Neste domingo estudantes de todo o Brasil realizaram o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM 2024. O tema da redação deste ano foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. Além do tema estar muito próximo do enredo da Mangueira para o Carnaval 2025, “À flor da terra: o Rio da Negritude: entre dores e paixões”, o samba-enredo do histórico título de 2019 da Verde e Rosa serviu de texto de apoio para os candidatos.

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“Muita gente talvez não pense nas escolas de samba como lugares que educam, seja por desconhecimento ou preconceito. Mas elas educam e, como vimos hoje no Enem, muito para além do chão de suas próprias comunidades”, avalia Guanayra Firmino, presidente da Estação Primeira de Mangueira. “Nós fazemos toda a sociedade brasileira pensar nos temas da negritude, e portanto da herança africana. É um jeito de fazer história. De fazer uma outra história”, conclui.

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Foto: Acervo Liesa/Divulgação

Para Sidnei França, carnavalesco da Mangueira e autor do enredo que a escola vai levar em 2025 para a Marquês de Sapucaí, “(…) a pauta identitária como proposta temática da redação do ENEM, relevante para os rumos de toda uma geração, coloca a narrativa reivindicatória das Escolas de Samba em compasso com as necessidades do seu tempo”, analisa. “Isso comprova meu pensamento de que o Brasil se tornará ciente de si quando reconhecer e enaltecer sua ancestralidade africana para além dos aspectos culturais, mas também e – principalmente – como uma sociedade alicerçada na coletividade, no matriarcado e no afeto. As escolas de samba, em sua proposta basilar de aquilombamento, servem de modelo para reinventar o Brasil!”, define.

Em 2025, a Mangueira será a quarta e última escola a desfilar no domingo de Carnaval. A agremiação busca o campeonato com o enredo “À Flor da Terra: o Rio da Negritude entre dores e Paixões”, do carnavalesco Sidnei França. A Verde e Rosa apresentará na Marquês de Sapucaí uma narrativa baseada na historicidade preta de forte cunho social, um olhar sobre a presença dos povos bantus na cidade do Rio de Janeiro. Eles representaram a maioria dos negros que escravizados e trazidos para o Cais do Valongo, na Pequena África. A Mangueira retratará a vivência dessa população em toda a cidade, mostrando como sua história floresceu e ainda floresce em solo carioca.

Já História pra Ninar Gente Grande foi o enredo apresentado pela Estação Primeira de Mangueira no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro do carnaval de 2019, com o qual a escola conquistou o seu vigésimo título de campeã do carnaval carioca, três anos após a conquista anterior, em 2016. O enredo da escola fez uma revisão da História do Brasil, exaltando lideranças populares negligenciadas pela narrativa oficial, como Dragão do Mar, Luísa Mahin e Cunhambebe, e desconstruindo a imagem de figuras apontadas como “heroicas” tais como Pedro Álvares Cabral, Marechal Deodoro da Fonseca e Dom Pedro I. O samba-enredo composto por Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Silvio Moreira Filho (Mama), Márcio Bola, Ronie de Oliveira, Danilo Firmino, Manu da Cuíca e Luiz Carlos Máximo foi vencedor de diversas premiações e foi aclamado antes mesmo do carnaval acontecer.