Por Anderson Madeira
Penúltima a entrar na Passarela do Samba, já com sol forte, a Arrastão de Cascadura quis provar que mesmo com poucos recursos, é possível fazer um bom desfile e brigar pelo título, seguindo a máxima que menos é mais. Embora tenha apresentado uma parte plástica simples, as fantasias eram bonitas e de fácil leitura e o samba, empolgante. A agremiação abordou o enredo “Sou caipira, peregrino, pirapora, do carnavalesco Sandro Gomes, que também assinou o samba-enredo.
Comissão de frente
Com a fantasia representando a Pirapora (fenômeno do pulo do peixe no rio), os integrantes sintetizaram essa experiência em movimentos sincronizados e simulando saltar das águas, assim como o homem caipira que se aventura, seguindo de um canto a outro do Brasil. Com um figurino simples e leve, eles fizeram uma boa apresentação e arrancaram aplausos. Eles tiveram como coreógrafa Renata Monier, que é deficiente visual e com muitos prêmios na carreira.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Douglas Valle e Fernanda Araújo estavam com uma fantasia que representava as águas do rio Paraíba do Sul. Estas eram usadas pelos homens simples em suas viagens para vários lugares. Com um belo figurino, o casal fez uma apresentação impecável e arrancou aplausos do público e dos jurados. O mestre-sala fez a devida corte à porta-bandeira, com muita elegância.
Harmonia
Apesar do belo samba, o canto foi irregular em alguns momentos do desfile. O tom forte do início da apresentação deu lugar a um ritmo mais lento e só melhorou no final. Alguns componentes cantaram apenas o refrão.
Enredo
Fui bem desenvolvido na avenida. Contou com fantasias de fácil leitura e a narrativa foi linear e cronológica, o que permitiu que os espectadores entendessem a história narrada no desfile. A agremiação fez uma espécie de romaria, contando a história dos indígenas Cariris, que foram os primeiros habitantes do país, e também de um homem simples e de coração puro que se conectou com a natureza, suplicando a Nossa Senhora Aparecida, que concedesse aos seus filhos: dias de paz e de fartura.
Evolução
A escola teve uma evolução tranquila, em que os componentes puderam fazer as coreografias, evoluir e sambar, contando a história do enredo. O desfile foi bem organizado entre as 19 alas. O público gostou e aplaudiu a agremiação no final do desfile.
Samba
O belo samba foi muito bem interpretado por Marquinhos Silva e Robson Lincoln, sendo cantado pelo público nas arquibancadas em alguns setores.
Fantasias
A escola mostrou que não é preciso muito luxo para fazer bonito na avenida e contar um enredo. O figurino simples das alas era bastante criativo e belo, permitindo aos componentes evoluírem e sambarem. A ala das baianas foi muito elogiada pela fantasia, que representava os devotos de Nossa Senhora Aparecida. A roupa era toda em cor de rosa e na cabeça havia um esplendor em formato de rosa. O giro das baianas causou belo efeito visual. Outra ala que se destacou foi a Peregrino e Romeiros, em que os componentes representavam peregrinos, em gratidão pelas graças alcançadas.
Alegorias
A agremiação desfilou apenas com um tripé pedindo passagem, contendo uma grande imagem de Nossa Senhora Aparecida. A alegoria foi aplaudida pela sua beleza e simbolismo. Representa a imagem encontrada nas águas do Rio Paraíba do Sul, até chegar aos corações de milhares de fiéis, Nossa Senhora é a mãe, protetora e acolhedora. É a santa milagrosa escolhida como padroeira da escola.
Os 100 ritmistas da bateria, comandados pelo Mestre Leozinho, estavam com uma fantasia de padre, representando a figura que sempre chega primeiro em um casamento, inclusive na quadrilha. As paradinhas deixando apenas os cavaquinhos tocando, empolgaram o público. A rainha da bateria, Luciana Catra, usou um figurino que lembrava um vestido de noiva, com direito a buquê de flores.