presta tributo.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Muito elogiados há alguns anos, Brunno Mathias e Jéssica Veríssimo novamente tiveram bom desempenho no ensaio. Em uma noite ligeiramente abafada, os tão famosos ventos do Anhembi estavam bastante contidos e deixaram a dupla bastante à vontade. Inteiramente de amarelo, os dois mostraram bastante samba no pé ao defender o pavilhão da vermelho e branco, com giros precisos e muita energia no bailado.
Harmonia
Ao começar cada desfile, Léo do Cavaco canta que “o Brás é só alegria”. O desfile técnico deixou isso bastante claro: bastante leve, a agremiação estava visivelmente satisfeita por voltar ao Grupo Especial. Sobretudo nos dois primeiros setores, o canto foi destacado. Vale destacar, também, que o carro de som da agremiação tinha a maior potência presenciada pela reportagem na Concentração – mérito da ala musical da escola, já que os equipamentos disponibilizados pela Liga-SP são iguais para todas as agremiações. Vale destacar, também, o ótimo clima desde o começo da apresentação, com fogos saudando os componentes e anunciando a escola.
Em um primeiro momento, João Daniel , diretor de Harmonia da Colorado, detalhou que a força da escola esteve no chão: “Cantamos bem, o samba é muito bom e é um diferencial. A galera vibra e canta! Agora, é alinhar muita coisinha para a galera cantar um pouco mais, porque o samba é muito bom. E é trabalhar a nossa pegada, com o mesmo andamento da escola saindo bem, focada em cantar, que é o mais importante”, afirmou.
Evolução
A grande maioria das alas da agremiação teve um adorno no ensaio técnico, como fitas e bexigas – o que trazia uma boa imagem em relação à dinâmica para quem acompanhava o desfile. O samba também ajudou em tal quesito, já que, em alguns momentos, a agremiação, no verso “Eu vou cantar, eu vou”, começa a se abaixar para, no “Pra saudar”, pular e cantar bem forte. Também é importante destacar a ala coreografada que veio logo após a comissão de frente, deixando a cabeça da escola repleta de movimentos.
A união especificamente entre os ritmistas foi exaltada por mestre Acerola de Angola, comandante da “Ritmo Responsa”, bateria da agremiação: “Eu acho que o clima e esse astral dá para manter para o resto da vida. A bateria aqui é unida, é forte, é firme, é aguerrida. A gente não tem do que reclamar do pessoal aqui, que se esforça bastante. Quinta-feira a gente fez um ensaio específico embaixo de chuva – para quem não sabe, a gente não está em quadra. O ponto positivo é que a gente é muito unido. E os negativos são detalhes da bateria, mesmo. É muita gente nova, muita gente da escolinha. A gente fez uma bateria não digo que do zero, porque a escola já tinha uma bateria, mas a gente foi com bastante gente nova – e a gente procurou explorar essas pessoas novas para a gente conseguir ter frutos para a escola. O ponto negativo é que a gente tem uns detalhes pra arrumar, mas mais porque eles são novos do que porque eles não têm capacidade. Todos têm capacidade. Eles não conheciam a avenida ainda, muita gente nunca tinha desfilado, nunca tinha ensaiado na pista. Agora, a gente vai arrumar esses detalhes”, prometeu.
Samba
A obra, que costuma ser citada como agradável no universo do carnaval paulistano, mostrou que tem força para ir além, com trechos capazes de empolgar e fazer a escola explodir – como dito no quesito “Evolução”. Léo do Cavaco, como já citado, esteve em uma grande noite tanto na execução quanto na resiliência demonstrada por ele durante toda a apresentação. Também é importante relembar a potência do carro de som, citada no quesito “Harmonia”.
Para Acerola de Angola, é possível melhorar ainda mais: “Tudo deu certo, graças a Deus. Mas foi um ensaio técnico e a gente tem muita coisa para arrumar ainda. A bateria não está pronta ainda. A gente viu hoje que tem uns detalhes para arrumar. Mas, à medida do possível, faremos isso. A gente fez o ensaio cedo principalmente para a gente conseguir arrumar os detalhes que faltavam. A gente vai para casa agora para arrumar os detalhes, para voltar aqui mais duas vezes ainda, em outros ensaios gerais para mostrar para todo mundo como é que a gente vai chegar na avenida”, comentou.
Fã da obra, João quer ainda mais canto por parte dos componentes: “Temos que melhorar o canto, porque o samba é muito bom e tem que cantar mais. Temos que ter mais vibração, o chão tem que vibrar e tem que ir para cima. Esse samba é maravilhoso, é uma obra de arte que vai levantar todo mundo, se Deus quiser”, finalizou.
Outros destaques
À frente da “Ritmo Responsa”, comandada por mestre Acerola de Angola, teve duas destaques à frente dos ritmistas: a rainha Camila Prins, em tons de azul, e a princesa Kamilla Mattos, majoritariamente vermelha com detalhes em dourado. Os ritmistas, por sinal, vieram com a mesma indumentária dos Filhos de Gandhy: inteiros de branco, com contas azuis e brancas – os diretores estavam com camisas azuis.
Sobre Léo do Cavaco, a reportagem perguntou para Pollyana Passos, esposa do intérprete, detalhes sobre a lesão. De acordo com ela, o cantor tropeçou em uma pedra na rua em que reside e trincou o tornozelo esquerdo – lesão que o deixou o desfile técnico inteiro na cadeira de rodas e com o pé esquerdo imobilizado.
Colaboraram Naomi Prado, Nabor Dalvagnini e Gustavo Lima
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