A Mocidade Unida da Mooca apresentou na noite de domingo o samba-enredo para o Carnaval 2024. A comunidade compareceu em peso e levantou o “Terreiro da MUM”. Embalados pelos intérpretes Gui Cruz e Clayton Reis, os componentes cantaram forte o hino, mesmo com pouco tempo de conhecimento. A versão que apareceu na última semana foi diferente de um samba-enredo. Tratava-se de uma música com gravação melódica e sem aparição de bateria, mas foi o suficiente para a comunidade pegar a letra. Pelo que foi presenciado, dá para concluir que a agremiação se empenhará forte dentro da trilha sonora com o objetivo de levar a MUM para o Grupo Especial. * OUÇA AQUI O SAMBA
Nascimento do samba
Intérprete da escola e compositor do samba, Gui Cruz, falou do desenvolvimento da composição da letra. Não é a primeira vez que a parceria escreve um hino para a agremiação. Segundo o cantor, a ideia foi sempre fazer um samba leve e curto para contar a história de Helena Theodoro.
“A gente tinha uma ideia justamente da música do Sandro Luís da umbanda. Foi uma música que embalou o nosso carnaval de 2023. Foi muito importante por tudo que aconteceu. Iansã limpou tudo e sem dúvida nenhuma, ela vai trazer o nosso título e o acesso ao Grupo Especial. A gente tinha essa ideia de fazer esse refrão com um samba curto, leve e conseguimos contar a história de Helena Theodoro, que é uma grande intelectual. Hoje existe muito esse lance sobre o samba intelectual, só que a Helena aprendeu dentro da escola de samba que as agremiações têm o poder da intelectualidade que nasceu dentro da escola de samba. E é isso que a Mocidade Unida da Mooca vai cantar. Um samba leve e os 80 anos de história e legado de Helena Theodoro, que é uma legítima filha de Iansã. Conseguimos fazer essa união que, sem dúvida nenhuma, vai gerar um grande carnaval”, explicou.
Sobre a parceria, Gui exaltou os compositores que estão junto com ele há algum tempo. “A gente já tem uma afinidade, é o que a escola gosta e quer. É o que o presidente pede pra gente. A gente tem essa liberdade para compor. Como estamos juntos há muito tempo, um já sabe onde o outro vai passar, toca a bola e é gol”, disse.
Empenho da comunidade
Como dito anteriormente, a quadra ficou lotada. A expectativa tomou conta dos componentes. O samba foi cantado após as apresentações dos intérpretes Tinga e Carlos Júnior, que marcaram presença no evento. O presidente Rafael Falanga conversou com o CARNAVALESCO.
“É um sentimento único. A MUM vem sempre correspondendo às expectativas da comunidade. O enredo vem tomando uma proporção dentro da escola muito legal e feliz. A relação com a Helena, com tudo o que aconteceu conosco ano passado foi tudo singular. O fato que aconteceu dias atrás do nosso desfile para reconstruir as alegorias eu acho que aconteceu hoje aqui é o reflexo de tudo isso. É um combo, graças a Deus um grande samba de um grande enredo que a gente vai construir para chegar na avenida com um grande carnaval”, declarou.
Deu para notar que o samba já foi altamente cantado pela comunidade. É verdade que dias atrás foi lançado, mas em uma versão diferente. Porém, impressionou quando a bateria realizou as paradinhas e os intérpretes soltaram a comunidade para cantar em uma só voz. O presidente revelou o segredo. “É muito amor e muita paixão. A gente vem de degrau a degrau sedento pelo Grupo Especial. É o objetivo da escola e todos com o mesmo pensamento. A escola está unida, junta, firma. É entender os propósitos e os caminhos para buscar”, comentou.
Há muito tempo a Mocidade Unida da Mooca opta pelo esquema do chamado ‘samba encomendado’ ao invés de promover eliminatórias. De acordo com Falanga, a exigência por uma obra gigante prevalece para fazer esse tipo de sistema.
“Eu sou um cara muito chato com samba. Na gestão do meu pai nós tentamos fazer algumas eliminatórias, mas nunca agradava. Quando Dom Marcos chega na escola a gente começa essa história de sambas encomendados. São da mesma parceria desde 2014, em alguns anos a gente integra alguém, ano passado nós tivemos o Thiago SP, agregamos o Maradona e o Turko nos últimos anos. Eu sou chato e enquanto não fica uma ‘paulada’ a gente não lança, no entanto varia muito. Às vezes a gente lança por último e esse ano foi primeiro. Graças a Deus e às forças de Iansã fluiu um grande samba para estar entre os grandes sambas do carnaval de São Paulo de 2024”, completou.
Trabalho da ‘Chapa Quente’
Dennys Silva, mestre de bateria da escola, opinou sobre o samba. O diretor da ‘Chapa Quente’ também disse que irá trabalhar com o melhor hino desde quando chegou na agremiação.
“É um grande samba. Na Mocidade Unida da Mooca é sempre esse desafio de fazer um enredo e um samba cada vez melhor. Quando chegou esse enredo de Helena Theodoro para gente, foi incrível. Saímos do Chaguinhas, que eu não conhecia a história. Foi um grande marco até por eu ser negro. Eu fiquei triste em não saber. É aquele lance do apagamento histórico mesmo. A Helena Theodoro é chover no molhado. É uma grande pensadora negra. Estou muito feliz, é meu terceiro ano na bateria e acho que é o melhor samba até agora”, disse.
O diretor da batucada contou das bossas que vem realizando e o que promete fazer na avenida. “Eu já fiz uma bossa nessa primeira gravação, depois tirei para causar um pouco de surpresa, mas acho que vamos com duas ou três paradinhas para 2024. Com certeza vamos deixar para a galera cantar no Anhembi e tomara que todo mundo caia nas graças desse samba”, comentou.
Com o enredo intitulado como “Oyá Helena”, a Mocidade Unida da Mooca irá fazer uma homenagem à escritora Helena Theodoro. Desfilando no Grupo de Acesso e batendo na trave há algum tempo, a agremiação vai em busca do sonhado acesso para o Especial.