Após ser coroada a nova madrinha do Arranco do Engenho de Dentro, Mari Mola fez sua estreia oficial no cargo com um emocionante minidesfile na Cidade do Samba. Ex-Rainha do Carnaval em 2023, ela aceitou o novo desafio em uma escola onde as mulheres são protagonistas, e não escondeu a emoção e a alegria de estar ali, especialmente representando a ala LGBTQIAPN+.
* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp
Para Mari Mola, chegar ao Arranco é uma experiência única. Ela considera um “presente” fazer parte de uma escola que, como ela mesma afirma, tem suas bases solidamente construídas por mulheres. Em um momento de recomeço em sua carreira, a sambista ressalta a importância de estar no Arranco, uma escola com uma forte presença feminina.
“O Arranco é um terreiro muito forte e chego em um momento de uma carnavalesca mulher, é um terreiro construído por mulheres. Eu chego num momento muito especial, uma escola de chão forte de mulheres e nesse enredo que fala de mãe, do sagrado de ser mãe e alimentar seus filhos e todos os outros que estão no caminho, acho que foi um presente ser madrinha do Arranco nesse meu momento de recomeço, mas principalmente ser madrinha da ala LGBT, porque eu acredito que foi uma bandeira que mais levantei durante o maior marco da minha história carnavalesca, sempre falando que sou uma mulher bi sexual, e eu consegui reinar. E estar aqui é maravilhoso”.
Mari Mola sempre lutou pelas causas LGBTQIAPN+. Por ser uma mulher bissexual, ela ressalta que ainda tem muito caminho a percorrer e que sua luta, embora significativa, ainda é um pouco diante do que pode ser feito por causa. Ela falou sobre como se sente ao ser apontada como uma referência dentro do carnaval carioca por seu protagonismo.
“Eu me sinto uma formiguinha dentro de todo esse trabalho porque a comunidade é enorme, tem muito a ser feito, temos que trabalhar muito ainda e tem muita coisa a ser feita para que a causa realmente seja olhada com dignidade da forma que tem que ser. Não é como me sinto e sim o que estou aqui pra fazer, e estou disposta a servir como uma manivela, para que esse movimento seja cada vez mais respeitado”.
Mari, que vem da comunidade do Tuiuti, falou sobre a importância da visibilidade que finalmente estão dando aos sambistas que, assim como ela, vieram de comunidades. Ela destaca que este é um momento especial e único, pois sempre foram essas mulheres que carregavam a escola na Avenida, mas estavam perdendo espaço.
“Essas meninas estarem retomando o protagonismo, porque lá no começo quando o samba era marginalizado, ninguém queria ter esse protagonismo que a gente assumiu. Agora, a gente está retomando e em um momento especial, momento que o carnaval está sendo entendido como essa festa enorme. Essa visibilidades para quem faz este trabalho há muito tempo é muito especial e é um marco”.
Mari Mola é uma mulher que nunca levou desaforo para casa. Ela não foge de nada que a incomode, e as redes sociais muitas vezes se tornam um campo de batalha para ela. Embora hoje tente ser mais paciente, ela reforça que não deixará de se posicionar.
“Eu sou da briga. Sinto vontade de brigar discutir, sou dessas. Agora estou tentando me segurar um pouco mais. Depois que fui rainha do carnaval, me seguro um pouco mais, para ser mais fina, blasé. Escutar e tentar mostrar com trabalho. Acho que as pessoas gostam de falar mal do carnaval, mas eles tem que admitir que é o que movimenta nosso país e nossa cidade. A gente vai crescer cada vez mais, só vem ocorrendo mais mudanças, patrocínios incríveis vindo. Estamos vendo os rostos das meninas das comunidades por aí em campanhas publicitárias, virando influencer com esse movimento da internet. Vão ter que aturar a gente”.