O Salgueiro lançou o enredo para o próximo carnaval ainda no início de março, e de lá pra cá além do consentimento do público em geral, o tema escolhido e desenvolvido para 2024 vem recebendo uma resposta positiva também da comunidade. “Hutukara” está sendo desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira e pretende fazer ecoar com força a voz dos povos originários na luta por respeito, valorização e preservação da Floresta Amazônica. O título do enredo foi divulgado nos 70 anos da Academia e a sinopse também já foi apresentada. Pelo segundo ano consecutivo na escola, Edson Pereira julga que o sucesso inicial da narrativa que vai levar para a Avenida tem origem também na importante mensagem que o tema vem trazer para os dias atuais.
“Acho que é a representação do lugar de fala de uma escola. É um enredo que justamente tem que ser dito, tem que ser mostrado, e a escola de samba ela tem esse poder e é um veículo mais próprio para poder falar sobre tudo isso. Eu fico muito feliz de poder estar a frente deste trabalho, porque é um trabalho que não é só mais uma enredo, é atingir o coração de cada um de nós. Falar dos povos que são os reais originários do Brasil. Ver que todo mundo abraçou a causa, é sinal que a gente está no caminho certo”, entende Edson.
Com um 9,6, dois 9,7 e um 9,8, enredo, sem dúvida, foi o quesito em que o Salgueiro mais perdeu pontos no carnaval 2023. A visão de um novo paraíso diferente daquele historicamente idealizado acabou não recebendo uma boa resposta dos jurados e antes do desfile o projeto já sofria com algumas críticas do público em geral. O carnavalesco Edson Pereira acredita que o enredo foi vítima de um pré-julgamento e que há no carnaval atual um certo engessamento dos temas.
“Acho que carnaval é isso. A gente precisa virar a página. Não que eu esteja feliz com as notas que aconteceram, mas acho que o enredo foi muito prejulgado. A falta de liberdade de expressão hoje em dia do artista, que é julgado, é algo que precisa ser revisto no carnaval. Acho que acaba engessando demais o trabalho do artista. O Joãosinho Trinta se estivesse fazendo carnaval hoje em dia ia ficar muito triste, infeliz, porque não poderia ter essa liberdade que ele teve na época que ele fazia grandes carnavais, e fez grandes carnavais que ficaram para a história”, aposta o carnavalesco.
Se por um lado o enredo sofreu bastante e foi decisivo para que a Vermelha e Branco não voltasse no desfile das campeãs, um quesito normalmente bastante destacado nos carnavais de Edson Pereira teve mais uma vez um bom desempenho. Apesar de um 9,9 que foi descartado, Alegorias e Adereços garantiu os 30 pontos para a agremiação e foi bastante elogiado em relação à plástica. Edson se diz muito feliz por esse reconhecimento de seu trabalho.
“A gente sempre fica feliz. Graças a Deus eu venho fazendo uma construção do meu trabalho e muitos gostam, acreditam no meu trabalho, isso faz parte do meu trabalho também, e faz parte do carnaval. Eu considero tudo isso como o momento do mundo do samba, que a gente precisa só refletir e crescer com tudo isso, como profissional, como pessoa”, analisa o profissional.
Para 2024, o carnavalesco não quis dar nenhuma pista sobre o que pretende trazer dos quesitos plásticos, mas garantiu para o torcedor da Vermelha e Branca que está preparando mais um grande trabalho.
“O salgueirense pode esperar um grande carnaval com certeza”, prometeu Edson.
No próximo carnaval o Salgueiro será a terceira escola a pisar na Sapucaí na primeira noite de desfiles do Grupo Especial.