Por Thaise Lima
Quase aos 45 do segundo tempo, quando a maioria das pessoas já tinha se acostumado a ficar mais um ano sem ensaio técnico, os sambistas tiveram a grande surpresa. Sem ter dado tempo das escolas de samba se planejarem, os componentes contaram com o improviso. A porta-bandeira da Mocidade Independente de Padre Miguel, Cris Caldas, conta como foi a surpresa de ter recebido a notícia da volta dos ensaios técnicos.
“Foi muita surpresa esse ensaio técnico. A gente não conseguiu se organizar com roupa, nem nada disso. Ficamos sabendo do ensaio na quinta-feira, não deu tempo. Mas a gente queria muito sentir essa energia da galera, do povo, ter esse contato com as pessoas é muito importante pra gente”, disse.
Cris Caldas também citou que o ensaio técnico é essencial para o andamento das escolas.
“O andamento da escola, se tiver algum erro, já começamos a corrigir daqui. Estamos numa coreografia junto com a comissão. Esse tempo de comissão e casal é fundamental”.
A grande questão pela qual muitas pessoas se surpreenderam com a volta dos
ensaios técnicos foi a atual crise financeira das escolas de samba. Luciana de Andrade de 49 anos, componente da ala 11 da verde e branco de Padre Miguel, afirmou ter ficado
surpresa de ter ensaio técnico este ano.
“Nós pensávamos que não iria ter devido a esse problema do prefeito não liberar a verba para as escolas. A dificuldade está muito grande para todas colocarem o seu carnaval na rua. Ficamos tão surpresos que improvisamos e viemos com a nossa roupa de ala”.
A autônoma também declara a diferença do ensaio técnico para o ensaio de rua.
“Aqui é onde acontece e o que acontece. O ensaio de rua e de quadra são bons, mas é aqui onde vamos desfilar. Aqui temos noção de espaço, de tempo, onde podem corrigir as alas e a questão do tempo. O ensaio técnico é fundamental”.
Com uma legião de pessoas assistindo ao ensaio como se o fosse o próprio carnaval, a nossa equipe perguntou ao público sobre a volta dos ensaios na Avenida.
“Aqui eles se organizam direito, o ensaio é um pré aquecimento, aqui eles tem mais
atenção. Se tiver que errar é aqui que eles vão ver o erro deles. Estou muito feliz por
terem liberado o ensaio”, afirmou Taiane Sales de 22 anos, manicure e torcedora da
Vila Isabel.
Denise de Campos, integrante também da azul e branco, ressaltou a importância que os
ensaio trazem para a comunidade das escolas.
“A volta dos ensaios técnicos é maravilhosa. Era isso que estávamos precisando
para levantar essa avenida. A gente tem a extensão do tamanho da avenida, a
proporção e como a escola vai vir. Os ensaios técnicos precisavam voltar, não só para
ver os erros, mas a própria comunidade também, estávamos precisando nós sentir
agraciada por isso”, declarou a funcionária pública de 60 anos, que integrante da Vila
Isabel há 31 anos.