A Unidos de Padre Miguel deu início a sua temporada de ensaios de rua na noite da última sexta-feira, na Vila Vintém, rumo à sua estreia no formato atual do Grupo Especial. Em noite de canto forte da comunidade, os tambores do mestre Dinho ecoaram pela escola e deram o tom de um ensaio vibrante, carregado de vontade dos componentes de manterem vivo o sonho da permanência na elite do carnaval carioca. A performance do carro de som, já no primeiro dia, mostrou que o ritmo será um dos trunfos da UPM para sacudir a Sapucaí. O Boi Vermelho será o primeiro a desfilar, pelo Grupo Especial de 2025, no domingo de carnaval. A escola apresentará o enredo “Egbé Iyá Nassô”, desenvolvido pelos carnavalescos Alexandre Lousada e Lucas Milato.
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O primeiro ensaio quase não aconteceu. Por volta das 20h30, escola chegou a anunciar o cancelamento devido ao mau tempo, mas em menos de meia-hora o ensaio foi mantido. Estava chovendo, mas São Pedro conversou com Nanã e “suspenderam a chuva”, e foi criada a condição para que a Unidos de Padre Miguel desse a sua largada na preparação para o tão sonhado desfile.
“Começou a dar uma chuvinha fraca e, para resguardar nossos componentes, a gente decidiu cancelar. Mas, depois viu que o vento levou a chuva e o povo pedindo, ligando e falando: “mantém, mantém, é na chuva que a gente gosta, não está chovendo tanto’. A Unidos de Padre Miguel é 99% comunidade. E a gente só fez atender o pedido deles”, explicou o diretor de carnaval, Cícero Costa.
Ou por causa da chuva que caiu antes ou por conta do então cancelamento, o contingente não era dos maiores que a UPM já apresentou em ensaios na Belisário de Souza, mas quem ensaiou mostrou que o clima na escola é o melhor, de uma comunidade onde todo mundo está em sintonia e parece que se conhece. Cícero Costa falou sobre o clima leve da UPM.
“Desde quando a gente conseguiu o acesso, a comunidade está feliz, a escola está leve e o barracão está todo vapor. Começamos o ensaio de canto na quadra, agora viemos para a rua e está tudo dentro do nosso cronograma. O que posso dizer é que todo mundo estava esperando a escola vir para a rua para mostrar a força da nossa comunidade e do nosso canto”, disse o diretor de carnaval.
A diretora de carnaval, Lara Mara, também contou que a escola está dentro do planejamento e mandou um recado para a comunidade ficar tranquila pois, no que se refere a estrutura da escola, está tudo em ordem. Em entrevista ao CARNAVALESCO, ela brincou que tem dormido tranquila ao saber que o barracão está em ordem e dentro do calendário proposto pela diretoria.
“Podem ficar calmos que a gente vai passar o nosso Natal tranquilo. Estou dormindo tranquila, em novembro. Espero em janeiro estar dormindo tranquila com tudo montadinho. A gente está bem organizado. Eu estou muito feliz com tudo que a escola está vivendo e tudo que nós estamos proporcionando para a comunidade viver”.
Samba e bateria prometem levantar a Sapucaí
Um dos quesitos para deixar a UPM tranquila é o samba-enredo. De letra forte de uma parceria e refrão potente de outra, que permite a comunidade bater no peito e berrar, a obra mostra que a junção foi um acerto e ganhou a boca do povo, que grita com orgulho morar em terra de macumbeiro.
Durante este primeiro ensaio, o samba para cima, motivado pelo ritmo imposto pela bateria, levou a escola a cantar sem cair o andamento, ainda que este não está definido pela parte musical da Unidos. O cantor Bruno Ribas, elogiou o samba e está confiante em uma ótima performance.
“A direção da Unidos de Padre Miguel pensa muito positivamente no chão da escola. E a decisão de ter o refrão de um samba e o corpo do outro foi exatamente para que a comunidade pudesse estar mais apegada na melodia. Nós temos um samba ótimo e está dominado pela comunidade, então o primeiro passo já foi dado. A gente precisa potencializar o samba na sequência de ensaios para que possa chegar lá e fazer lindo”.
Bruno Ribas explicou que os primeiros ensaios servirão de ajustes. Nessa toada, mestre Dinho contou que precisava ouvir o samba na rua para ajustar o andamento, junto com o carro de som e com a direção musical da escola. Segundo ele, o público pode esperar coisas grandiosas já no minidesfile, que acontece que no próximo dia 29.
“Hoje, eu vou sentir o samba e, depois, sentar com o cantor, com a harmonia e a direção para definir o andamento. Mas, com certeza a gente vai fazer umas coisas grandiosas. Logicamente que eu não vou colocar tudo no minidesfile, mas uma boa parte a gente vai apresentar para o público e para mundo do samba”.
Mostra disso, é que a UPM já tem a introdução do samba. Ela será feita com a cantora Lissandra, acompanhada com toques de atabaques, para criar o clima de terreiro para as apresentações da escola. Na bateria, o mestre está querendo muito. Já no primeiro ensaio, deu o tom da apresentação com três bossas e, segundo mestre Dinho, ao longo da preparação surgirão outras.
Casal focado e adiantado no ritmo da escola
Em novembro, Lara Mara está dormindo tranquila. O samba já tem a sua introdução. A bateria já tem as suas bossas e apresenta três, de início, para mostrar a que veio. E o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Vinicius Antunes e Jéssica Ferreira, já até ensaiou no Sambódromo e tem coreografia quase pronta.
“Ontem (quinta), a gente teve a oportunidade de começar cedo a ensaiar no Sambódromo. Eu fiz questão de já ir testando os movimentos que a gente já tem coreografia pronta, mas até o carnaval isso vai mudar bastante. O ensaio lá foi marcado entre 21h30 e 22h, para a gente já testar o vento desse horário. E fomos surpreendidos com chuva e vento. Então, eu falei: ‘Papai do Céu, já fomos testados, agora não precisa mandar mais para gente’. Mas, correu tudo bem”, contou a coreógrafa Vânia Reis, se derretendo pelo casal com quem faz novo trabalho, em 2025.
Ela contou que está apaixonada pela dupla e que, além do talento, eles têm a energia lá em cima. Xodós do Boi Vermelho, Vinicius e Jéssica tem a confiança da UPM inteira para fazer um bom trabalho e garantirem a nota máxima. No clima leve do casal que não precisa mais provar a que vieram, eles ensaiam na rua como se estivessem flutuando com o pavilhão.
“É muito bom ter o apoio da nossa comunidade e da nossa diretoria e saber que eles acreditam e confiam na gente. Essa confiança vai aumentando a cada dia com a nossa coreógrafa, nosso preparador físico, nossa psicóloga… Esse combo ajuda a gente a chegar ao único objetivo, que é o sucesso. A nossa fantasia já está em andamento e a escola está com um planejamento muito bom, para dar tudo certo”, contou o mestre-sala, Vinicius Antunes.
A porta-bandeira, Jéssica Ferreira, comentou sobre a energia da escola e da comunidade. Para ela, é sem igual poder ensaiar pelas ruas da Vintém, sentindo o calor do público. “Está faltando espaço para caber tanta gente”, diz Lara Mara.
A UPM precisou aumentar o número de componentes para desfilar no Grupo Especial. Ainda na Série Ouro, era uma escola muito procurada por desfilantes. A diretora de carnaval, Lara Mara, revelou que, ao pensar que conseguiria encaixar todos o que pedem para desfilar na escola, se deparou com o número de pedidos aumentarem mais que o número de vagas. Ainda na opinião dela, esse é ponto que mais muda na ascensão de grupo, uma vez que a escola já fazia trabalhos robustos no Acesso.
“Devido aos nossos desfiles que já eram muito bem feitos e todo o trabalho que a escola já vinha fazendo, o que muda no Grupo Especial é só uma questão de preparação e de ter uma organização a mais. Porque a quantidade de componentes triplica, de carros alegóricos aumenta”, contou a diretora.
O próximo compromisso da Unidos de Padre Miguel é na Cidade do Samba, no dia 29 de novembro, celebrando o Dia Nacional do Samba, com um desfile especial para festejar a data. Será a primeira escola a se apresentar e a direção fez um pedido não tão especial para a comunidade.
“A gente pediu o que eles sabem fazer: cantar o nosso samba. Cantar não, berrar! É uma marca da nossa comunidade e, hoje, é o pontapé de partida. Dia 29, a gente tem um compromisso na Cidade do Samba e o que a gente vai pedir é que a comunidade berre nosso samba”, revelou Cícero Costa.
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