Por Gustavo Lima e Fábio Martins

A Fábrica do Samba recebeu um evento de grande porte no último domingo, que teve seu início pela tarde. O Vai-Vai apresentou os seus pilotos juntamente recebendo as chamadas matriarcas do samba, que são Camisa, Nenê, Peruche e a própria Saracura. Já pela noite, comandado pelo carnavalesco Sidnei França, a comunidade vai-vaiense conheceu todo o conjunto de vestimentas que sua escola irá utilizar na avenida em 2025. Para tanto, o início contou com uma encenação teatral de almanaque liderada pelo novo coreógrafo Sérgio Cardoso. Os bailarinos encenaram perfeitamente o significado do enredo e deu para entender com nitidez a figura do homenageado Zé Celso e o jeito que ele abordava suas obras no teatro e também quando atuava, além de sua personalidade.

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Após, começaram os desfiles das fantasias. Os componentes dos modelos entravam e o carnavalesco falava o significado da roupa. Vale destacar que a agremiação optou por não ir pelo luxo, e sim buscou a criatividade, como pinturas nos rostos que são realistas.

Assinado pelo carnavalesco Sidnei França, o enredo do Vai-Vai é intitulado como “O xamã devorado e a deglutição bacante de quem ousou sonhar desordem”. A preto e branco do Bixiga irá encerrar o carnaval do Grupo Especial.

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Diretor geral da agremiação, Luiz Robles

“Na verdade por si só o homenageado pedia que a gente não só apresentasse os pilotos dinamicamente assim. Tínhamos que ter alguma encenação teatral antes e o Sérgio Cardoso, o nosso coreógrafo da comissão de frente foi super feliz com a coreografia que pra quem realmente conseguiu prestar atenção, ela contempla o enredo do começo ao fim e nos atos que ele apresentou. Então foi muito legal pra nós também já poder conhecer um pouquinho da comissão de frente do Vai-Vai, do que ele vai apresentar aí no Carnaval 2025”, disse o diretor geral da agremiação, Luiz Robles.

Emoção de ser carnavalesco do Vai-Vai e um pensamento de fantasias diferentes

Sidney França se emocionou bastante no palco ao ver a encenação da comissão de frente, principalmente quando um bailarino subia em uma grande escada com o pavilhão. O artista se declarou para a agremiação e disse que é uma honra trabalhar na alvinegra da Bela Vista. “Eu tenho um orgulho tão grande de ser carnavalesco do Vai-Vai. É uma escola que eu sempre tive muito respeito, muito carinho. Pensar que passou por dois acessos, um deles eu tive lá para poder fazer parte dessa retomada, e é uma escola que tem um orgulho muito grande que não pode se perder até para o bem do próprio carnaval de São Paulo. E eu não falo isso como carnavalesco, falo como sambista. Eu fiquei muito emocionado, principalmente na cena da comissão de frente, porque me pega em um lugar muito forte que é a necessidade do Vai-Vai exaltar o seu chão, Zé Celso e o Teatro Oficina, que é um patrimônio cultural da Bela Vista. Um solo que o Vai-Vai se ressente muito de não estar mais”, comentou.

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Carnavalesco Sidney França

O carnavalesco afirmou que o compromisso dele é colocar a Saracura de volta ao topo do carnaval paulistano, e também falou sobre a nova rotina que vive como profissional de São Paulo e Rio de Janeiro. “A comissão de frente fez um quadro muito sensível, falando sobre ditadura, sobre liberdade dos corpos, sobre tudo que o Zé Celso acreditava, e ao final eles tiveram a ideia de subir o pavilhão do Vai-Vai, e aquilo me arrebentou. São coisas muito pequenas, se você parar para pensar, subir o pavilhão da escola, mas colocar o Vai-Vai no topo também é minha missão. O carnaval não é fácil e eu estou vivendo um momento muito forte na minha trajetória, onde eu fico metade da semana no Rio e metade da semana em São Paulo. É algo que eu quero, não estou falando disso como uma pressão ou como uma queixa, mas não é fácil. Quando eu vejo o Vai-Vai no caminho certo, brilhando, eu fico muito orgulhoso”, contou.

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De acordo com o artista, a ideia das fantasias é diferente do que é apresentado costumeiramente. Realmente se vê poucas plumas e materiais ‘requintados’. De acordo com Sidnei, realmente é proposital, até para se adequar ao teatro de Zé Celso. “Sobre as fantasias, eu acho que é um conjunto para o desfile. Eu fiquei muito preocupado em apresentar aqui, mas eu também acho que a comunidade queria muito. No hip-hop eu não apresentei piloto por isso, porque era uma linguagem muito diferente e eu tinha receio da opinião pública, mas esse ano eu consenti. Ela não vai prezar por luxo, por uma estética tradicional. A ideia é um carnaval de volumetria muito diferente do que se apresenta, mais próximo do teatro do que do carnaval. Eu confio muito em tudo que o Vai-Vai irá apresentar”, disse.

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Por fim, o carnavalesco revelou que tudo foi pensado no conforto dos componentes, para que eles evoluam sem peso, além de um desfile leve pelo fato da escola encerrar o carnaval. “Eu estou mais uma vez arriscando em um carnaval que vai encerrar os desfiles de São Paulo. Será mais leve em uma escola muito colorida e em uma estética muito diversa de uma ala pra outra, não repetindo cabeças, costeiros, cores, texturas… Que o Vai-Vai consiga dar conta de tudo isso que eu estou preparando e pensando. Estamos trabalhando para o ‘acontecer’ do Vai-Vai na avenida. Os componentes cantando felizes e evoluindo com fantasias não tão pesadas, a bateria tirando onda e estamos conscientes de que a escola pode tomar um caminho que queremos”, concluiu.

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Originalidade do carnavalesco e busca pelo título

O presidente Clarício Gonçalves está de acordo com tudo que Sidnei vem desenvolvendo e promete dar todo apoio a ele. O gestor citou o termo ‘originalidade’ e diz que o Vai-Vai irá com materiais menos requintados, pois de acordo com o mandatário, é o que o tema pede. “Quando se contrata um profissional, não adianta ficar opinando no trabalho dele.. Nessa parte eu deixei ele realmente livre. Fazer a originalidade que ele apresenta no enredo. Eu espero que as pessoas tenham conhecimento, porque costuma ver aquela fantasia cheia de luz, só que nosso enredo não pede muito. Ele pede originalidade. Desejo que as pessoas reconheçam isso. O Sidnei tem um dom que eu fico de boca aberta. O jeito que ele relata o enredo é que ele conta com a fantasia, para as pessoas visualizar cada parte do enredo através disso com originalidade. Eu não vou colocar uma fantasia que fala de uma peça cheia de pedra, de lanterna, enfim… Ele colocou dentro do contexto e isso aí para mim é uma coisa que a partir do momento que eu contratei, eu não vou opinar”, declarou.

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Finalmente após idas e vindas, a maior campeã do carnaval paulistano se manteve no Grupo Especial e agora tem chances reais de brigar por coisas maiores. Clarício discursou no palco dizendo que irá desfilar em busca da décima sexta estrela, e reiterou a fala para o CARNAVALESCO.

“Na vida a gente tem que mudar o argumento. Pelo que nós passamos, carnaval para se manter, isso acabou. Em respeito a todas coirmãs, nada de já ganhou, mas nós vamos tentar errar menos para nós conseguirmos a décima sexta estrela assim. Esse é o nosso objetivo e o nosso foco”, completou.