Por Will Ferreira e fotos de Fábio Martins

Neste domingo, uma das mais tradicionais escolas de samba de São Paulo realizou o único ensaio técnico para o carnaval 2024. Na passarela, a Unidos do Peruche defendeu o enredo “Da Cultura do Reino de Ifé, ao legado da Rainha Ronke”, desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Xuxa. Na passarela, a agremiação contou com uma comissão de frente de destaque e alguns pontos de atenção para o desfile, que será o décimo primeiro (e último) do Grupo de Acesso II, na noite de 03 de fevereiro.

Comissão de frente

Destoando da maioria das coirmãs, a Filial do Samba não trouxe um tripé alegórico para interagir com os componentes – que executaram, ao longo de toda a apresentação, uma coreografia de bastante intensidade. Na dança, há um personagem principal (provavelmente Orunmila Ifá, citado no enredo), alguns componentes vestidos com saiotes azuis e brancos que o cortejam e outros com saiotes marrons – aparentemente fazendo alusão ao reino de Ilê Ifé, tamnbém presente no samba. Sem erros dos componentes, a escola da Zona Norte começou de maneira bastante agradável a apresentação.

Peruche et Comissao1

Samba-enredo

Integrande de uma safra bastante elogiada do Grupo de Acesso II de 2024, a canção teve ótima condução por parte do carro de som comandado por Renan Bier e da Rolo Compressor, bateria capitaneada por mestre Marcel Bonfim – cria da casa que faz sua reestreia entre os ritmistas. Com força sobretudo nos refrões e no “Nigéria”, primeiro verso da canção, a obra e a ala musical tiveram destaque no ensaio técnico.

Evolução

Segunda escola a ensaiar neste domingo, a Peruche enfrentou períodos sem e com garoa – em poucos momentos, de fato, choveu. É importante destacar, porém, que, enquanto a verde e amarela estava na Concentração, caiu uma grande quantidade de água do céu. Os componentes, de fato, pareceram sentir o cansaço, evoluindo de maneira bem discrera. O ponto positivo no quesito foi o andamento da escola, bastante constante. Mais do que isso: o tempo entre a bateria entrar no recuo (com o abre-alas praticamente no final do box, em um movimento clássico) e os desfilantes voltarem a evoluir foi de cerca de 115 segundos – tempo bem adequado.

Harmonia

É certo que a cabeça da escola (no jargão jornalístico, o início) possui setores que, tradicionalmente, não têm no canto sua principal força e dever, mas os primeiros componentes da Filial do Samba, basicamente, não ajudavam a canção. O setor seguinte também tinha situação semelhante, embora o canto tenha passado a ser “apenas” irregular. Em um desfile que não foi marcado pela voz da escola, destacaram-se a ala de passistas após o tripé alegórico e o último agrupamento.

Peruche et InterpreteRenanBier

Mestre-sala e Porta-bandeira

Estreantes na Unidos do Peruche, Gabriel Vullen e Joice Prado estavam com roupas majoritariamente amarelas com detalhes em outras diversas cores, em uma cromia muito ligada à África. Mais do que isso: ambos eetavam com calçados visivelmente antiderrapantes, para impedir problemas com o piso molhado e possíveis intempéries climáticas. Na frente da Arquibancada Monumental, eles pouco giraram, provavelmente se poupando para o segundo módulo de jurados. Lá, o mestre-sala aparentou estar com movimentos pouco mais rápidos que os da porta-bandeira. Em outro momento, enquanto interagia com o público, o mestre-sala ficou de costas para o pavilhão – situação passível de penalização.

Peruche et PrimeiroCasal

Outros destaques

Quando a sirene para o início do desfile tocou, a “Rolo Compressor” ainda estava esquentando. Depois disso, ainda foram executados alguns alusivos. O resultado foi o atraso da escola tanto para entrar (cerca de nove minutos) quanto para encerrar o ensaio técnico (o evento foi encerrado com 58 minutos, e o tempo-limite para desfiles do Grupo de Acesso II são 55 minutos).

Peruche et MestreMarcel

A Rolo Compressor, por sinal, ajudou bastante a manter o canto da escola forte. Eram três pessoas na corte da bateria: Susana Oliveira (madrinha), Yasmin Lagatta (princesa) e Andreya Venâncio (rainha).