Por Allan Duffes, Gabriel Gomes e Luan Costa
A Viradouro escolheu o samba-enredo da parceria de Paulo César Feital, Inácio Rios, Marcio Andre Filho, Vitor Lajas, Vaguinho, Chanel e Igor Federal para levar para Marquês de Sapucaí para o Carnaval 2025 e brigar pelo bicampeonato consecutivo do Grupo Especial do Rio de Janeiro, que seria o quarto da agremiação de Niterói. A escola, em 2025, terá o enredo “Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos”, que será desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon. * OUÇA AQUI O SAMBA DE 2025
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Aos 73 anos, o compositor Paulo Cesar Feital chegou ao terceiro título em disputa de samba-enredo na Viradouro. Ao CARNAVALESCO, ele celebrou a conquista e agradeceu a escola, além de exaltar o enredo.
“A Viradouro foi a primeira escola que eu fiz samba-enredo. A Viradouro que me recebeu a vida inteira, com muita gentileza, com muita delicadeza e essa alma da Viradouro faz parte da minha alma. É de imenso valor, prazer, que eu sigo aos 73 anos comemorando uma vitória aqui, é como se eu voltasse aos 16. Além de agora, eu ganhei em 2016 com Alabê e 2020 com as ganhadeiras. Esse de 2025 é samba social, eu passei a minha vida inteira lutando pelo povo preto. É um samba de crítica social. O povo vem através do imaginário e da espiritualidade encontra um protetor e defensor. O Malunguinho é quando vem para o afro se torna exu-trunqueiro reencarnado. É aquele protetor que o povo pobre brasileiro precisava”, afirmou.
Inácio Rios festejou o resultado na escola da sua cidade. “Eu já chorei, já sorri, não sei o que eu faço. É um amor de infância aqui, eu sou de Niterói, nunca ganhei na escola, era um sonho ganhar aqui, agora estou realizando esse sonho. É uma mistura de emoções. É trabalhar agora para esse samba ser muito lindo na avenida. Eu gosto do ‘Acenda tudo que for de acender’ e do refrão principal, o da chave porque a chave foi muito falada na entrega do enredo”, disse o compositor Inácio Rios.
Quem também festejou demais foi o compositor Marcio André Filho: “O sentimento é de felicidade, essa parceria que eu já tenho com o Inácio, e o Feital também veio para agregar. Ele é um gênio, é um monstro da música popular brasileira. Acho que a gente acertou esse samba na veia, é um samba contagiante, ele tem várias partes altas, tem uma melodia diferenciada. Graças a Deus, a gente saiu com a vitória aqui na Viradouro, é uma felicidade muito grande. Queria agradecer a todos, a diretoria pela lisura da disputa, queria agradecer também a minha parceria inteira. Hoje a gente sai campeão dessa escola, que é uma escola a ser batida no carnaval”.
Galeria de fotos da final de samba da Viradouro para o Carnaval 2025
Presidente de honra da Viradouro, Marcelão Calil, falou da busca pelo título, mais uma vez, no Carnaval 2025. “A gente só comemora, a gente não fica espalhando nada por aí, a não ser mais amor e mais tentativa de continuar ganhando. Por isso, essa escola na sua gestão tem dois caminhos, o caminho da disputa com as outras agremiações em que a gente sabe que é difícil, mas a gente faz o possível pela vitória. E o segundo caminho que é vitorioso, o ano inteiro que é ver a comunidade amando e curtindo essa agremiação”.
Diretor executivo da Viradouro, Marcelinho Calil falou ao CARNAVALESCO do samba campeão e do trabalho da escola para buscar o bicampeonato consecutivo do Grupo Especial em 2025.
“O samba tem o espírito do homenageado. Os três sambas que estão aqui já preencher 99,9% das questões necessárias para ser campeão. Na verdade, havia uns 6 ou 8 com uma potência muito grande. Acho que é um samba que nos coloca em outro lugar para 2025. O enredo é o mais forte competitivamente falando que eu já fiz aqui, temos um enredo extremamente representativo, uma história brasileira negligenciada e que precisa ser contada. Precisamos manter tudo, a gente teve um carnaval muito feliz em 2024 e eu bato em uma tecla de que não foi um achado, foi a consolidação de um trabalho que já vem há algum tempo, basta ver Rosa Maria Egípcíaca e Arroboboi. A força competitiva da escola foi constituída nos últimos anos em pilares sólidos e isso, na minha concepção, é um fato. Precisamos ter toda atenção aos detalhes, não deixar o passageiro sucesso que já foi interferir no trabalho daqui pra frente. É a mesma vontade, o mesmo tesão, a mesma humildade, o mesmo pé no chão, o mesmo brilho no olhar, literalmente, de 2019″.
Carnavalesco com dois títulos na Viradouro, Tarcísio Zanon vai para mais um ano com um enredo muito elogiado. O artista conversou com o CARNAVALESCO sobre a aceitação do público, o samba campeão e o trabalho para 2024.
“O samba tem o espírito do nosso Malunguinho. A gente sabe que o Malunguinho precisou lutar pelo povo dele. Por isso, a obra tem a força da Jurema, do Catimbó, do João Batista, desse grande líder. Todo ano é uma pesquisa muito intensa para o enredo. Eu gosto sempre de pautar enredos que sejam desconhecidos no grande público e de caminhar por esse Brasil profundo. E a Viradouro gosta de enredo místico. Esse ano, mais uma vez, a gente conseguiu acertar. Eu estou muito feliz. Mais uma vez, eu vou trabalhar artes cinéticas, que eu gosto muito, que tem tudo a ver com o conceito do enredo. E está tudo muito bonito. Eu espero que vocês gostem, porque a gente está fazendo com muito carinho”.
Diretor de carnaval da Viradouro, ao lado de Dudu Falcão, Alex Fab conversou com o CARNAVALESCO e citou qual será o caminho para buscar o bicampeonato consecutivo do Grupo Especial em 2025.
“Sempre tem o que melhorar. As escolas se preparam, elas buscam a sua excelência. Cada ano é um ano, é um enredo, é um processo. A gente sabe aquilo que a gente pode melhorar e estamos trabalhando nesse sentido. Hoje, é um marco para esse processo, um dia muito especial, muito importante, o ciclo do carnaval expandindo. Nós entramos agora num processo de, após a escolha do samba, na próxima semana a gente faz uma preparação para gravação. A gente grava dia 23, é uma semana de trabalho, e aí após esse dia, a gente começa o nosso ensaio de canto. Os ensaios de rua começam, a princípio, 17 de novembro, na Amaral Peixoto, que é o nosso Maracanã”.
Comandante da “Furacão Vermelho e Branco”, mestre Ciça fez ao CARNAVALESCO um balanço do desfile de 2024, falou sobre o episódio que quase levou sua saída escola e projetou o desfile do ano que vem.
“Muda um pouco de 2024 para 2025. A gente terá instrumentos diferentes e não serão usados atabaques. É um segredo agora para colocar em prática nos ensaios. E vamos colocar na avenida. Eu amo essa comunidade e a escola. Eu não sei se eu me senti mais querido pela escola, porque não me vejo assim. Eu vejo que eu sou um profissional; chego cedo, trabalho para caramba. E a comunidade gosta de mim assim, independente do que aconteceu. O meu melhor momento foi aqui e na União da Ilha. Lógico, a Estácio é uma escola para aprender tudo, é a minha escola de coração. Eu moro no bairro do Estácio, mas a Viradouro é uma coisa que fez parte da minha vida. Dos 37 anos de mestre de bateria, eu fiquei mais anos na Viradouro do que em qualquer outra escola. Tenho um carinho muito grande por essa escola”.
Indo para mais um ano como rainha de bateria da Viradouro, Érika Januza disse que se sente muito acolhida pela comunidade. Ela lembrou quando chegou na escola.
“Quando eu cheguei aqui, uma novata na quadra, eu pensei, ‘ah gente, como vai ser?’ E eu fui muito bem recebida e acolhida. Eu amo estar aqui e eu fico feliz quando, por exemplo, eu não venho por algum motivo e os ritmistas mandam mensagem pra saber porque eu não apareci, o que aconteceu. A gente sabe que é verdadeiro. A minha relação com eles é muito boa. Eu fiquei muito feliz com o acolhimento, tinha um pouco de medo porque a gente tinha uma rainha que estava aí há alguns anos, mas estou conseguindo construir a minha história”, comentou Érika ao CARNAVALESCO.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Julinho e Rute, formam um ponto de segurança da escola para obter os 40 pontos. Eles falaram ao CARNAVALESCO sobre o trabalho e o apoio que recebem da escola, seja da direção ou da comunidade.
“É uma questão que deixa a gente com mais responsabilidade de não querer decepcionar. A gente trabalha muito para ajudar a nossa escola, para corresponder a toda confiança que a nossa diretoria deposita, por toda a estrutura que nos é dada e por nós mesmos. Porque todo artista tem a sua vaidade. E a vaidade do casal de mestre-sala e porta-bandeira é gabaritar. A comunidade acreditar no seu trabalho é um carinho, mas deixa a gente com mais responsabilidade, mas chega aqui só como combustível”, disse a porta-bandeira.
“É uma pressão gostosa. Porque a gente não quer ficar em uma zona de conforto. Esta zona é ter as notas 10 na Quarta-Feira de Cinzas e esperar o próximo carnaval. A gente trata a pressão com leveza, mas com muita responsabilidade, sabendo da confiança que a escola tem na gente e, principalmente, a comunidade”, completou o mestre-sala.
Responsáveis pela comissão de frente da Viradouro, uma das melhores do carnaval, o casal Rodrigo Negri e Priscilla Mota conversou com o CARNAVALESCO e disse como é possível superar o trabalho de 2024.
“Esquecendo a que passou, infelizmente, porque a serpente ficou, está cravada no coração. O Marcelão (Calil, presidente de honra), eu falei, você tá pronto para gente se despedir dela hoje? Ele, não, não estou. É porque foi muito marcante, assim como a Rosa (enredo de 2023) também, foi difícil para gente deixar a Rosa ir embora, mas é necessário. Para gente conseguir abrir as portas e os caminhos para o Malunguinho chegar, ele já chegou chegando. Ele chegou chegando, ele tomou conta da gente. Eu e o Rodrigo, junto com o Tarcísio, a gente trabalha de uma forma muito intuitiva juntos, a gente se conecta muito com a nossa espiritualidade e o Malunguinho chegou rasgando tudo, tomando conta de tudo a gente sente essa energia, muito bom”, comentou a coreógrafa.
“Quando sai o enredo a gente começa a mergulhar e entender tudo sobre ele. A gente termina o carnaval já emendando o outro, em relação a expectativa que gera em relação ao nosso trabalho, para gente é difícil, todo ano ter essa missão, não só para o público, mas para os jurados também, mas é o que a Priscilla falou, tem que virar a página e focar nesse carnaval 2025, mas confesso que o exercício assim que a gente faz diariamente mas não é fácil não”, afirmou Rodrigo Negri.
Como passaram os sambas na final
Parceria de Deco: Parceria de Deco: a primeira parceria a se apresentar nesta moral foi composta por Deco, Samir Trindade, Fabrício Sena, Victor Rangel, Deniy Leite, Robson Moratelli, Felipe Sena, Jeiffer e Ricardo Castanheira. Mesmo abrindo as apresentações, a obra conseguiu atrair toda atenção do público presente e contagiou boa parte dele.
Foi uma das apresentação extremamente consistente, muito por conta da torcida extremamente numerosa e animada, que criou coreografias, levou gelo gelo seco para representar fumaça e deu um verdadeiro show. A potência vocal no palco, onde todos os cantores desempenharam um papel fundamental, tendo a liderança de Pitty de Menezes, foi outro ponto positivo.
Em nenhum momento houve queda no rendimento, a obra se destacou como um todo, porém, refrão de meio foi o grande destaque, com os versos “É pena, é palha, é coroa” tendo ótima recepção do público. A parceria soltou fogos de artifício no início da apresentação e durante a passagem do samba, utilizou um artista circense para “incendiar” o público, o que deu um clima ainda mais especial à noite.
Parceria de Paulo Cesar Feital: O segundo samba da noite teve autoria de Paulo Cesar Feital, Inácio Rios, Márcio André Filho, Vaguinho, Chanel, Igor Federal e Vitor Lajas. Antes mesmo do início o clima de expectativa tomou conta da quadra e ao longo da apresentação toda essa expectativa se confirmou, o samba “incendiou” o público presente e mostrou toda sua força.
A presença de Tinga como intérprete principal foi fundamental para que a apresentação desta noite excelente, ele pisou no palco disposto a mostrar porque é considerado um talismã das finais. O intérprete Carlos Jr, da Rosas de Ouro, também participou do time de canto.
A apresentação mexeu com inúmeros presentes na quadra, de segmentos e diretoria, até quem foi apenas para acompanhar a final. Em nenhum momento houve queda de rendimento, inclusive, nos momentos de parada da bateria era quando a torcida mais cantava. O jogo de palavras utilizado no refrão principal é um achado e mexe com o público, é como se todos fossem “obrigados” a cantar, principalmente na parte “Eu tenho corpo fechado, fechado tenho meu corpo”. Outros momentos da letra merecem destaque, como o verso que abre a primeira parte do samba “Acenda tudo que for de acender”.
Parceria de Mocotó: O samba da parceria de Mocotó, PC Portugal, J. Lambreta, Peralta, Alexandre Fernandes, André Quintanilha, Bira do Canto, Rodrigo Deja, Ronilson Fernandes e Carlão do Caranguejo foi o último a se apresentar e encerrou com chave de ouro, a obra manteve o alto nível das apresentações anteriores e balançou a quadra, deixando a final totalmente equilibrada. O intérprete Emerson Dias cantou ao lado de Evandro Malandro e ambos demonstraram enorme entronsamente e presença de palco, parte da ótima apresentação do samba deve a perfomance de ambos.
Durante os 25 minutos de apresentação o que se viu foi uma obra extremamente aguerrida, defendida muito bem por sua torcida, uma das mais numerosas da noite, foi possível observar vários segmentos da escola entregues à obra e cantando com muita empolgação. Não houve queda de rendimento e a consistência foi a marca dessa passagem.
A letra sintetiza bem o enredo e tem passagens muito interessantes, como nos versos, “sete pontas da estrela que encantam, sete flechas e calungas se encontram”. O refrão principal foi o grande momento de explosão, foi difícil encontrar alguém parado nesses momentos.
Veja o momento do anúncio do samba campeão