Por Allan Duffes, Luan Costa e Matheus Morais

A Estação Primeira de Mangueira, “dona das multidões”, escolheu o samba-enredo da parceria de Lequinho, Júnior Fionda, Gabriel Machado, Júlio Alves, Guilherme Sá e Paulinho Bandolim para o Carnaval 2025. A escola terá o enredo “À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões”, que será desenvolvido pelo carnavalesco Sidnei França. O resultado saiu por volta das 5h deste domingo. O Palácio do Samba, como sempre, ficou lotado e a Verde e Rosa fez uma linda festa para escolher sua obra para o desfile do ano que vem. Destaques para a bela performance da bateria, ala musical e os segmentos, sob direção de Fábio Batista, que fizeram um show impecável, digno da segunda maior campeã da história do carnaval do Rio de Janeiro. * OUÇA O SAMBA DA MANGUEIRA PARA 2025

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“A emoção é como se estivesse ganhando o primeiro samba, porque ela se renova. Quando a gente entra na disputa, esquece tudo aquilo que já passou. Foca em tentar representar a nossa escola na avenida. Graças a Deus temos essa oportunidade novamente. O enredo é necessário. Tem que ser contado, não só uma vez, mas com essa temática muitas outras vezes. Porque o carnaval é do povo preto. Nós temos que agradecer ao povo preto por hoje estarmos pisando na avenida, porque foram eles que plantaram essa semente. Colher o fruto é fácil, mas quem sofreu para poder plantar a semente foram eles. Temos que agradecer e temos que cantar várias vezes em enredos de temática afro na Marquês de Sapucaí”, disse o compositor Lequinho ao CARNAVALESCO.

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Compositor Lequinho

“Foi minha sexta vitória aqui. Cada vitória é como se fosse a primeira, essa escola é sagrada. Eu me sinto um ser humano muito privilegiado de fazer parte disso. Eu me sinto como em meu primeiro ano. A Mangueira, para gente relembrar o velho Luizito, é a maior escola de samba do planeta. Quem não sente isso não tem nem que pisar aqui, a Mangueira é a maior escola de samba do planeta e sou um privilegiado”, comentou o compositor Paulinho Bandolim.

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Compositor Paulinho Bandolim

“Uma vitória difícil, mas graças a Deus, deu a gente aí nessa disputa acirrada. Um samba bonito, que a própria quadra abraçou. Era meu sonho ganhar um samba na Mangueira. Não consigo dizer um trecho favorito. Eu gosto do samba todo”, completou o compositor Júlio Alves.

Galeria de fotos da final de samba da Mangueira para o Carnaval 2025

Em entrevista ao CARNAVALESCO, a presidente Guanayra Firminou revelou com exclusividade que será candidata para reeleição. Ela falou sobre a contratação do carnavalesco Sidnei França, multicampeão em São Paulo, e ainda citou que não faltará recursos para o projeto do desfile de 2025 da Verde e Rosa.

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“Acompanhava o trabalho do Sidnei França em São Paulo. Gostava muito do que fazia lá. Quando ele apresentou o enredo da Mangueira para 2025 foi amor a primeira vista. Tem a nossa cara. É forte! O mangueirense pode esperar um desfile potente. Temos um samba valente e que descreve muito bem o nosso enredo. Nos últimos dois anos, não dei muita sorte nas alegorias, mas o investimento fiz, não depende só de mim o resultado, mas garanto que não faltará recursos para o Sidnei França desenvolver o projeto inteiro. Acho que agora vai dar certo. Já estamos reproduzindo nossas fantasias. Nossos carros já estão na madeira e o abre-alas começou a decoração. Sobre a eleição do ano que vem, eu vou ser candidata para reeleição. Não é fácil ser mulher e presidente da Mangueira, mas dou conta. Não tenho e nunca tive medo de desafio”, garantiu a dirigente da Verde e Rosa.

Desfile ousado na parte plástica

Campeão por diversas vezes em São Paulo, Sidnei França chega na Mangueira para dar segurança para a parte plástica da Verde e Rosa.

“Eu tenho uma trajetória consolidada em São Paulo e agora iniciar um novo ciclo na Mangueira é uma consagração e é também uma oportunidade de testar o meu trabalho em um outro formato, outro Sambódromo, outro estado. Tem sido muito rico, valoroso e o meu coração de sambista está em festa, tenha certeza. Afinal de contas, a Mangueira é um patrimônio da cultura popular brasileira. É uma nova cara de Mangueira, menos tradicional, menos ligada à sua tradição quase centenária, e um desfile mais ousado, mais arrojado do ponto de vista estético. O nosso samba tem a garra do povo da Mangueira e a temperatura do povo da Mangueira. O trunfo é ter um enredo que fala sobre ancestralidade, a cultura preta, sobre o Rio de Janeiro negro. A partir daí, evidenciar, explorar, exaltar o seu chão, a sua raça, mais uma vez, para triunfar no carnaval”, explicou ao CARNAVALESCO o artista mangueirense.

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Carnavalesco Sidnei França

Plástica perfeita com o chão da comunidade

Contratado para o desfile de 2025, Dudu Azevedo, diretor de carnaval da Mangueira, explicou o que representa chegar na Verde e Rosa e contou com está a programação para o desfile do ano que vem.

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“A Mangueira tem sua história e está sempre nas prateleiras mais altas do carnaval. O pedido da comunidade é voltar para essa prateleira. Quando a gente encontra uma gestão como da presidente Guanayra, que quer planejar, organizar e desfilar bem, é colocar a escola na avenida para que a comunidade mostre a emoção. A gente tem o planejamento de desfilar com cinco alegorias, sendo que uma acoplada e três tripéis. Aproximadamente 3.300 componentes. A Mangueira é gigante e ninguém pode ficar de fora. O trunfo é unir uma plástica perfeita com esse chão de comunidade que a Mangueira possui. Esse é o caminho para a Mangueira estar onde nunca poderia sair”, disse o diretor de carnaval.

Em um momento espetacular de rendimento, os intérpretes da Mangueira, Marquinho Art Samba e Dowglas Diniz, conversaram com o CARNAVALESCO e abordaram o trabalho em parceria com a bateria.

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“O processo para o sucesso tanto do carro de som, como a bateria é o conjunto. É o respeito que a gente tem um com o outro. A bateria, os mestres, eles possuem livre-árbirtro de vir poder opinar dentro do trabalho da gente, da ala musical, como também a gente pode opinar no trabalho da bateria. Ter o trabalho o nosso trabalho do carro de som sendo reconhecido pelo carnaval é uma felicidade. O nosso samba para 2025 é para o mangueirense cantar com o coração”, dise Dowglas Diniz.

“As coisas vão melhorando a cada ano que passa e vem o entrosamento. Nós fomos montando o time do carro de som dentro da necessidade de cada samba. E hoje sestá criado esse carro de som dos sonhos, maravilhoso. A gente vai trabalhar muito para poder chegar no rendimento melhor possível do samba na Avenida”, completou o cantor Marquinho Art Samba.

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Mestres Taranta Neto e Rodrigo Explosão

Comandando uma das melhores baterias do carnaval, no atual momento, os mestres Taranta Neto e Rodrigo Explosão formaram uma dupla de ouro para a “Tem que respeitar meu tamborim”. Ao CARNAVALESCO, eles falaram do trabalho para 2025.

“A gente procura sempre evoluir. Fazer o melhor trabalho possível, a gente sabe que estamos vindo com uma pegada e para manter um nível de nota, a gente precisa sempre continuar elevando a bateria. Temos um enredo que propõe fazer coisas boas que possam ajudar a gente a levar essa nota 40 que queremos pegar novamente”, contou mestre Rodrigo Explisão.

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“O balanço de 2024 gente foi muito positivo, foi 1000%. A gente conseguiu entregar o trabalho que queríamos. Conseguimos a nota para escola. Agora, o nosso samba está dentro do enredo que o Sidney França propôs. E vem aquele tempero. Aquelas possibilidades abertas para gente fazer o nosso trabalho, a escola evoluir bem, aquela melodia mangueirense de bater no peito. O resto a comunidade abraça”, assegurou mestre Taranta Neto.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira da Verde e Rosa, apelidado de “Casal Furacão”, conversou com o CARNAVALESCO sobre a sensação após o ótimo desfile da dupla em 2024 e o que esperar de 2025.

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“Dever cumprido no desfile de 2024, acho que é sempre um dever cumprido dançar para essa comunidade, ver a festa da nação, representar a Estação Primeira de mangueira é incrível. A Mangueira sempre merece excelência. Sobre a fantasia de 2025 é aquela pergunta meu caro amigo que você vai ficar sem a resposta. Aguenta coração”, brincou o mestre-sala.

“Foram as notas que Estação Primeira de Mangueira precisava e a presidente Guanayara Firmino merecia. Já vi a fantasia. O Sidney França é extremamente cuidadoso desde quando ele desenhou até agora”, citou a porta-bandeira.

Evelyn Bastos elogia sensibilidade do carnavalesco Sidnei França

Mais um ano como rainha de bateria da Mangueira, Evelyn Bastos falou da fantasia para o desfile de 2025 e o trabalho como presidente da Mangueira do Amanhã.

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“Eu ainda não peguei o desenho da fantasia, mas ele (Sidnei França) é um carnavalesco incrível e eu admiro muito o trabalho dele. É extremamente sensível com a comunidade, com o que ele faz e ele é diferente. É especial porque muito mais do que você ser um profissional muito bom na sua área quando você tem a sensibilidade do artista, faz com que o profissional seja ainda mais de bem sucedido. Eu, como presidente da Mangueira do Amanhã, sinto todas as dificuldades de colocar um desfile mirim na rua, não só colocar o desfile na Sapucaí, mas ter ensaios, trazer as crianças para dentro das quadras. É um trabalho de formiguinha”, afirmou Evelyn Bastos.

Responsáveis pela comissão de frente da Mangueira, os coreógrafos Lucas Maciel e Karina Dias, falaram sobre a estreia na escola em 2024 e projetaram o desfile do ano quem vem.

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“O balanço de 2024 é de dever cumprido. É tanto esforço, tanta entrega, que é só uma coroa do trabalho. Eu acho que é um banho de descarrego quando vêm as notas. Cada ano é ano e a gente está correndo muito atrás e querendo muito que isso se perpetue. Já planejamos tudo tudo para 2025”, citou a coreógrafa.

“Quando saíram nossas notas, a gente se ligou e começou a chorar sem falar nada. Foi só gratidão por tudo que a gente passou e ter nosso trabalho reconhecido. Isso é maravilhoso. A gente recomeçou mais um ano agora. Vamos buscar esses 40 pontos agora para 2025. E cada ano é um ano. A gente acaba um ano, encerra, agradece por tudo que passou, mas recomeça do zero”, completou o coreógrafo.

Como passaram as parcerias na final

Parceria de Chacal do Sax: O primeiro samba da noite foi de autoria de Chacal do Sax, Fábio Martins, Marcelo Martins, Bruno Vitor, Jean do Ouro e Pastor Gaspar. A dupla de intérpretes Tem-Tem Jr e Emerson Dias foram os responsáveis por conduzir o samba nesta noite e juntos contribuíram para que a obra conseguisse conquistar atenção do público presente desde o primeiro minuto de apresentação. Foi uma apresentação com início forte e extremamente aguerrido. A melodia tem uma cadência firme e envolvente, fazendo com que o ritmo se alterne entre passagens mais suaves e momentos mais intensos. Porém, durante a apresentação houve uma alternância no canto, foi possível notar principalmente quando a bateria e os cantores pararam de cantar, faltou mais constância para sustentar lá em cima.

Os destaques ficaram para os refrões, que foram bem cantados, porém, a parte que incendiou a quadra foram os versos que antecedem o refrão principal, “Eu sou mais um Silva, do buraco quente, da massa funkeira, sou linha de frente, cria de Mangueira, produto do nosso quintal”. Vale destacar ainda a presença maciça da torcida, com bandeiras nas cores da escola e luzes e muita animação.

Parceria de Ronie Oliveira: O segundo samba a se apresentar nesta noite foi composto por Ronie Oliveira, Jotapê, Giovani, João Vidal, Miguel Dibo e Cabeça Ajax. A obra foi conduzida pelos intérpretes Charles Silva e Gilsinho, a dupla, aliada a um carro de som entrosado, conduziu de forma consiste a obra.

A obra passou de forma linear nesta final, os momentos de maior explosão ficaram para o refrão principal, a torcida, bem numerosa e com balões coloridos contribuiu para que a apresentação fosse boa. Porém, a sensação é de que faltou estofo para uma passagem mais explosiva. O canto não se sustentou durante a parada dos cantores e da bateria.

Parceria de Lequinho: O último samba da noite teve autoria de Lequinho, Júnior Fionda, Gabriel Machado, Júlio Alves, Guilherme Sá e Paulinho Bandolim. No comando, um carro de som de peso, liderado pelos intérpretes Tinga e Pitty de Menezes, ambos deram um show e foram peças fundamentais para o excelente rendimento nesta noite. A parceria é composta por autores acostumados a ganhar samba na Mangueira, o samba deste ano tem características marcantes que fazem com que o torcedor se identifique, além de contar bem o enredo, a exaltação ao pavilhão está presente e mexe com brio do mangueirense.

A apresentação desta noite foi excepcional, o rendimento se manteve alto durante todo o tempo, não foi possível perceber quedas notáveis, o entrosamento com a bateria foi nítido, assim como sinergia com o público presente na quadra. A torcida foi a maior da noite, extremamente animados e com o samba na ponta da língua eles deram um show. Como destaque é possível mencionar os refrões principais e também o verso que abre a segunda parte do samba “Forjado no arrepio da lei que me fez vadio, liberto na senzala social, malandro, arengueiro, marginal”. Ao final da apresentação, de forma unânime, os presentes na quadra gritaram “é campeão”, foi a coroação de uma apresentação impecável.