Em entrevista concedida ao CARNAVALESCO, o candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Queiroz (PP), apresentou seu conjunto de propostas para o carnaval carioca, com destaque para a remoção do viaduto 31 de março, que há anos causa apreensão na entrada das escolas de samba no Sambódromo. Queiroz afirmou que pretende lançar um concurso em parceria com o CREA para eleger o melhor projeto de intervenção no local, visando dar mais igualdade à disputa entre as agremiações e melhorar a infraestrutura para os desfiles.

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Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados

O candidato também abordou a importância de criar condições mais favoráveis para as escolas de samba ao longo de todo o ano, propondo investimentos contínuos para os ensaios técnicos e uma estrutura jurídica que permita às agremiações disputar investimentos privados e públicos. Ele destacou ainda planos para concluir a Cidade do Samba 2 e promover um calendário de eventos anuais, visando movimentar a economia e ampliar o alcance cultural do Carnaval. Confira a entrevista completa com Marcelo Queiroz.

O Sambódromo completou 40 anos em 2024. Obras de infraestrutura no local são pedidas há anos. Há previsão de alguma intervenção no equipamento caso você seja o prefeito?

“Estou pronto para fazer o que ninguém teve coragem até agora. Em parceria com o CREA e as outras associações de classe dos engenheiros, arquitetos e urbanistas, vamos promover um concurso para eleger o melhor projeto para tirar do caminho das escolas o viaduto 31 de março, pedra dos sapatos de todas as escolas que concentram no lado do edifício Balança mas não cai. Podemos suspender mais ou transformar em mergulhão, quem sabe. Mas isso vai dar mais igualdade à disputa e melhorar a entrada dos carros alegóricos no Sambódromo. E com as escolas como parceiras, vamos avaliar e viabilizar as outras intervenções para engrandecer ainda mais a nossa maior festa popular”.

O carnaval é o principal evento da cidade e traz um retorno em impostos que ajuda o Rio o ano todo. Eleito prefeito, como você pretende fomentar o maior evento cultural da cidade?

“O Carnaval é muito mais que o maior espetáculo da Terra. E acho que precisamos ter um olhar que vai além do subsídio para as escolas de samba. Meu plano de governo traz os planos para o Carnaval, que foram alinhados e escritos em conjunto com sambistas que fazem parte das associações de segmentos. Compromisso que assinei na Associação das Velhas-Guardas, na Abolição. Precisamos criar mecanismos para que as escolas tenham estrutura jurídica e contábil, tornando-as grupos prontos, com documentação e requisitos para disputar investimentos, não só públicos, mas também da iniciativa privada. Com isso, viabilizar para que programas de cultura, turismo, esporte e assistência social da prefeitura possam funcionar nessas agremiações para suas comunidades, sem que precisem se adequar, todos os anos, aos editais de lei de incentivo. Para que a batida do samba de fato ecoe o ano todo, vamos ajudar nos ensaios técnicos noturnos dos segmentos, como os de Mestre-Sala e Porta-Bandeira, Comissão de Frente, e alas coreografadas. Vamos dar estrutura para estes grupos fazerem seus treinos e investir na coordenação da agenda de uso do Sambódromo de abril a dezembro (em janeiro o espaço já recebe os ensaios técnicos abertos e testes de luz e som). Já passou da hora de a prefeitura enxergar as escolas como parte da engrenagem da prefeitura para promover bem-estar pros cariocas”.

As obras da Cidade do Samba 2 já começaram. Mas são muitas agremiações em outros grupos que não tem um teto digno para construir seu carnaval. Sua candidatura tem alguma proposta para essas comunidades?

“Sim, e não só para as fábricas de Carnaval. Vamos concluir a Cidade do Samba 2 que está em curso, mesmo que tenha sido um projeto anunciado de forma eleitoral pela atual administração. E vamos além: vamos construir, finalmente, os barracões das escolas de samba Mirins, reestruturar os barracões de escolas que desfilam na Avenida Intendente Magalhães e hoje funciona na Rua Carlos Xavier. Aliás, a passarela da Intendente Magalhães vai ganhar uma estrutura que leve dignidade aos componentes das escolas que lá desfilam. Pretendemos construir com as ligas e as escolas um calendário real de eventos o ano todo, movimentando ainda mais a economia e trazendo mais recursos para a cidade e para as agremiações conseguirem terminar suas apresentações no azul”.

A subvenção para as escolas de samba será mantida na sua gestão? Há previsão de aumento? Você pensa em usar as quadras das agremiações para atividades e projetos sociais da prefeitura

“Sim. A subvenção é fundamental para as agremiações. Mas, quem conhece o mundo do samba, sabe que não dá pra apostar todas as fichas somente no Grupo Especial, mas lembrar, sempre, de todos os segmentos e suas demandas para manter viva nossa identidade cultural. A Associação das Velhas-Guardas, por exemplo, que representa a origem de tudo, precisa ser lembrada todos os dias. Mas vive esquecida, traída, como outros serviços importantes da prefeitura como os servidores, em especial a Guarda Municipal, que tem atuação especial durante o Carnaval. Vamos levar incentivo também para associações que reúnem os grupos de harmonia, passistas, intérpretes, baianas e os casais de Mestre-sala, porta-bandeira e porta-estandarte”.

Quais as suas ideias para o fomento do carnaval de rua e como equilibrar os megablocos durante o carnaval com a vida da cidade?

“Muito importante dizer, antes dos megablocos, que já no próximo ano vamos trabalhar no fomento aos Blocos de Enredo e Blocos Afro que desfilam no Rio. Vamos melhorar esse planejamento e dialogar com os blocos e as associações que os representam. Um dos grandes pontos que podemos intensificar é a atuação da Guarda Municipal e de equipes do Segurança Presente no Carnaval. Vamos apoiar de verdade o Estado no Plano de segurança na esperança de reduzir os pequenos delitos como roubo de celular, por exemplo. O Rio tem estrutura e tem opção. Vamos juntos por esse Rio mais moderno, mais eficiente, mais diverso e mais Caramelo”.