A bateria da Unidos de Vila Isabel fez um ensaio técnico muito bom, sob o comando de mestre Macaco Branco. Uma musicalidade pautada pela simplicidade. O ritmo tradicional da Vila exibiu uma conjunção sonora praticamente impecável da “Swingueira de Noel”, muito por conta da equalização privilegiada da bateria da escola do morro dos Macacos. Como forma de demonstrar versatilidade, por vezes a bateria da Vila realizou a subida de três simples, permitindo dinamismo sonoro quando apresentada. Vale ressaltar que a referida subida auxiliou na plena fluência entre os mais diversos naipes, principalmente na parte de trás do ritmo.
A cozinha da bateria ficou marcada pelo peso das marcações, graças a afinação particularmente grave dos surdos, característica musical praticamente identitária da bateria da Unidos de Vila Isabel. Marcadores de primeira e segunda foram consistentes durante toda a pista. Os surdos de terceira, efetuando o papel de centrador, deram balanço ao ritmo também nas convenções. As caixas de guerra retas e tocadas de modo uníssono deram base de sustentação musical aos demais naipes. Repiques coesos e ressonantes auxiliaram no preenchimento da sonoridade. Já os taróis propagaram um swing envolvente, graças a batida genuína com levada de partido alto, complementando com notória qualidade musical a bateria “Swingueira de Noel”.
A parte da frente do ritmo contou com um naipe de cuícas com qualidade sonora acima da média. O naipe de tamborins exibiu um desenho rítmico que realçou a melodia do samba, sendo executado de forma firme, limpa e chapada. O destaque rítmico da cabeça da bateria ficou com uma ala de chocalhos que agregou ao ritmo da Vila com inegável técnica musical, além de apresentar um toque perfeitamente integrado, como se fosse um só durante todo o cortejo.
A bossa do refrão do meio se aproveitou da pressão provocada pela afinação de surdos, aliada a batida de outros naipes, como tarol, caixa, repique, tamborim e chocalho. O detalhe musical fica a cargo da musicalidade propiciada pelo balanço dos surdos, se fazendo valer das diferenças de timbres entre primeira, segunda e terceira para consolidar a frase rítmica dentro da métrica do samba-enredo.
A paradinha de maior destaque musical é a da segunda no samba, a partir do trecho “Pulei fogueira”. Uma construção musical soberba, exibindo um ritmo conhecido como Galope, numa elaboração privilegiada. Acompanhando o que pede a melodia, a musicalidade ganhou uma pegada junina que empolgou tanto a comunidade da escola, como o público presente na Sapucaí. Mais uma vez o balanço e pressão dos surdos foi um diferencial, além do molho das demais peças produzindo ritmo no arranjo musical de forma consistente e sólida. A conclusão com os surdos explorando a nuance melódica do verso inicial do refrão principal “O Rei Momo convidou” apresentou refino em uma constituição que se mostrou pra lá de sofisticada.
Uma apresentação digna das tradições musicais da bateria da Vila Isabel. Mestre Macaco Branco, assim como todos os diretores e ritmistas da “Swingueira de Noel” tem motivos para ficarem contentes, além de confiantes num grande desfile na próxima semana. Uma sonoridade que se destacou pelos caminhos simples buscados, bem como pelo impacto sonoro de bossas eficientes e funcionais.