Tida como uma das principais favoritas ao título do Grupo Especial do carnaval de São Paulo em 2025, a Acadêmicos do Tucuruvi amargou um resultado que muitos acreditaram ser impossível na apuração: a 13ª colocação no pelotão – que culminou no rebaixamento para o Grupo de Acesso I. Dos nomes da agremiação, Hudson Luiz pregou principalmente respeito às coirmãs após o descenso, falou sobre o julgamento da escola e comemorou a ótima safra recente de sambas-enredo do Zaca. O CARNAVALESCO entrevistou o intérprete da escola da Zona Norte de São Paulo no evento que definiu a ordem dos desfiles dos grupos organizados pela Liga-SP em 2026.
Questionado sobre o papel do carro de som em tais alcançados, Hudson Luiz destacou que tais profissionais passaram ilesos: “Pelo regulamento, pelo manual do julgador do quesito samba-enredo de São Paulo, o carro de som em momento algum é avaliado. O que é avaliado pelo quesito em questão é o canto da comunidade – semelhante ao que acontece no quesito Harmonia. A ala musical de nenhuma escola de São Paulo é julgada e avaliada”, complementou.
De acordo com as justificativas apresentadas no site da Liga-SP, o que custou tais despontuações foram os subquesitos “acessibilidade e adequação” (nos itens “equilíbrio tonal” e “equilíbrio melódico”. Houve, também, uma anotação por conta de um suposto erro de português – no balizamento “clareza e coesão”.
O intérprete, porém, não quer revisitar tais conceitos: “Em relação aos décimos que nos foram tirados, a gente fez uma avaliação pós-carnaval e entendemos que houve um erro dos jurados. Eu, inclusive, como conhecedor do manual e como interprete que fez o curso do quesito, vi que os jurados tiveram alguns erros. Não é o momento de a gente ficar chorando as lágrimas que já passaram. É momento de levantar a cabeça, erguer e seguir em frente. O ano de 2026 vai ser de desafios ainda maiores, para que as pessoas possam tentar conquistar esse retorno ao Grupo Especial”, afirmou.
Favoritismo?
Para muitos, é natural que as duas escolas rebaixadas do Grupo Especial em um ano cheguem com certo favoritismo no Grupo de Acesso I do ano seguinte. Na visão de Hudson Luiz, entretanto, a situação não é bem assim: “Dizer que é a favorita, para mim, seria desmerecer as demais agremiações que no mesmo grupo que a gente está. A gente também tem outras agremia tão fortes quanto a gente: Mancha Verde, Nenê de Vila Matilde e outras mais que nós já temos no carnaval”, disse.
Mas é claro que há alguma expectativa para o que o Zaca pode proporcionar, na visão do intérprete: “A gente chega com um certo peso – até entre a gente mesmo, por ter que retornar ao Grupo Especial. Sabemos que temos um desafio muito grande: vencer, vamos dizer assim, as outras demais agremiações que também estão pleiteando esse título e essa vaga no Grupo Especial. Mas a Tucuruvi já sentou, já conversou, nosso gestor maior Rodrigo Delduque deu as restrições, a equipe se manteve e está pronto para mais um desafio: tentar essa vaga novamente no Grupo Especial”, afirmou.
Sambaços
Vencedor do Estrela do Carnaval 2024 (premiação organizada e concedida pelo CARNAVALESCO) de melhor samba-enredo, a agremiação tem uma discografia recente bastante elogiada pelo mundo do samba paulistano.
Hudson Luiz destacou que a qualidade das obras é um diferencial e auxilia o trabalho do intérprete e do casso de som: “Ajuda e muito! Todo almeja cantar grandes sambas na sua carreira. O resultado disso é que, nesses dois últimos anos que eu estou no Tucuruvi, foram dois grandes sambas e eu ganhei três prêmios – um em 2024 e dois cantor agora em 2025”.
Na visão do cantor, a temporada seguinte também será frutífera em relação à canção da agremiação da Serra da Cantareira no Anhembi: “A gente está com o enredo para 2026 e é mais uma pancada. Esperem que vai ser mais uma pancada. Papai do céu vai abençoar os compositores e a gente terá um grande samba para eu cantar – e, quem sabe, pegar uma Estrela do Carnaval, que está ainda faltando na minha estante”, vislumbrou.
Para o carnaval de 2026, a S.R.E.S. Lins Imperial encontra inspiração na Água. Ela, divina, símbolo de origem, memória e permanência. Em seu desenho geográfico natural, está registrada nos topônimos de duas comunidades do Complexo do Lins: Cachoeira Grande e Cachoeirinha, estreitando a relação da Lins Imperial com esse elemento sagrado. As Águas da Lins Imperial agora confluem com as Cristalinas de Cachoeiras de Macacu, uma vez que serão percorridos os trajetos que refletem a alma da criação da cidade, por meio das cosmogonias dos Bantu e dos Puri e, afluentemente, expandindo-se em práticas locais ligadas à Água, como aquelas das comunidades tradicionais, festividades populares e religiosas, além das iniciativas de preservação ambiental.
Macacu — No Caminho das Águas Cristalinas, reflete a Alma da Criação
No princípio, tudo aqui era Água. Imenso azul. Infinito cristalino. Sem Ela, Divina, reverenciada nas cosmogonias dos Bantu e dos Puri, não há origem. Ou mesmo porvir. É a Água quem risca o chão como quem escreve, na folha em branco, a vida; Escritora nossa de uma história sem fim (que nunca seca). É fluida, mutável, fértil. E por Ela, “ah, de ser eu… Água” … Da cabeça aos pés. E me curvo ao “Alcance o seu dizer. Ter água no corpo é merecer ”.
E é Nela que mergulhamos para nos descobrir. Foi assim, desse mergulho, que a nós se revelou: gestada do estado líquido, nasceu Macacu. Jorraram quedas d’Água, nossas cachoeiras. Tomaram o seu percurso os afluentes. Desaguou-se a existência, entranhando-se sob a terra — tornando-a fecunda —, beijando as margens, a partir de onde habitamos, construímos nossas histórias, partilhamos o dia a dia, organizamo-nos enquanto sociedade. Seguimos o fluxo das Águas que nos banham, emoldurado por uma natureza que veste a Serra com a presença de cedros, jatobás, ipês coloridos, quaresmeiras e pitangueiras, orquídeas e bromélias, samambaias, arbustos e plantas medicinais de todas as sortes; mas também de lontras, muriquis, jaguatiricas, gatos-do-mato, sabiás-laranjeiras, tucanos, calandrias, araçás, mariquitas e beija-flores. A vida floresce à sua volta. É a Água quem costura os dias, desenha os caminhos e nos ensina o compasso do agir.
Não há cotidiano aqui que não passe pela Água. Entendemos que viver — e não apenas existir — é acompanhar o ritmo das correntes. Da etnografia do Mar pra Dentro é só Água: a florescer a taboa, a lavar as roupas, a macerar as ervas, a regar o matumbo, a sacralizar o banho, a limpar as mãos benditas, a emergir o sustento o sustento de muitas famílias. E tudo isso sob a sentinela da Igreja de Sant’Anna, matriz da nossa cidade, erguida à margem do caminho de nossas Águas. A Água nos atravessa a todo tempo, a todo instante. E é por isso que nela mergulhamos fundo — sempre —, porque Ela que nos constitui.
Tal qual a Água, que, por sua natureza adaptável, ora é doce, ora salgada; algumas vezes lenta, outras, violenta; por vezes escura, outras, translúcida, nossas tradições, que nos marcam, também são muitas. Somos corpos que celebram a Água — nossa origem, nossa travessia, nossa permanência. Nossos batuques despertam como sinfonia o pulso das correntezas. Na procissão à Imaculada Conceição, acompanhamos o rio enquanto entoamos a Ave Maria, num cortejo que percorre o entorno das Águas, levando-nos aos domínios da Santa Sé. O balanço ritmado em ijexá reflete a devoção do povo de Santo que canta que nesta cidade todo mundo é D’Oxum — Essa que “quando pisou a terra, fez a vida tocar o mundo” . Os foliões entram nas Águas, fantasiados, pois se vestir de alegria exige mergulhar na correnteza de felicidade. No esplendor vibrante do Carnaval das Águas Cristalinas, o AfroFolia faz a lavagem das ruas purificando a cidade. Somos um rio caudaloso de cores, sons e alegria, que inunda cada esquina com energia contagiante. A vida se celebra aqui, pois a Água enche de sentido nossa existência.
As nossas Águas, numa dança de movimentos que se anuncia nas cristas da serra buscando o refúgio do oceano, cortando o horizonte que se dissolve no verde dos montes mesclado à alvorada rosa, enfrenta, no curso, desafios. No seu caminho, há muitos desvios. Surgem mãos que ferem, que desmatam, que desviam, que secam. O seu percurso sinuoso se vê interrompido por assoreamentos, estiagens, barragens. Eis o fluxo da vida em risco. Quando a Água adoece, adoecemos com ela. Quando Ela é ferida, é a nossa permanência que está em risco. Talvez não há de se romper um novo amanhã…
Mas há de haver quem novamente vigie o leito. Há de haver quem (re)plante. Há de haver os que desfaçam as barragens, possibilitando que o rio siga o seu curso. Isso só será possível se, como um dia nos ensinaram nossos ancestrais, voltarmos a divinizar a nossa Água, a vê-la como sagrada. É preciso olhar para aquilo que fazemos por Ela, e não contra Ela.
Enquanto houver jequitibás e sapucaieiras testemunhando a nossa história, haverá memória. Enquanto houver Água, haverá caminho. Enquanto houver caminho, haverá retorno. E que, ao fim de tudo, quando todo mundo se esquecer de si, será Ela — a Água — Quem nos lembrará de novo como (re)começar.
Enredistas: Kitalesi (Arnaldo César Roque) e Mateus Pranto
Carnavalescos: Agnaldo Correia e Edgley Correa
Pesquisa, texto e desenvolvimento: Kitalesi (Arnaldo César Roque) e Mateus Pranto
Agradecemos a Ekedy Lucinha Pessoa e ao Ilê Axé Omin, aos artesãos Divino Soares e Marta da Silva Lopes Soares, à professora Celeida Rocha, ao historiador Vinícius Maia, a Líbia Figueira, ao Rômulo Rolandi, a Gleidson Moraes, ao secretário de cultura Lucas Bueno e ao prefeito Rafael Miranda, pelo tempo disposto para compartilhar conosco a respeito daquilo que tanto os encantam: Cachoeiras de Macacu e as suas Águas Cristalinas, reflexo e encanto que nasce da própria natureza.
Obras consultadas
As histórias do Rio, Macacu. Disponível em: <https://youtu.be/-4s5sVR05HQ?si=D0BjvjHk5BWGQ8ls>.
Documentário Estrelas da Terra. Disponível em: <https://youtu.be/yj2fJgL_Nmo?feature=shared>.
Documentário Estrelas da Terra II. Disponível em: <https://youtu.be/8lvw2CkLIsE?si=w_KBYCDSgkXI6sCw>.
Grupo Cultural Orgulho Negro de Cachoeiras de Macacu (RJ). Há muitas mães. (documentário). Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=duhMaGTqje4>.
Guapiaçu, da nascente ao mar. Disponível em: <https://projetoguapiacu.org/wp-content/uploads/2023/02/Livro-REDAGUA_WEB.pdf>.
KRENAK, Ailton. Futuro Ancestral. Companhia das Letras, 2022.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. Companhia das Letras, 2020.
Lei do Sistema Municipal de Cultura. Disponível em: <www.cachoeirasdemacacu.rj.leg.br/banco-de-legislacoes-e-normas/legislacao-municipal/leis-ordinarias/2012/lei1920.pdf>.
NETO, João Augusto dos Reis. Pensar-Viver-Água em Oxum para (re)encantar o mundo. Revista Calundu, vol.4, n.2, Jul-Dez 2020.
Paola Odónilè. Òpárá de Òsùn: quando tudo nasce (curta). Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=G9oueZFnNB8>.
Reportagem da TV Globo sobre a comunidade tradicional Hervana, localizada em Cachoeiras de Macacu. Disponível em: <https://youtu.be/q22TcPl_oZk?si=B8IXXpj1TZ3-nnmm>.
Dentro de um regime democrático, a popularidade é movida por altos e baixos. Mas, ao contrário do pensamento estoico, nem toda vida política caminha para um final fracassado. E, atualmente, existe apenas um líder no planeta que pode reivindicar tal fama: Luiz Inácio da Silva – o ex-operário que voltou à presidência do Brasil para cumprir um terceiro mandato. Goste dele ou não, é preciso aceitar: Lula é o político mais bem-sucedido de seu tempo. A combinação de uma personalidade carismática com sensibilidade social são trunfos sublimes do homenageado da Acadêmicos de Niterói para o Carnaval 2026.
Do alto do mulungu surge a esperança: Lula, o operário do Brasil
Pelo rádio, ouve-se Luiz Gonzaga. Apesar dos chiados, Gonzagão era tão presente quanto os sanfoneiros nas festas nordestinas.
“Não há, ó gente, ó não/Luar como esse do sertão”
No agreste pernambucano, dona Lindu e seus oito filhos viviam integrados à natureza. Um deles era Luiz Inácio da Silva, o Lula. Ele e seus irmãos gostavam de brincar no reflexo prateado da lua cheia naquele chão ressecado.
A vida por lá era dura. Mas medo mesmo a família Silva tinha era das coisas do outro mundo. O que os assombrava eram as histórias de alma penada: o Papa-figo, um velho horrendo que adorava comer o fígado dos pequenos que não se comportavam; os mortos que voltavam do além… A cobra que saía escondida à noite para sugar o leite da mulher que amamentava.
Era o mundo fantástico usado para explicar o inevitável, em um lugar onde a mortalidade infantil fazia parte da realidade. Mesmo mortos, esses bebês se mantinham vivos no sentimento dos vivos. “Era preciso lutar para sobreviver ou morrer lutando”. O fato é que Luiz Inácio cresceu no momento de maior pobreza que sua mãe conheceu. Sem o pai, que foi morar em São Paulo, a lida ficou muito pior.
A diversão misturava-se com a necessidade ao brincar com os bichos que apareciam no quintal. Calangos, coelhos, preás, beija-flores e até caramujos. Com seus estilingues, acertavam os animais para assá-los em espetinhos enfileirados. A paisagem do agreste era o parque de diversões daqueles meninos, e o “brinquedo” favorito de Lula era o pé de mulungu dos arredores de sua casa. Do alto dos seus galhos, o futuro presidente do Brasil vislumbrava os dias com esperança.
No ano de 1952, o sol castigou toda a Garanhuns. A seca devastou a lavoura. A fome não perdoou. A possibilidade de sair de Pernambuco e migrar para São Paulo se tornou real. A travessia seria longa, dura, incerta. Uma viagem sem garantias, ao Deus dará. Amontoaram as coisas numa trouxa, guardaram os retratos pendurados na parede, tiraram as imagens de Santa Luzia e São José de seus altares e foram… Foram treze dias e treze noites que pareciam intermináveis num pau de arara de tábuas de madeira. A estrada que os levou para a grande metrópole brasileira foi o primeiro caminho que Luiz Inácio percorreu para tornar-se “o cara” que o mundo conhece.
Para os retirantes, São Paulo era uma espécie de terra prometida, um lugar para ser luz, a luz no fim do túnel. Era… Lula não demorou para descobrir que ali nem todos são iguais debaixo do sol.
O operário Luiz Inácio da Silva tinha uma história muito parecida com a da maioria dos centenas de milhares de “companheiros”. Depois de uma infância impiedosa, Lula, segundo as próprias palavras, ganhou a “chave do paraíso”, quando recebeu o diploma do Senai. Torneiro mecânico de verdade, profissional de papel passado, sentiu-se um artista. Aquele que transforma um disforme bloco de aço em uma “obra de arte”. Aos olhos da família, dos amigos, dos vizinhos e, principalmente, das garotas, o macacão virou motivo de orgulho.
Nos anos de chumbo, virou motivo de perseguição.
Um dos alvos dos militares ao tomar o poder foi o movimento operário. Sob a alfange do AI-5, o marechal Costa e Silva determinou que os ditos “crimes contra a segurança nacional” fossem julgados pelos próprios militares. Uma forma de prevenir qualquer ousadia reivindicatória. Mesmo com a repressão violenta e, apesar da relutância inicial, Lula entrou para a luta sindical e tomou gosto por aquela agitação permanente. Essa trajetória foi elemento importante para Lula enfrentar a tragédia da viuvez e da morte de dona Lindu.
O sindicato adquiriu então características de um lar, de guardião sentinela dos direitos da “peãozada”. O objeto das preocupações era o da maioria da população do ABC: salário. Os últimos anos da década de 70 foram tão intensos que Lula só tinha tempo para comandar uma greve atrás da outra e idealizar um novo partido político no Brasil; algo que nunca existiu no país: uma união de trabalhadores.
A liderança política de Lula marcou definitivamente a história do Brasil. Eleito deputado constituinte e presidente da República, Luiz Inácio subiu ao Palácio do Planalto após receber mais de 52 milhões de votos. Alguns dirão que ele bancou o camaleão, disfarçando de verde e amarelo sua coloração essencialmente vermelha. A tática eleitoral deu certo e trouxe para seu eleitorado setores da população que antes o encaravam com temor e preconceito. A estrela brilhou e subiu! A esperança venceu o medo!
Desde onde veio e até onde chegou, Lula havia se comprometido a ajudar os mais necessitados. E assim o fez. O Estado promoveu uma distribuição de renda ampla, conseguindo a maior redução da pobreza na história brasileira. Alunos de famílias menos favorecidas, que nunca teriam a chance de ir além do Ensino Médio, puderam contar com bolsas para ingressar no Ensino Superior. A energia elétrica passou a chegar nos lugares mais longínquos. O país saiu do mapa mundial da fome.
A pirâmide social do Brasil mudou de cara.
Empregadas domésticas, porteiros e trabalhadores braçais, praticamente toda a “ralé”, começaram a adquirir bens de consumo – até então privilégio dos “instruídos”. Para boa parte da elite, tudo isso irritava profundamente: a “subida” de funcionários aparentava que eles estavam “descendo”. Por isso que o contar do tempo para um futuro melhor parou, forçadamente. Uma era de sombras, de incertezas, de retrocessos e desmontes voltou a atrasar o desenvolvimento social da nação.
Mas ainda que todas as flores tenham sido arrancadas, uma por uma, pétala por pétala, o tempo do replantio e da primavera sempre há de chegar. E a primavera já chegou.
Ideias não se aprisionam. Nem morrem. Servem para desmascarar o patriotismo antipatriótico dos que conspiram contra a pátria. O maior legado do lulismo será sempre o enfrentamento para um novo regime de políticas públicas voltadas ao trabalhador e à redução da pobreza.
Nada do que Lula fez, ele fez sozinho. Sua liderança nasceu, cresceu e se consolidou como expressão de um andar junto. Ele faz jus e orgulha sua herança materna. Para Dona Lindu e os filhos que sabiam muito pouco, quase nada, sobre o país onde moravam, as páginas da história do Brasil registram este fruto do seu ventre: Luiz Inácio Lula da Silva.
Hoje a alegria toma posse dessa Avenida de braços dados com a esperança…
Don’t you like this?
Texto e pesquisa: Igor Ricardo Carnavalesco: Tiago Martins
Agradecimentos: Aydano André Motta, Fernando Morais (biógrafo), Nelson Breve e Ricardo Kotscho (ex-assessores), Frei Betto e Clara Ant (amigos de longa data).
Referências bibliográficas:
ANT, Clara. Quatro décadas com Lula: o poder de andar junto. Belo Horizonte: Autêntica, 2022. BETTO, Frei. Lula, um operário na presidência. São Paulo: Casa Amarela, 2002.
LULA. Luiz Inácio da Silva. A verdade vencerá: o povo sabe por que me condenam. São Paulo: Boitempo Editorial, 2019.
MORAIS, Fernando. Lula: biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2021. PARANÁ, Denise. Lula – o filho do Brasil. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2009.
A quadra da União da Ilha do Governador viveu na noite do último sábado uma explosão de emoção, brilho e reencontro. Gracyanne Barbosa foi coroada, ou melhor, recoroada, rainha de bateria da escola, para o delírio da comunidade insulana. O retorno foi celebrado como uma verdadeira festa da saudade com o futuro. Com a quadra lotada e o coração da escola pulsando em azul, vermelho e branco, Gracyanne desfilou sua realeza e foi recebida com entusiasmo por cada segmento, mostrando que sua ausência foi apenas física, no sentimento da comunidade, ela nunca deixou o posto.
“Está sendo emocionante. Eu estava com uma expectativa de pisar nessa quadra novamente, receber esse amor, esse carinho, esse respeito. E eu estou aqui devolvendo tudo isso com muita gratidão, muito amor, muita felicidade”, declarou Gracyanne, visivelmente emocionada com a receptividade.
A relação entre a musa fitness e a Ilha vai além da avenida: é uma história de entrega mútua. “A Ilha sabe o quanto eu sou presente. Faço questão de estar em todos os momentos. Acho que essa troca é importante. E tenho certeza de que é rumo ao Grupo Especial, que é onde a Ilha merece estar. Vamos fazer história”, disse ela, em tom de compromisso com a escola.
Foto: Divulgação/Grupo MAR
Gracyanne reinou na escola por três anos consecutivos e retorna agora com ainda mais maturidade e brilho no olhar. Afastada do Carnaval 2025 por sua participação no BBB, ela confessou que sentiu falta da folia: “Foi um momento muito importante da minha vida! Estava sendo especial lá dentro. Mas, no carnaval, senti muita falta de viver esse momento. E, com certeza, em 2026 vou curtir muito mais e sentir muito mais esse amor”.
Foto: Divulgação/Grupo MAR
O mestre de bateria, Marcelo Santos, que assumiu a batucada em 2019 e teve Gracyanne como sua primeira rainha, não escondeu a alegria com o retorno: “Gracyanne, hoje em dia, não é só rainha da bateria. Ela se tornou a rainha da escola. Toda a comunidade da União da Ilha está muito feliz com esse retorno. Ela entregou beleza, simpatia, samba no pé… e entregou também paixão. A comunidade da Ilha a ama. Não só a bateria, mas toda a escola vai recebê-la de braços abertos. É uma grande rainha, uma grande profissional, uma grande artista — e ela ama isso aqui. Estou muito feliz de tê-la do meu lado. A bateria da Ilha só ganha com a chegada dela”.
Mestre de bateria, Marcelo Santos. Foto: Juliana Henrik/CARNAVALESCO
Quem também celebrou o retorno foi Júnior Cabeça, diretor de carnaval da escola: “O clima que tem na quadra é como se a Gracyanne nunca tivesse saído. A recepção foi a melhor possível. A comunidade é apaixonada por ela. Ela tem um carisma muito forte com todos aqui. Foi a decisão mais assertiva do nosso patrono, junto com o presidente Ney, trazê-la de volta. Como ela mesma falou no palco, parece que nunca saiu e prometeu não sair mais. Espero que ela fique muitos anos com a gente, fazendo todo esse sucesso que faz e levando essa alegria para o público”.
Júnior Cabeça, diretor de carnaval. Foto: Juliana Henrik/CARNAVALESCO
O reinado de Gracyanne na União da Ilha renasce em grande estilo, com afeto de sobra e samba no pé, reafirmando o poder que uma verdadeira rainha tem: conquistar o coração de toda uma escola e permanecer nele.
Mais uma escola de samba de São Paulo revelou o enredo para o carnaval 2026. No último sábado, a tradicionalíssima Unidos do Peruche encheu a quadra da agremiação, na rua Samaritá, para apresentar ao universo do carnaval paulistano “Oi… esse Peruche lindo e trigueiro… terra de samba e pandeiro”, desfile que será assinado pelo experiente carnavalesco Chico Spinosa. Presente em todos os eventos relevantes para as agremiações, o CARNAVALESCO esteve no terreiro da Filial do Samba e ouviu nomes importantes da agremiação.
Embora a escola já esteja a mil por hora em relação a preparativos para o desfile de 2026, o evento deste sábado marcou uma série de apresentações da Unidos do Peruche para a própria comunidade e para o mundo do samba paulistano como um todo. Prova disso foi a apresentação de toda a diretoria e do elenco da agremiação para o carnaval de 2026, logo após uma roda de samba com ritmistas da Rolo Compressor – bateria de verde, amarelo e azul.
Mesmo sendo apresentados juntamente com os outros nomes, Daniel Vitro e Taiene Caetano, novo primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação, foram empossados de maneira oficial. Depois, uma apresentação dividida em vários atos e que contou com performances de ritmistas, de integrantes da comissão de frente e de outros segmentos se iniciou e só foi encerrada quando o carnavalesco revelou a todos os presentes qual seria a temática a ser levada ao Anhembi.
Com tudo já apresentado, a agremiação começou um show com diversos sambas-enredo clássicos da Peruche e do carnaval paulistano, como “Água Cristalina” (1985), “Filhos da Mãe Preta” (1988), “Os Sete Tronos dos Divinos Orixás” (1989), “Mamma África” (1998) e “São Paulo é Como Coração de Mãe… Sempre Cabe Mais Um” (2004). Para executar tais sucessos, mais uma apresentação: Agnaldo Amaral, novo intérprete da “Filial do Samba”, cantou tais canções e “Axé, Griô! Carlão do Peruche, o Cardeal Preto do Samba”, tema do desfile de 2025.
Enredo com história
Principal responsável pelo enredo da Unidos do Peruche e chegando na agremiação há pouco, Chico Spinosa revelou que a ideia da temática é antiga: “Quando fui convidado para a Peruche e fui para um encontro com o presidente, o Zóio, eu sentei na mesa e falei, que tinha um enredo. Ele perguntou qual era e se tinha África na temática. Eu disse que passava por lá e ele topou na hora. Eu disse que o enredo era a história do pandeiro e ele arregalou os dois olhos”, relembrou o carnavalesco, destacando o único pedido do presidente da Filial do Samba nas tratativas.
Citado pelo carnavalesco, Alessandro Lopes, popularmente conhecido como Zóio, presidente da agremiação, destacou que uma efeméride importantíssima para a história da instituição também estará envolvida no projeto: “Vamos lá contar a história dos nossos 70 anos e a do pandeiro. É uma mescla. O Chico Espinosa, nosso carnavalesco, tinha esse enredo sobre o pandeiro guardado com ele e nós temos os nossos 70 anos. Falei para ele fazer a proposta da mescla e aconteceu: veio uma proposta linda, uma proposta bacana e de fácil leitura – que é importante para todos nós e para o contexto do carnaval”, pontuou.
O principal mandatário perucheano aproveitou para destacar outro ponto importante em relação à temática: “Se você vir com o carnaval de difícil leitura é complicado, ainda mais no Grupo de Acesso II. É um enredo muito bacana, de fácil leitura e contempla os 70 anos da Peruche no final do enredo. Achei muito bacana e deu liga, a comunidade adorou”, comemorou.
Detalhes
Em entrevista à reportagem, Chico mostrou-se bastante animado com todo o desenvolvimento do enredo e as diversas possibilidades que o instrumento musical traz: “É uma história linda, que tem profundidade de samba-enredo. Contei uma historinha bem pequena para ele: encontrei em uma das esculturas de Anatolia, Cibele, uma deusa, abraçada no pandeiro. Isso data de 6 mil anos atrás. É uma coisa que a gente tem que comentar”, afirmou, citando as esculturas seljúcidas turcas que se tornaram famosas mundialmente e a deusa-mãe da mitologia romana.
Chico falou também sobre assuntos bem mais presentes no carnaval como um todo: “O pandeiro veio para o Brasil como um gringo, mas chegou aqui e encontrou a identidade dele. Na malemolência do brasileiro, desse povo trigueiro, desse povo mulato. Eu falei para o presidente que tinha uma outra coisa que ele iria gostar de ver na avenida: o pandeiro foi peça de resistência na escravidão, com a capoeira, com Chiquinha Gonzaga e também foi uma peça importantíssima para unificar a musicalidade do Brasil com o Jackson do Pandeiro: ele conseguiu colocar a música nordestina fazendo parte do cast tradicional da música brasileira”, relembrou.
Por fim, o profissional desembarcou no universo da folia de Momo: “Eu acho que é de uma importância vital a gente falar do pandeiro porque ele, como peça de resistência, na Praça Onze, chegou a ser rei. O carnaval venceu! É uma peça que pode nos fazer vencer”, vociferou o carnavalesco.
De olho no Anhembi
Perguntado sobre como tantas referências seriam exibidas no Sambódromo, Chico foi sucinto: “É uma história cronológica. Eu, na verdade, abro com a comissão-de-frente cantando com os deuses, tocando pandeiro e dançando para as divindades. No carro abre-alas, eu faço esse pandeiro enquanto gringo chegar no Brasil através da navegação. E, aí, eu passo pela musicalidade brasileira e pelos textos extremamente precisos”, confessou.
O carnavalesco voltou a trazer novas referências para a reportagem:“Por exemplo: tem um texto de 1549, da Arquidiocese da Bahia, que diz que atrás do Santo Cristo (peça que veio em um navio) tinha um cortejo de folia, zombaria e pandeiros. Isso está escrito em 1549! A gente vai passar por isso. Eu fui me apaixonando cada vez mais por essa história”, revelou.
Chico, novamente, desemboca na agremiação ao finalizar a fala: “Depois, encontrei Ary Barroso, encontrei Assis Valente, encontrei Sinval dos Santos… grandes compositores, tal qual Carmen Miranda. E Ary Barroso escreveu ‘Meu Brasil brasileiro, terra de samba e pandeiro’. Daí veio a inspiração de ‘Oi, meu Peruche é lindo e trigueiro, terra de samba e pandeiro’. Aí está feito o enredo”, destacou.
Convencimento em alta
Um dos diretores de carnaval da Unidos do Peruche, Wagner Caetano destacou que, de primeira, a proposta do enredo surpreendeu: “Em um primeiro momento, nós achamos diferente. Mas ele, ao ele expor a ideia e a concepção do que nós iríamos fazer, nós realmente tivemos a certeza que nós vamos fazer um bom carnaval, um grande carnaval, um carnaval à altura da nossa comunidade”, destacou.
Por uma fala de Chico Spinosa (“ele arregalou os olhos”), é possível depreender que também ficou surpreso com a proposta do carnavalesco, mas, como já foi elucidado, o presidente tornou-se partidário da ideia.
Trabalho em alta rotação
Mestre-sala da Unidos do Peruche na década de 1970, presidente da agremiação entre 1996 e 1998 e um dos filhos de seo Carlão, Wagner destacou que a agremiação está em dia com seus afazeres visando o desfile: “Graças a Deus nós conseguimos colocar tudo em ordem, não tem nada atrasado. Nós tivemos, no mês de abril, a eleição à presidência. Passado esse período de eleição, nós logo fechamos nossa equipe e os primeiros passos do que era necessário e pedimos ao Chico que nos apresentasse o enredo. Graças a Deus está tudo dentro do cronograma normal, não temos nada atrasado”, comemorou.
Chico deu ainda mais detalhes a respeito: “Nós temos passado no barracão todos os sábados, eu estava no processo de criação dentro da minha casa, no meu estúdio. A gente desenhou tudo lá. Agora, a gente está indo para o barracão. Hoje eu tive uma reunião na minha casa com os ferreiros. Sábado a gente começa a testar o movimento de abrir e fechar que eu quero para a comissão-de-frente. Mas já começamos a fazer roupas. Eu sou muito afoito, eu sou muito ansioso. Eu quero para ontem. Para o carnaval, isso é ótimo”, brincou.
Falando no carnavalesco…
Com cinco títulos no carnaval, sendo quatro em São Paulo (três do Grupo Especial, nos anos de 1998, 1999 e 2008; e um do Grupo de Acesso I, em 2020), todos no Vai-Vai, Chico Spinosa foi muito celebrado por Zóio: “Quando veio a aproximação por meio de um dos nossos ferreiros do barracão que também ajuda no Vai-Vai, ele aceitou essa ideia – e adorou a ideia de estar aqui no Peruche. Nós ficamos muito lisonjeados, é um orgulho ter o Chico conosco e é um prazer. Ele conseguiu trazer para nós, aqui, toda a experiência de seus quase 40 carnavais de avenida”, vaticinou.
Próximas datas
Vagnão aproveitou para destacar os próximos dias em que a peruchada estará reunida: “A partir de hoje nós já estamos entregando a sinopse. A escola está aberta, todos podem concorrer. Nós vamos receber sambas até o dia 29 de agosto. E, aí, vamos fazer uma final no dia 07 de setembro. A comissão de carnaval, junto com o carnavalesco e com a comunidade, vai escolher. Vamos fazer primeiro uma peneira e vamos levar para a final três sambas. A comunidade vai concluir essa missão com a gente”, finalizou.
A Estácio de Sá definiu às 6h da manhã a vitória da parceria de Luiz Antônio Simas, Júlio Alves, Thiago Daniel, Magrão do Estácio, Tinga, Marquinho BF, Diego Nicolau, Adolfo Konder, Totonho, Dilson Marimbas, HB, Juninho do Estácio e Cláudio Russo no concurso de samba-enredo para o Carnaval 2026. A escola levará para Sapucaí “Tata Tancredo – O Papa Negro no Terreiro do Estácio”, que será desenvolvido pelo carnavalesco Marcus Paulo, e será a quinta a desfilar no sábado de carnaval pela Série Ouro. * OUÇA AQUI O SAMBA
Fotos: Marcos Marinho e Matheus Morais/CARNAVALESCO
“É muito importante vencer, ninguém é tricampeão à toa. Essa parceria maravilhosa nos possibilitou isso. Tata Tancredo, é precursor, pioneiro, na Umbanda Omolokô, deve ser sempre saudado e a Estácio é uma escola maravilhosa. Importante também dizer que eu sou um cara que sempre tentei trazer coisas novas, palavras novas, às vezes até rebuscadas. E nesse samba eu me encontrei com a simplicidade. Macumba é macumba, parece óbvio mas é o simples que é bonito, porque é uma afirmação da nossa cultura”, apontou Claudio Russo, que citou a parte que mais gosta do samba: “Macumba é Macumba. Eu estou dando a entrevista e está cantando o refrão. Macumba é muito forte para gente, porque a religião é muito combatida e está na hora de acabar o preconceito”, comentou o compositor Claudio Russo.
O compositor Diego Nicolau também comemorou a vitória: “É um enredo maravilhoso. É tricampeão, muito feliz. Depois de Vovo Cambinda, do ano passado, agora, macumba é macumba. É o novo lema da Estácio de Sá. Muito feliz, muito feliz. Também pelos meus parceiros. O refrão, mexeu com todo mundo. Macumba é macumba, pegou. Macumba é macumba, que é o gênero de hoje o mar”.
O intérprete Tinga, da Vila Isabel, também assina como compositor no samba da Estácio para 2026, e celebrou mais uma vitória na escola. “É maravilhoso vencer! A Estácio é uma grande escola de samba. É uma escola que faz questão de escolher seu samba. A gente fica muito feliz cada vez que a gente ganha um samba em uma escola que a gente ama de coração. O importante é ajudar o Estácio a voltar para o seu lugar, que é no Grupo Especial. “O enredo é maravilhoso e ajuda a gente a fazer um grande samba. Macumba é macumba, né? Feliz demais! Tenho certeza que a Estácio vai ser sucesso em 26 com esse samba na avenida. Essa foi a sétima, salvo engano, vez que ganho samba na Estácio de Sá”.
Estácio terá nova rainha de bateria
O presidente da Estácio, Edson Marinho, conversou com o CARNAVALESCO, fez um balanço do desfile de 2025 e contou o que está preparando para 2026. Ele revelou que Tati Minerato não segue como rainha de bateria e que a nova será anunciada nos próximos dias, com a festa de coroação ainda em agosto.
Presidente da Estácio, Edson Marinho
“O que pode se esperar é um grande carnaval, tivemos uma felicidade de ter mais um grande enredo, falar de Tata Tancredo, e a escola já está trabalhando para o sucesso. Podem esperar. Sem desmerecer as coirmãs, a escola vai vir daquele jeito. Muito honestamente falando, achamos que não faltou nada em 2025. Na nossa concepção, nós fizemos um grande desfile como falado até pela mídia. Um grande pesquisador de carnaval, comentarista, deu a escola como uma das melhores, ou a melhor que desfilou. Claro que estamos trabalhando para vir melhor do que fizemos. Cada ano a gente tem que estar se superando cada vez mais, e estamos trabalhando para fazer um grande desfile”.
Marinho também respondeu sobre a dificuldade em fazer carnaval na Série Ouro. “A questão financeira é uma desproporção muito grande de um grupo para o outro, mas a gente tem que fazer com o que tem. Estar bem administrado, organizado, com a ajuda de um amigo ou outro, trabalhando, a gente consegue fazer, conforme fizemos, e o nosso entendimento não faltou nada para a gente ano passado. Com toda dificuldade, mesmo com a dívida que ficou, a gente fez um carnaval lindo, respeitoso, porém um carnaval grandioso, conforme Estácio, que é uma escola grandiosa. E em 2026 não vai ser diferente, os protótipos das fantasias já estão prontos, vamos fazer o lançamento agora dia 22 de agosto, e estamos trabalhando com mais vontade até do que em 2025 para fazer melhor, muito melhor do que foi feito”.
‘Procuro dar a liguaguem do povo do samba na sinopse’, diz Marcus Paulo
Em entrevista ao CARNAVALESCO, Marcus Paulo contou como surgiu a ideia do enredo para o Carnaval 2026. “Era uma ideia já da escola. O presidente Edison Marinho, que é um grande amigo, fala muito nesse enredo e era uma ideia minha também. O Tata Tancredo da Silva Pinto é pouco conhecido do grande público. Já era uma vontade minha e percebi que era uma grande vontade do presidente também. Esse enredo já estava na gaveta sendo maturado, a pesquisa sempre aumentando, sempre entrando uma coisa ali outra aqui. Meus enredos nunca são de um ano para o outro. Eles vêm de uma pesquisa longa. Quero trazer para a Marquês de Sapucaí esse conhecimento de Tata Tancredo para uma linguagem popular, que o público conheça mais a história desse grande homem”.
Carnavalesco Marcus Paulo
O carnavalesco falou sobre o processo de produção do desfile de 2026. “Terminamos os protótipos das fantasias. Foi um mês e meio de protótipos, vamos fotografar na segunda-feira para o book da escola. São quatro alas comerciais que divulgam para a venda. O barracão está começando dia 15 de agosto. Termos uma festa fechada no dia 22 de agosto para apresentar para a diretoria e os segmentos da escola. O samba, diferente da sinopse, não precisa ser setorizado. O compositor não precisa pegar a sinopse e versar essa sinopse. Assim perde o encanto, perde a poesia. Procuro dar a liguaguem do povo do samba na sinopse. E não trazer um artigo de academia como uma sinopse. O Tata Tancredo se apaixonou pelos cortejos coloridos, pelos blocos, que seus familiares fundavam esses blocos, em Cantagalo, quando ele era criança. Daí, ele despertou a paixão pelo samba e, só depois dessa paixão pelo samba, é que ele vai para espiritualidade”.
‘Medalha de Ouro’ carrega o Estrela do Carnaval 2025
Comandante da bateria “Medalha de Ouro”, mestre Chuvisco conversou com o CARNAVALESCO sobre o trabalho de 2025, que rendeu o prêmio ESTRELA DO CARNAVAL, de melhor bateria da Série Ouro, e contou o planejamento para o desfile de 2026.
“A análise do nosso último desfile foi a melhor possível. Temos a certeza de que fizemos um belíssimo desfile, tanto em termos de bateria quanto de escola também. A gente fez o desfile para ser campeão no Carnaval, mas infelizmente não conseguimos mais uma vez. Estamos trabalhando muito para chegar a nossa hora de voltar ao Clube Especial. Acho que a cada ano a gente tem que estar buscando se superar. Não é nem superar uma outra bateria adversária, mas superar a gente mesmo, porque fica cada vez mais difícil, cada vez o sarrafo mais alto, tanto da nossa parte quanto da parte de outras baterias também”, disse o mestre, que completou sobre 2026.
Mestre Chuvisco
“Estamos pensando em algumas coisas diferentes sim, mas, por enquanto, tá só guardado para a gente. Vamos esperar o samba ser escolhido para começar a trabalhar em conjunto com a direção de bateria. E começar a montar tudo oficialmente para a avenida. Vamos explorar a origem do nosso enredo que é ancestral”.
Mestre Chuvisco falou também do entrosamento da bateria com os cantores oficiais da Estácio. “O Serginho do Porto já está aqui com a gente há muito tempo, já temos uma identificação muito grande. E o Tiganá chegou e também foi muito rápido o entrosamento dele com ritmistas e diretores. Ele está o tempo todo buscando estar junto com a gente, e isso facilita muito o nosso trabalho em conjunto, que é o da bateria com o carro de som”.
Foco é o Grupo Especial
Em plena sintonia, a dupla de intérpretes da Estácio, formada por Serginho do Porto e Tiganá, está muito bem alinhada.
“Estamos muito satisfeitos com o carnaval 2025. Por pouco a gente conseguiu alcançar nosso objetivo. Entrosamento com o Serginho é fácil, porque eu já era fã dele já. Eu aprendi com ele. Quando criança eu já vi eles cantando, ele, Jackson Martins, Wantuir, Pixulé, Wander Pires, quer dizer, foi fácil observar. E agora a gente é um só. A nossa parceria é o seguinte: aqui não tem vaidade, aqui é a Estácio. Em 2026, a gente vai chegar, porque estamos batendo na porta há muito tempo. Já está na hora! A Estácio merece estar no Grupo Especial. E em 2026 vamos brigar pelo título”, prometeu Tiganá.
Intérpretes Serginho do Porto e Tiganá
“Hoje a gente se despede do Carnaval 2025. Já estamos aqui na porta do Carnaval 2026, escolhendo samba. Sabemos que segundo, terceiro, quarto lugar, é todo mundo último. Só sobe uma escola. Estou aqui há 26 anos. Com a bateria, a gente se fala no olhar. É fácil trabalhar com o mestre Viscoso e a bateria ‘Medalha de Ouro’. As coisas estão acontecendo, não só comigo e com Tiganá, mas com todo o carro de som. Isso só beneficia a escola. Não tem vaidade. Carnaval não pode ter vaidade. O nosso trabalho vai ser árduo, mas com muita vontade de voltar ao Especial. Para que a Estácio lá esteja no seu centenário”, contou Serginho.
Casal projeta dança tradicional
Vencedores do prêmio ESTRELA DO CARNAVAL 2025, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Feliciano e Raphaela, conversaram com o CARNAVALESCO sobre o trabalho de 2025.
“Foi minha estreia na escola, mas como sambista e apaixonada pelo carnaval, eu fiquei muito feliz de ver e poder ter participado nessa crescente que a Estácio se encontra no momento. Veio de um terceiro lugar em 2024, em 2025 conseguiu o vice-campeonato e a nossa expectativa, empenho e trabalho é para que venha, enfim, o tão sonhado título. A gente está muito confiante, tem um enredo muito emblemático e significativo para a escola e eu acho que de grande impacto social. Estamos em um momento constante de reafirmação da nossa história, identidade, cultura, não só falando como agremiação Estácio de Sá, mas como o samba como um todo, e tudo que envolve a origem dessa festa tão grande. Vamos trabalhar o máximo, nos empelhar para conseguir ajudar a escola a trazer esse título que a gente merece”, disse a porta-bandeira.
Feliciano e Raphaela, casal da Estácio
“A Estácio, vem em uma crescente, desde o Vovó Cambinda (2024), a gente vem nessa trilogia, Vovó Cambinda, a Amazônia, e agora é o fato de falar de alguém do nosso meio, um dos fundadores da nossa escola, tão importante para cultura e para política do nosso país. Creio que vai ser um desfile muito emocionante porque a Estácio tem isso, quando ela puxa histórias, fundamentos da nossa própria raiz, tem uma emoção diferente, tem um calor diferente. Estou vendo os quesitos trabalhando, o canto, a bateria, a gente já começou a ensaiar, e está sendo muito prazeroso, todo esse processo, desde o primeiro momento que lançou o enredo. Hoje é um dia muito especial para a Estácio. A gente precisa do samba para poder construir um trabalho, fazer uma coreografia em cima dele, e a escola também, para se organizar e cada vez mais estar afiada para o grande dia”, completou o mestre-sala.
A dupla citou a fantasia para o desfile de 2026 e como está o trabalho. “Ver a fantasia traz essa ansiedade, e eu faço questão de dar palpite, o Marquinhos (Marcus Paulo, carnavalesco), ele é um cara muito compreensivo em relação a isso. Ele dá total liberdade da gente estar falando sobre o desenho. Essa semana a gente traz novidades para vocês e se tratando de Marquinhos, eu creio que vai ser um belo trabalho. Eu ainda nem parei para conversar muito sobre coreografia com a Rapha, mas eu creio que a nossa arte é composta de tanta ancestralidade e é um enredo muito ancestral, que é melhor vir com o tradicional, um arroz com feijão bem temperado, claro, com alguns elementos”, contou Feliciano.
“O Marquinhos já tinha agendado uma reunião conosco para poder apresentar o figurino, mas a gente está com uma rotina bem apertada, trabalhos, ensaios, preparação para o próximo desfile, infelizmente, tivemos que desmarcar. Desde então eu estou sonhando todo dia com o figurino, estou muito ansiosa sim, mas no sentido de saber o que é, porque eu estou bem tranquila com relação ao que vai ser proposto. Eu acho que quando a gente escolhe um samba, apesar de já ter tido a escolha do enredo e tudo mais, como o Feliciano falou, acho que é o pontapé inicial. É claro que quando a gente tem um samba que inspire nossa criatividade para poder elaborar uma apresentação bonita e a altura do que a escola merece, melhor”, citou Raphaela.
Diretor de carnaval da Estácio, Edvaldo Fonseca, fez um balanço da apresentação deste ano. “O desfile de 2025 pra gente foi fantástico. A gente teve muito mais acerto do que erro. Achamos um segundo lugar, mas tudo bem, a gente já diferenciou que fazer um grande carnaval é uma coisa, ser campeão do carnaval é outra totalmente diferente. Fizemos um grande carnaval, todos os segmentos, não é só a direção de carnaval, todos, absolutamente todos os segmentos têm a consciência de que a gente fez um belíssimo trabalho”.
Diretor de carnaval da Estácio, Edvaldo Fonseca
O diretor falou também sobre o que melhorar para 2026, ter o samba escolhido no início de agosto e a previsão do início dos ensaios de rua.
“A gente acertou mais do que errou. Tdos os segmentos foram muito bem, nossos quesitos foram muito bem. Bateria, comissão de frente, casal, a gente gabaritou em absolutamente tudo. Perdemos alguma coisa em alegoria, então vamos focar em alegoria e adereços para ver se precisa melhorar em alguma coisa, porque sempre tem o que melhorar. Mas o trabalho foi feito, foi muito bem feito. Ter o samba cedo já é um modelo que a gente vem adotando e as coirmãs já vem copiando, que quanto mais cedo a gente escolhe, mais tempo a gente tem pra trabalhar canto, quadra, segmento, ajustes se for preciso fazer, só tem vantagem de escolher cedo. Muito provavelmente a gente deve começar nosso ensaio de quadra para início de outubro. A gente vai agora para esse mês de agosto já com os protótipos, vamos fazer uma festa de protótipos, festa de aniversário da escola, provavelmente, início ou meados de outubro a gente já vai começar nosso ensaio de canto na quadra e na rua”.
Veja como foram as apresentações das parcerias na final
Parceria de Alexandre Naval: Com uma torcida animada, com bandeiras em vermelho e branco e cantando forte o samba, a primeira parceria a se apresentar na noite foi a de Alexandre Naval, com Ito Melodia e Tem-Tem Jr. à frente dos microfones principais, defendendo bem o samba concorrente com uma apresentação também bastante animada. A letra do samba tem como destaque os refrões bem cantados e empolgantes, especialmente o refrão final: “ELE É GENERAL DA BANDA DE ARUANDA, SARAVÁ!/ELE É GENERAL DA BANDA DE ARUANDA, SARAVÁ!/PAPA NEGRO DA UMBANDA,/MENSAGEIRO DE IFÁ/VAI TER XIRÊ NO ILÊ DA ESTÁCIO DE SÁ”, assim como a primeira parte do samba, com uma letra e melodia bem animadas, destacando a subida para o refrão do meio: “MEU SAMBA DE CABOCLO É RITUAL/FEITO CARNAVAL…/É FÉ QUE ‘ALASTRA’ (ALASTRA)”.
Parceria de Luiz Antonio Simas: Com Tinga como intérprete principal, a parceria de Luiz Antonio Simas teve uma apresentação muito forte, com participação intensa da torcida e de outros componentes que cantaram bem o samba durante toda a apresentação. O samba é bastante animado, com boa melodia e letra, destacando-se o refrão do meio: “ATABAQUES NO TERREIRO, NA PORTEIRA O GUARDIÃO/UMA VELA NO CRUZEIRO, DUAS VELAS PRO LEÃO/CHEGOU GENERAL DA BANDA, AZEITADO NO DENDÊ/NA CANGIRA GALÔ CANTA, CANTAGALO EU QUERO VER”, que, assim como o refrão final, chama a atenção e tem boa explosão. Também merece destaque o início da primeira parte do samba: “OH, TATA!/TRAZ A GUIA DE MIÇANGA/PRA QUEM É DA NOSSA BANDA/A DEMANDA ENFRENTAR”, evocando Tata Tancredo antes de remeter aos tempos em que ele viveu.
Parceria de Moisés Santiago: Charles Silva comandou o microfone durante a apresentação da parceria de Moisés Santiago. A torcida do samba veio com muitos balões, cantando bem os versos da obra, que é bastante fluida. O destaque vai para o refrão: “Ao preto o que é do preto/Pois o samba vem do gueto/É herança quilombola/Toda história tem prefácio/Resistir é ser Estácio/Fundamento das escolas”, que tem uma construção de letra e melodia marcante e foi cantado por componentes além da torcida. Também se destaca a subida que antecede esse refrão: “Patacori Ogum!/General da sua banda/Kaô, a justiça é de Aruanda/Xangô! Salve o povo de Umbanda”, que prepara bem para o trecho seguinte.
Parceria de Diego Nogueira: A parceria de Diego Nogueira trouxe Dowglas Diniz como cantor principal, que realizou uma boa apresentação da obra que encerrou a disputa na Estácio. Mesmo com algumas repetições na segunda parte, o samba teve como destaque a subida: “COROADO PELO BRILHO DA HISTÓRIA, MANTIDO DE PÉ/É FESTA NO ORUM,/DE EXU A OXALÁ/ALAFIOU, ORUNMILÁ!”, antes do refrão final, sendo bem cantado pela torcida da parceria, assim como o refrão do meio, também bastante entoado pelos presentes.
Na tarde desta sexta-feira, a Liga RJ oficializou a renovação pelo quinto ano seguido com o produtor musical Macaco Branco, que seguirá à frente da direção e produção do álbum da Série Ouro para o Carnaval 2026. O encontro que selou o acordo aconteceu na sede da entidade, localizada no Centro do Rio de Janeiro, e contou com a presença do presidente Hugo Junior e da diretora de carnaval Carla Brito.
Para Macaco Branco, a renovação representa não só o reconhecimento do trabalho realizado, mas também uma responsabilidade ainda maior com a produção musical do carnaval. Ele celebrou o novo ciclo e se mostrou motivado com o desafio de seguir elevando o nível do projeto.
“É um prazer imenso estar direcionando e produzindo, pelo quinto ano consecutivo, o álbum da Série Ouro. Agradeço ao presidente Hugo Junior pela confiança no meu trabalho. Que seja mais um ano de um álbum lindo e de grandes sambas. Que possamos fazer um grande trabalho e que esses sambas consigam elevar a nossa cultura para todos os lugares do mundo, como algo tão positivo e brilhante quanto a nossa festa”, declarou Macaco Branco.
Hugo Junior, presidente da Liga RJ, também destacou a importância da continuidade da parceria, elogiando a consistência e o impacto positivo do trabalho de Macaco Branco ao longo dos últimos carnavais. Segundo ele, o álbum da Série Ouro já se tornou uma referência de qualidade, tanto para os profissionais do setor quanto para os amantes do samba.
“Estamos muito felizes com a continuidade do trabalho do Macaco Branco à frente da produção do nosso álbum. A cada ano, ele se consolida como sinônimo de qualidade. O álbum da Série Ouro tem agradado à crítica, às escolas e, principalmente, aos fãs de carnaval. Temos plena confiança no talento e na dedicação do Macaco, que tem feito um trabalho brilhante”, afirmou Hugo Junior.
A produção do novo álbum está prevista para começar em outubro e irá reunir os sambas que serão apresentados nos desfiles da Série Ouro de 2026, marcados para os dias 13 e 14 de fevereiro, na Marquês de Sapucaí.
Na noite da última quinta-feira, a Portela inaugurou a sala de ensaios Vilma Nascimento, no barracão da escola. Com o nome de Palco Vivo de Ensaios Vilma Nascimento, o espaço será dedicado ao aprimoramento artístico dos casais de Mestre-sala e Porta-bandeira, da Comissão de Frente e da Direção Artística da agremiação.
A inauguração contou com a presença de familiares de Vilma Nascimento, dos casais de Mestre-sala e Porta-bandeira da escola, do coreógrafo da Comissão de Frente e da Direção Artística da Portela.
Para o Presidente da escola, Junior Escafura, a iniciativa representa tanto um avanço estrutural quanto merecido para o elenco da escola.
“Estamos oferecendo estrutura e suporte para os nossos quesitos e o corpo artístico da Portela. Aproveitamos o espaço para fazer essa linda e justa homenagem a Tia Vilma, que é uma das maiores Porta-bandeiras da história do Carnaval e a maior da história da Portela”, afirma Escafura.
Com a nova sala, a Portela reforça a preparação técnica dos segmentos rumo ao Carnaval de 2026.
A Unidos de Padre Miguel anunciou uma importante novidade para os compositores que disputarão o samba-enredo do Carnaval 2026. Além da tradicional premiação em dinheiro para a parceria campeã, a escola decidiu abrir mão integralmente da sua parte nos direitos autorais da obra vencedora. Com isso, os autores do samba escolhido terão direito a 100% dos rendimentos autorais gerados pela música.
A iniciativa reforça o compromisso da escola com a valorização da arte do samba e o reconhecimento da importância dos compositores no processo criativo do carnaval.
De acordo com a direção da escola, a decisão busca estimular ainda mais a qualidade das composições e reconhecer o talento dos artistas que constroem o desfile. Abrir mão dos direitos autorais é uma forma de retribuição ao trabalho essencial dos compositores.
A entrega dos sambas concorrentes está marcada para o dia 09 de agosto, na quadra da escola, localizada na Vila Vintém.