Durante a festa promovida pela Colorado do Brás no dia 25 de agosto para o lançamento do samba-enredo para o carnaval de 2025, o presidente Antônio Carlos Borges, conhecido como Ka, fez um discurso para a comunidade acompanhado de lideranças da escola e aliados políticos. A comunidade conheceu as primeiras informações sobre o projeto da tão sonhada quadra própria, parte de um compromisso do ex-prefeito Bruno Covas assumido pela atual gestão municipal. Em conversa com o CARNAVALESCO, ele detalhou a trajetória para tornar o sonho da Colorado realidade, que contou com participação ativa do vice-presidente da escola Marcelo Patchoco e de amigos próximos.
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“É o sonho da escola, sempre foi. Eu e o Patchoco assumimos a escola em 2010 para 2011 já sem quadra. É uma luta árdua, não é desde ontem. A gente almejava a quadra até antes de subir para o Especial porque queremos uma estrutura e a quadra é primordial. Hoje não sabemos se vai chover, mas a tenda que usamos não é doação, ela é alugada. Da logística daqui, praticamente 90% dela é alugada. É muito desgastante, montamos tudo hoje e a gente vai desmontar tudo hoje. Graças a Deus a gente tem em volta a parceria de muitas pessoas que abraçam a nossa causa, os diretores da escola, mas ainda assim é desgastante pra caramba. Através do Diego, da Paulinha, que é esposa dele, e de outros amigos em comum, eles conseguiram me colocar na prefeitura. O Ricardo Nunes já tinha se proposto, ele falou que realmente ia arcar com a palavra do Bruno Covas lá atrás e eu mostrei para ele o vídeo do Bruno se comprometendo a dar um espaço para nós, que não era justo só a Colorado do Brás não ter. Só levei para eles isso e o prefeito falou: ‘vou abraçar a causa, a partir de agora o compromisso do Bruno passa a ser meu’, e a gente conseguiu graças a Deus um espaço que levantamos junto através do nosso vice-presidente. O Marcelo tem essa paciência, buscou alguns espaços aqui no bairro, que é difícil até por ser centro, por ser um metro quadrado caro e samba, infelizmente, é banalizado nesse aspecto de dar um espaço para o carnaval e não para outros fins. Hoje já estamos protocolando, já está acontecendo, já tem um endereço, até me emocionei no palco. Há 30 dias a gente deu entrada e acredito que vai mais uns dois meses e, se Deus quiser em até menos, poderemos divulgar para o nosso povo, para a nossa família, para as pessoas que estão com a gente desde o começo, para que a gente possa comemorar, chorar, abraçar e ter nosso espaço”, declarou o presidente.
Com o desafio maior de conseguir um espaço superado, a próxima etapa é a construção da quadra. Ka destacou o apoio político para começar a erguer o sonho, mas prefere ser paciente e garantir que cada etapa seja concretizada gradualmente.
“Temos uma parceria com a vereadora Sandra Santana, onde ela consegue ajudar a gente em algumas coisas. Ela tem engenheira, tem todas essas partes e também logística, e por enquanto a gente vai um passinho por vez. Ganhamos o espaço, vamos cercar. Ganhamos de verdade, tem o documento no nosso nome, está tudo direitinho? Aí a gente vai atrás desse sonho que é construir, que sabemos que não é fácil”, afirmou.
Em meio à rotina agitada do Brás, um dos maiores polos comerciais da cidade, quem passa pelo número 141 da Rua Itaqui durante a semana pode se surpreender com o fato de que o pequeno prédio se trata do principal endereço de uma escola de samba da elite do carnaval de São Paulo. Ao longo de sua quase cinquentenária história, a Colorado do Brás é uma das provas de que o samba e as ruas pertencem ao povo. Como verdadeiros guerreiros, a comunidade Vermelho e Branca supera ano após ano desafios árduos para a menor das atividades relacionadas ao processo de construção de um desfile, e muitos deles podem ser sanados com sua própria quadra. É por eles que o presidente Ka não mede esforços para tornar esse sonho realidade.
“É um povo aguerrido, de verdade. É um povo carente, um povo que acolheu nosso mundo, nossa história, nosso projeto, nosso jeito de ser que não é fácil. É uma luta, se chove a gente não sabe o que fazer, se vai ensaiar, se vai cancelar, se vai para a Portuguesa, que a gente tem uma parceria em que ela também cede um espaço de uma quadra de futebol de salão para nós. Não é fácil, é uma luta de verdade, se você começar a andar verá gente desmontando mesa, desmontando cadeira, carregando grade. É desgastante pra caramba, mas nós somos lutadores. Um guerreiro não foge da luta e a gente vai conseguir nosso espaço, se Deus quiser”, concluiu.