Tricampeão do Grupo Especial do Rio de Janeiro, o carnavalesco Leandro Vieira publicou nas redes sociais sua opinião sobre a temática afro nos enredos para o Carnaval de 2025. O artista, que está na Imperatriz Leopoldinense, apresentará no ano que vem o enredo “ÓMI TÚTÚ AO OLÚFON- Água fresca para o Senhor de Ifón”. Veja abaixo o posicionamento de Leandro Vieira.

Foto: Divulgação/Imperatriz

“Geral sabe que, em nosso país, há uma tendência que generaliza não só o corpo negro, mas também, aspectos da cultura negra. Pra mim, é este equívoco que determina a visão de parte da turma sobre a safra de enredos que alguns estão chamando de “monotemática”.

Toda vez que leio essa parada, lembro do Milton Nascimento dizer em entrevistas sobre sempre ter sido confundido com o Djavan. Anos depois, vi a atriz Elisa Lucinda falar que, ainda hoje, é confundida com a Zezé Motta. E que o mesmo é recorrente com outros artistas pretos.

Na fala, Elisa expõe de onde parte esse olhar que invisibiliza às diferenças e os danos que resultam de, no Brasil, a turma achar que “tudo que é preto é igual”. Penso que a “queixa” de “muitos enredos afro” no carnaval que virá parte daí: De um pré-conceito que generaliza.

Nos enredos, Oxalá não é o Logun Edé. O candomblé da Casa Branca não é a devoção ao Malunguinho. O preto mineiro da Portela passa longe do negro sambista de Nilópolis. Pensar que tudo é igual, é como olhar pro Milton e errar dizendo ser o Djavan. Ver a Elisa e pensar na Zezé.

Olho a safra (e a discussão sobre ela) pensando que a variedade temática “afro” porvir oferece uma condição raríssima de cidadania e educação pro povo brasileiro: A de, ao acompanhar os enredos das Escolas de Samba, se informar pra enterrar a ideia de que preto é tudo igual”.