Sincretismo e tolerância religiosa deram a tônica do desfile de 2023 dos Gaviões da Fiel. Fechando a sexta-feira, primeira noite de desfiles do Grupo Especial do carnaval de São Paulo, a escola do Bom Retiro cantou o enredo “Em Nome do Pai, dos Filhos, dos Espíritos e dos Santos… Amém!”, já na manhã do sábado (18), embora, de maneira oficial, a agremiação tenha desfilado na sexta-feira (17). Ao CARNAVALESCO, o samba-enredo e a luz do dia foram alguns dos destaques de componentes importantes da agremiação.

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Julio Poloni (carnavalesco)

“Foi perfeito porque trazer a mensagem que a gente trouxe na avenida, dessa forma, com essa energia da Fiel, com a arquibancada respondendo… era isso que a gente queria: passar essa mensagem de amor, diversidade e beleza na adversidade. Passamos essa mensagem com muita energia. Foi único! Não sei nem o que falar. O desafio de fazer um carnaval quase que inteiro na luz do dia é apaixonante. Nossa abertura teve muito branco e prateado, um cenário bem celestial no nascer-do-Sol. Era a nossa intenção, pensamos na luz do dia em todo o nosso projeto. Isso dá desafios para a gente, mas torna o desafio ainda mais apaixonante. Temos saídas que não teríamos em um desfile noturno. Temos que aproveitar isso e tirar o lado positivo, aproveitar as potencialidades”.

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Amilton Alves Brito (Padinho)

“Na minha visão, foi maravilhoso mesmo. Quero agradecer a todos os componentes e todo mundo que veio prestigiar o nosso desfile. Foi acima da expectativa, estamos muito otimistas para disputar o título. A partir do meio do desfile, você olhava de baixo para cima, na arquibancada, e você via todo mundo cantando e gritando o enredo dos Gaviões da Fiel. Uma hora dessas, sete da manhã, você vê todo mundo esperando a nossa entidade… fico feliz e honrado. Pra nós, tudo é desafio. Desfilar de manhã é ruim por um lado e bom por outro, você vê o público que nos espera até sete horas da manhã. Para nós, é uma honra e um prazer fechar a noite do carnaval de São Paulo com os Gaviões da Fiel”.

Ernesto Teixeira (intérprete)

“Aos meus olhos, foi perfeito, sim. A gente não consegue acompanhar tudo, mas da ala musical, da bateria, você vê a escola passando toda no box… foi perfeito. E aquela coisinha que é o diferencial: o povo na arquibancada cantando o samba. Isso ajuda muito. Samba bom, povo empolgando, fechando a primeira noite, todo mundo tem esse pé atrás com fechar carnaval, mas a gente não tem esse preconceito, não.”

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O intérprete tem que mudar o fuso horário para cantar bem de manhã. Tem que fazer igual jogador de futebol quando vai jogar a final do Mundial de Clubes, no Japão. Tem que trocar o dia pela noite para que a voz esteja em cima, como de costume”.

 

Mestre Ciro Castilho (diretor de bateria)

“Na minha visão foi perfeito. É no Sol, na chuva, no frio… em todas as situações que a rapazeada e as meninas se dedicam. Muitos e muitos ensaios para fazer essa apresentação. É emoção a flor da pele. Eu acredito que sexta-feira, seis da manhã, o horário muda, sim. Todo mundo trabalha na sexta-feira, 90% dos componentes precisa estar acordado seis horas da manhã na sexta-feira. Quando vem tocar no sábado, a pessoa já está a 24 horas no ar”.

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“A gente tem que focar muito mais, chamar muito mais a atenção das pessoas para não dispersar, é normal a qestão física atrapalhar a parte técnica. É uma experiência diferente, sim, mas a rapazeada foi show de bola. Deu tudo certo. Sempre fica uma apreensão para saber se a chuva voltaria ou não. Acho que todas as baterias estão muito preparadas para enfrentar a chuva, mas atrapalha. Mesmo que tenha o plástico e o adesivo, quando cai a chuva e molha tudo, as próprias baquetas, atrapalha demais. Acabou que a gente deu um pouco de sorte e desfilamos sem chuva, mas, realmente, é uma situação complicada. Desfilar com chuva não é legal, não”.