O Império de Casa Verde foi fundado em 27 de fevereiro de 1994 e a ascensão foi meteórica, em 2003 já estava no Grupo Especial e 2005 foi campeão, repetiu a dose em 2006. Logo recebeu o apelido de ‘Caçulinha do Samba’, com apenas doze anos já tinha dois títulos. A tricampeã do carnaval, venceu o primeiro título com o enredo: “Brasil: Se Deus é por nós, quem será contra nós?”, e o bicampeonato veio com “Do Boi Místico ao Boi Real – De Garcia D´Ávila na Bahia ao Nelore – O Boi que come capim – A Saga pecuária no Brasil para o Mundo”. Em 2016, veio o tri, “O Império dos Mistérios”. De lá para cá, foram quatro vezes no desfile das campeãs e outras duas que bateu na trave com o sexto lugar, como foi em 2024 no enredo em homenagem à Fafá de Belém.

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Fotos: Fábio Martins/CARNAVALESCO

A ‘caçulinha do samba’

O diretor de carnaval, Tiguês falou sobre o apelido da escola que completou trinta anos de história: “São 30 anos aí, já não é tão Caçula, tão nova, mas uma escola que tem uma história muito bonita, foi ascendendo o grupo a grupo até chegar no Grupo Especial, foi muito jovem campeã do grupo especial. no terceiro ano de desfile no Especial com o título. E ao longo dos anos colhemos alguns insucessos, algumas coisas que não foram tão legais, mas a maioria das vezes esse sentimento de felicidade, de gratidão ao pavilhão, de gratidão à escola, ao nosso Presidente ele sempre fica lá”.

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Diretor de carnaval, Tiguês

Em contrapartida, o diretor de harmonia disse que a escola nunca deixará de ser a Caçulinha do Samba: “Esse título de caçula ninguém vai tirar da gente. Podem vir outras escolas, mas ficou muito marcada com o Império”.

A Caçulinha já tem trinta anos, e Serginho complementou falando sobre o sentimento pelo pavilhão: “Olha, 30 anos de Império, ela fala por si só. O Império é uma escola que se transforma. Uma agremiação que quando você olha desde 2003 e 2004, você percebe. ‘Ah é grandiosa, e luxuosa, sim’, mas ela também é uma escola aberta para todos, que abraça a todos, que recebe todos e que vem mudando o público, mudou de endereço, que também teve essa transição de presidente, mas que sempre tem trazendo na sua essência a diversidade, as pessoas, recebemos as pessoas de braços abertos. Então os 30 anos reflete isso, é uma escola em evolução, não é uma escola que está parada no tempo. Uma escola que está evoluindo conforme o tempo. Trinta anos é maravilhoso, feliz demais de poder estar aqui e ficou triste um pouco de ter saído e de ter voltado, mas como se eu tivesse saído em um dia e voltado no outro”.

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Serginho, diretor de harmonia

História dos diretores se cruzam no mesmo ano

Dois nomes marcantes no Império de Casa Verde são dos diretores, o Tiguês e Serginho, que estão há muitos anos na agremiação e iniciaram curiosamente no mesmo ano, em 2004, mas cada um trilhou seu caminho até chegar na diretoria de um quesito.

No caso do diretor de carnaval, Tiguês contou sua história: “Eu estou aqui há 20 anos, eu vim para cá como ritmista em 2004. Tô aqui há 20 anos, fui aí fazendo uma espécie de plano de carreira. Fui chefe de aula, fui harmonia e virei diretor de carnaval. Tô no cargo há onze anos e cara para mim é uma honra, uma devoção muito grande que eu tenho. É o meu trabalho, é aquilo que eu gosto de fazer, que eu amo fazer e quando você gosta do que faz não é bem um trabalho. E aí você faz um lugar que você ama fica mais fácil ainda”.

Já, Serginho que começou na Morada do Samba, mas teve mudança de rota: “Cheguei no Império em 2004, junto com o meu pai, com os meus tios e a gente se encantou com a escola pelo jeito, pela estrutura, do jeito que ela tava olhando pro carnaval. Então naquela época já tínhamos a certeza que a escola, o Império era uma escola que nasceu grande e aí fiquei de 2004 a 2010, saí da escola. Tive alguns problemas particulares e volto em 2018, estou até hoje e pretendo não sair. Até teve um ano de 2022 para 2023, o presidente me ligou e falou ‘e aí’, e eu respondi: ‘só saio quando você quiser, se você não quiser não saio e tá tudo bem”.

O diretor de harmonia ainda ressaltou a agremiação: “Então a Império para mim, eu costumo dizer né? Eu tenho uma escola que eu aprendi a ser sambista que é a Mocidade Alegre, que eu respeito muito. Mas o Império de Casa Verde me fez ser diretor de Harmonia, foi a escola que me abriu as portas. Então eu sou gratidão do meu chão, de onde eu venho, mas hoje com muito amor, com muito carinho, meu coração azul e branco. Foi o Pavilhão, foi a escola que me abriu portas. Tenho que ser grato e grato ao presidente Alexandre, toda a diretoria, ao Tiguês que é nosso diretor de carnaval, um cara incrível sempre tô do lado, sempre aprendendo. O Império de Casa Verde é a minha escola que eu quero levar pro resto da vida”.

Mudança de endereço

O Império de Casa Verde teve uma mudança de endereço, onde fica na Avenida Engenheiro Caetano Álvares, e agora está localizada ao lado do Anhembi, Rua Brazelisa Alves de Carvalho.

Serginho elogiou a mudança de endereço da agremiação que segue na Casa Verde: “Essa mudança é fruto do nosso presidente Alexandre Furtado, ele que batalhou muito para isso e acho que aqui é Império vem com uma virada de chave justamente com sambas enredos, com quadra nova, público novo. Então já somos uma escola de comunidade, mas você percebe frutos novos saindo dessa caçula sabe. E acredito que a mudança de quadra ajudou bastante. E você vê o povo do carnaval vindo, estando presentes, vem na festa do Ziriguidum. Tá todo mundo sempre esperando que a próxima festa que vem aí. Já aproveitando para convidar todo mundo que vai ser dia 26 de outubro. Casa nova, pessoas novas, sambas que também vem marcando, tudo isso é a nova Império de Casa Verde, nova não digo assim, mas ao novo endereço do Império de Casa Verde que traz tudo isso”.

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Assim como relatou Tiguês em relação a mudança de quadra: “Depois que mudamos de endereço, o perfil da escola mudou, o estilo de desfile da escola mudou, conseguimos colocar mais a nossa cara de uma forma mais interna mesmo. Uma coisa que a gente gostava de fazer aqui dentro e tinha que colocar pra pista. Então já fazem três anos aí que a gente vem grandes desfiles, grandes espetáculos. Independente do título ou não, o trabalho dentro de casa tem sido bem feito e cara. Estamos bem felizes com esse elenco que temos aqui”.

Trabalho de 2024 e elenco todo renovado

A agremiação da Casa Verde, Zona Norte de São Paulo, apresentou o enredo “Fafá – A Cabocla Mística em Rituais da Floresta” em homenagem à Fafá de Belém e ficou em sexto lugar, fora do desfile das campeãs. Mas antes mesmo da apuração, o elenco todo estava renovado, afinal o Império foi bem elogiado pelo mundo do samba por conta do desfile realizado, e os diretores ressaltaram todo o trabalho na construção do último carnaval para a manutenção do time.

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Avaliando o trabalho em 2024 e mudanças para 2025, o diretor de carnaval Tiguês disse: “Se a gente for olhar bem, for puxar pela memória, o presidente renovou a escola inteira todo mundo no domingo de carnaval, confiando não só que poderia vir um título ou algo melhor do que o sexto lugar, né? Mas principalmente valorizando o nosso trabalho. O que é importante sabermos que existe essa valorização, que existe esse tipo de reconhecimento por parte do presidente, por parte do Fabinho nosso vice-presidente e a nossa diretoria executiva nós não tivemos nenhuma mudança. Continuamos com a mesma equipe e só fortalece, você ter sempre a mesma equipe por anos, você acaba tendo uma continuidade de um trabalho bem bonito”.

Seguindo a mesma linha, o diretor Serginho mostrou otimismo com o entrosamento do elenco: “Não dá para jogar fora o trabalho. Foi um trabalho super positivo, como você falou dos prêmios. Os prêmios também dizem, é importante dimensionar. Muito respeito à campeã, mas também fizemos um baita desfile. Cabeça de jurado é sempre uma caixinha de surpresa. Enfim acho que agora é zeramos 2024, entendemos ali o processo e estamos reformulando algumas coisas. Não estamos jogando tudo fora, mas estamos entendendo que talvez vale ousar um pouco mais. O Império já é uma escola ousada, mas acho que vale ousar um pouco mais e é um pouco desse projeto que vem para 2025. Um pouco mais de ousadia em uma escola que já é ousada, de uma escola que não tem medo de arriscar. Então por isso que eu tô te falando 2025 vem coisas boas, vem coisa diferente aí”.

Estratégia de lançamento de enredo, samba e escolha do horário

O diretor de carnaval revelou ser uma estratégia em ser a última a lançar o enredo e também o samba-enredo para sentir como está o cenário do samba, seja as concorrentes ou as mudanças de regulamento, como explicou Tiguês em entrevista exclusiva.

“Não deixa de ser uma estratégia. Acabamos tendo tempo, né de analisar muita coisa e de poder olhar o tabuleiro do carnaval de uma forma mais assertiva. E esse enredo aí a gente tinha outras possibilidades. O Leandro apresentou outras possibilidades pra a gente e nós tivemos aí a felicidade de aparecer esse enredo eu que sou uma amante da literatura para mim foi uma coisa maravilhosa. Acaba virando uma estratégia porque você consegue entender o cenário do carnaval. Estávamos esperando o máximo que conseguimos, nessa questão de mudança de jurados e tal, para entender de que forma que iriam julgar a surpresa e tal. Infelizmente não deu tempo, mas foi estratégico sim, a gente poder inclusive a colocação, né, a posição da gente no dia do desfile no sábado de carnaval. A segunda escola também é uma estratégia da gente”.

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Em relação ao samba, antes de ser lançado oficialmente, Serginho tinha ressaltado ao CARNAVALESCO: “Para 2025 também é óbvio que às vezes tem essa comparação, mas a gente vai tentar fazer o melhor que se enquadre dentro do enredo que faça com que seja também um samba que a escola se identifique consiga ali ter essa conexão como foram os anos que você comentou. Mas acredito que assim como o diretor de Harmonia é bom, é ótimo quando você tem um samba bom ajuda muito no projeto. Mas também tem força para tentar fazer o melhor porque no geral tanto a escola quanto toda a comunidade do samba vai esperar que essa escola venha cantando. Um samba bom que vem ali então como nosso diretor de carnaval fala, o Tiguês, tentamos forçar para cantar para Deus ouvir e isso é uma marca da Império de Casa Verde também. Então 2025, vamos cantar muito mais alto para Deus ouvir”.

Império explica escolha por barracão próprio

O diretor de carnaval relatou a escolha da escola por não utilizar a Fábrica do Samba: “É um espaço maravilhoso, não resta dúvida, todas as escolas estão bem lá. Mas para o Império se você olhar a facilidade que temos estando do outro lado da rua, para transporte de alegoria e para qualquer eventualidade na hora do desfile, para montagem da escola, então nós somos verdadeiros felizardos mesmo de ter uma localização muito privilegiada praticamente dentro do Sambódromo. E até porque nós temos um presidente que gosta muito dessa questão do gigantismo. E aí o gigantismo você precisa ter espaço para que você possa produzir. Então não só a altura, largura, comprimento, você precisa ter algo que funcione. Talvez lá na Fábrica do Samba, não desse. Então é completamente estratégico mesmo, não tem jeito”.

O Império de Casa Verde tem como enredo para 2025: “Contando Contos: Reinos da Literatura” e será a segunda escola a desfilar no sábado de carnaval, dia primeiro de março.