A Grande Rio realizou no último domingo uma gira no palco montado na área externa do Baródromo, localizado no entroncamento entre Tijuca e Maracanã. O tradicional bar do carnaval já recebia a apresentação de Igor Vianna com o grupo SER, antes da Tricolor Caxiense subir ao palco, comandada por Evandro Malandro, que cantou diversos sucessos da história da agremiação. O cantor teve a companhia de mestre Fafá, comandando os integrantes da bateria, cantores e apoio da comunidade caxiense e muitos outros reunidos ao lado de fora do bar do carnaval. O intérprete já iniciou cantando o samba da escola de 2025, ‘Pororocas Parawaras – As águas dos meus encantos nas contas do curimbós”, dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, sendo a segunda escola a desfilar na Sapucaí na terça-feira de carnaval.
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O público presente contou com torcedores da escola, sambistas de diversas agremiações prestigiando o evento da Grande Rio, que se apresentou por cerca de uma hora e meia. A noite percorreu com Evandro Malandro, que comandou forte a gira. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o cantor falou sobre a sua visão da escola fazer o evento em meio aos sambistas presentes.
“O Baródromo, como todo o entorno, é um ambiente de muita energia, de muita cantoria, muita alegria, de bons sambistas. Aqui, realmente, vem o pessoal que está preparado para cantar qualquer samba de qualquer ano que a Grande Rio cante. E, além disso, tem o grupo que o Igor Vianna comanda. Estou muito feliz, e isso é muito importante. Falando da apresentação da Grande Rio, eu acho muito importante essa participação em mais uma edição, e mais uma com todo mundo aqui cantando tudo. Isso é importante para o samba-enredo na Sapucaí, para a gente ter no começo do ano o termômetro de como é que vai ser na Sapucaí, e para gente saber como é que estamos em relação ao pessoal de fora de Caxias, também é muito importante. Isso é muito legal para a gente ter esse termômetro, ver como é que está indo os trabalhos. E eu acredito que o pessoal gostou muito porque cantaram muito, de se esgoelar e quando se esgoela para cantar é muito bacana”.
O intérprete também comentou sobre o carinho que muitos sambistas possuem com a Grande Rio, e como isso foi consolidado com um outro rumo tomado pela direção atual da escola: “Eu também enxergo com bons olhos, porque eu acho que esse trabalho se deu por uma mentalidade bacana que veio da nova direção da escola, das pessoas que estão nos seus novos segmentos. Eu acho bacana, e todo mundo entendeu essa proposta que a Grande Rio teve, que eu acho muito importante, muito legal. Só tende a crescer mais, cada vez mais”.
Evandro comentou sobre as conversas ao redor do samba da escola, apontado por diversas pessoas como o samba do ano para o próximo carnaval: “Eu vou começar dizendo que a voz do povo é a voz de Deus. É um clichê que cabe muito bem com a Grande Rio, não só nesse momento deste ano para o samba de 2025. Mas voltando ao que eu já tinha dito, essa posição, essa mentalidade, vamos botar assim que a Grande Rio teve de uns anos para cá, vem rendendo bons frutos, eu vejo que a gente está sim no caminho certo, mais uma vez com a possibilidade de fazer um samba que é muito querido pelo Brasil todo, ser ecoado pela Sapucaí, a plenos pulmões. E eu acho que o caminho é exatamente esse. Quero destacar aqui a nossa, a nossa direção de marketing, comunicação, o pessoal que faz esse trabalho nas mídias sociais, que eu acho que ajuda muito para que a Grande Rio cada vez seja mais vista e, logicamente, com um bom trabalho e só tende a fluir cada vez melhor”.
Thiago Monteiro, diretor de carnaval da Grande Rio, destacou a importância da realização da Gira da escola no Baródromo como um momento de expandir as fronteiras físicas que a escola possui, levando seu samba para além de Caxias.
“É muito bom, porque sempre que a Grande Rio pode ir, ela leva o seu samba, a sua comunidade, porque a gente está com os ônibus aqui também da comunidade que vieram para cá, mas acima de tudo, a gente vê como o nosso samba ganha a rua, como a Grande Rio ganha a rua e ganha o povo independente do lugar. Isso pra gente é muito representativo. A escola está na boca do povo e nas graças do povo. Isso pra gente é muito importante”.
Sobre a realização de eventos parecidos com o do último domingo, Thiago comentou que existem possibilidades e tratativas sendo encaminhadas, e como esses eventos ajudam as escolas e ao carnaval: “A gente sempre estuda essas possibilidades. Por enquanto, a gente ainda não tem anunciado nada, porque estamos em tratativas. Mas, repetindo, sempre onde a Grande Rio puder chegar, puder expandir suas fronteiras, é muito bom. Porque não é só a Grande Rio, é o samba e o carnaval”.
O diretor falou também sobre o carinho que o sambista tem com a escola de Caxias e como esse carinho cresceu nos últimos anos. “Para mim, particularmente, é muito positivo ver, inclusive, que eu fiz parte disso tudo. Só que a Grande Rio também sempre foi uma escola de comunidade, sempre foi uma escola que em Caxias sempre foi pulsante. O que aconteceu de uns anos para cá é que nossos enredos, nossas escolhas de samba têm caído no gosto do público fora da escola. A escola começou a dialogar cada vez mais além das suas fronteiras, e isso é maravilhoso, esse processo”.
Thiago Monteiro comentou sobre a recepção do samba da Grande Rio para 2025, apontado por muitos como o samba do ano. Ele citou detalhes da obra e como ela foi recebida pelos componentes. “Acho que é um sambão, que fica genuinamente paraense, eles fizeram com o coração, falando do lugar deles, de onde eles moram. A gente tinha sambas maravilhosos na disputa do Rio e também do Pará. O escolhido é um samba riquíssimo, com uma melodia linda, que te empurra a cantar. A Grande Rio pode desfilar na minha ótica, durante três horas, que o samba não vai cansar. E ele retrata muito bem a mística e o coração, o cerne desse enredo. Tenho certeza que a gente vai confirmar ainda mais esse samba. Estamos treinando cada vez mais, toda terça, e daqui a pouco toda terça e domingo. Vai se provar ainda melhor na Avenida”.
Mestre Fafá, comandante da bateria, destacou que o evento no Baródromo ajuda a trazer o povo para mais perto da escola: “É do povo para o povo, a gente faz a gira justamente para isso, para trazer o povo para perto da gente, para a gente sentir o nosso samba e eu acho que está mais que provado. Eu sei que o carnaval está começando a engatinhar agora, o pré-carnaval, mas está mais que provado que o nosso samba está na boca do povo. Ele é para o povo e que Jarina, Herondina e Mariana protejam a gente nesse carnaval e nos guiem até o título mais uma vez”.
O mestre também comentou sobre o samba de 2025 da escola vir sendo apontando como o melhor ou entre os melhores: “Eu não me doutrino por enquete de samba-enredo, eu acho que a gente já teve prova na Sapucaí de muito samba muito bom, que entrou campeão, e saiu de lá vice, terceiro, quinto. Temos um samba bom, com melodia incrível, uma letra maravilhosa, mas eu acho que ele precisa ser trabalhado todos os dias, em cada semana, ensaio, e evento que a gente for. Vamos galgar um passo de cada vez”.
Fafá agradecey o carinho que os sambistas estão cada vez mais demonstrando com a escola de Caxias, destacando que isso ocorre por conta dos seus artistas: “O povo começou a entender que a Grande Rio é uma escola do povo. Eu tenho muitos amigos que sempre dizem que quando vão na Grande Rio se sentem muito bem tratados. São três mil e quinhentos artistas que trabalham dia e noite para poder fazer essa escola pulsar, cantar e vibrar. É o pessoal do barracão, da quadra, do marketing, imprensa, é a tia que cozinha. Esses são os verdadeiros artistas da Grande Rio. São as pessoas que choram, que vão sentir, que vão se emocionar. É essa comunidade que, em um domingo desses, largou tudo e veio aqui cantar o nosso samba. Entenderam essa mudança de chave, esse posicionamento da escola de trazer o povo para o povo”.
Daniel Werneck, mestre-sala, também esteve presente na apresentação da escola, e contou o carinho dos sambistas com a Grande Rio: “É uma sensação térmica da gente ver o reconhecimento da galera com o nosso enredo, com o nosso samba. A gente sentiu um pouco do que vai levar para a avenida e ter essa repercussão positiva é gratificante. Acho que a Grande Rio, de uns tempos para cá, ela deu uma repaginada, não só na escola, mas na imagem que tinha perante as pessoas que vinham de fora. A Grande Rio é uma escola 100% comunidade, valoriza as pratas da casa”.
Deniel falou sobre a repercussão do samba da escola para o próximo carnaval e como a obra lembra muito uma oração: “Eu sou suspeito para falar. Realmente, eu acho que o samba veio de uma forma de oração. Tem certos momentos do samba que realmente a gente sente essa sensação, energia, que realmente é o que o enredo vai transmitir”.
Taciana Couto, porta-bandeira, contou o que sentiu no evento no Baródromo e a aproximação com o público. “É uma grande oportunidade da gente se aproximar mais do público carnavalesco. Principalmente é a oportunidade da Grande Rio colocar o samba dela na boca do povo. Acho que vocês viram aí que a galera super abraçou a escola, foi um evento muito bacana e eu fico feliz por essa iniciativa. As pessoas abraçam muito a Grande Rio. A equipe se sente cada vez mais motivada em continuar fazendo o trabalho crescer”.
Para encerrar, Taciana comentou sobre o samba de 2025, ressaltando a beleza da composição: “Acho que a safra 2025 é uma safra incrível, tem grandes sambas e é uma honra Grande Rio estar entre elas. Eu acho meio complicado dizer que é o melhor samba do carnaval, mas a gente tem um samba realmente muito bom. Tem tudo pra fazer um desfile incrível. Vamos para cima, a gente está preparando um carnaval muito lindo, o barracão muito lindo. O trabalho de base da escola da equipe também está fluindo muito bem. E ter esse samba muito bom é a coração desse trabalho. Acho que vai ser aquela cerejinha do bolo lá na avenida e a gente vai fazer acontecer”.